GP da Austrália: caos geral fez corrida da F1 deixar de ser morna
Caótico GP da Austrália agitou não só a madrugada brasileira como também o grid mais importante do automobilismo mundial
Só existe uma coisa boa e outra ruim sobre trabalhar com Fórmula 1. O lado bom é que você é obrigado a assistir todas as corridas da temporada — algo incrível para quem ama a categoria. Mas o lado ruim, por mais estranho que isso possa parecer, também é que você é obrigado a assistir todas as corridas da temporada.
Vejam bem… é lindo poder viver de comentar corridas, mas o que ninguém te fala é que, pelo menos umas quatro vezes por ano, você também vai ter que ficar acordado até 4 horas da manhã se perguntando quantas bandeiras vermelhas mais serão agitadas para acabar com as suas horas de sono.
E não só isso, às vezes esses sofridos GPs corujões ocorrem em circuitos que muito pouco têm a oferecer aos telespectadores em termos de entretenimento.
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O GP da Austrália, por exemplo, é uma corrida que tradicionalmente tinha como único atrativo ser a disputa inaugural da temporada. Isso trazia para ela uma expectativa diferente de fãs sedentos por qualquer barulho de motor depois de meses sem carros correndo em círculos na TV.
E não há nenhum problema nisso. Mas recentemente outras duas corridas tomaram o espaço das primeiras disputas do ano, o que gerou em mim a preocupação de terem tirado da Austrália o atrativo que mais ajudava ela: as baixas expectativas de quem a assistia.
Apesar disso, a nossa sorte é que a graça de qualquer esporte está na imprevisibilidade, e nesse quesito a Fórmula 1 entregou com sobras lá na terra dos cangurus nesse ano de 2023.
O que vimos foi uma corrida que tem tudo para entrar com certa tranquilidade no panteão dos episódios mais caóticos da história do automobilismo. Ainda assim, como quase tudo na vida, não é nada que não possa ser explicado com um pouco de ciência.
Certo dia um meteorologista americano descobriu, por meio de simulações computadorizadas sobre o movimento de massas de ar, que pequenos acontecimentos podem alterar grandemente o destino de determinados eventos.
O nome dele era Edward Lorenz e um de seus simples testes na década de 1960 gerou aquilo que hoje recebe o nome de teoria do caos - ou efeito borboleta, para os mais íntimos. Para resumir a ideia, Lorenz disse que era como se “o bater das asas de uma borboleta no Brasil causasse, tempos depois, um tornado no Texas”.
Seguindo essa lógica, é difícil dizer ao certo qual borboleta foi a culpada pelo tornado automobilístico que aconteceu na Austrália em 2023. Seria o mexicano Checo Pérez, que bateu logo no início do treino qualificatório e criou um atrativo aleatório para a corrida ao largar de P20?
Seriam as duas Mercedes, que impressionantemente apresentaram um ritmo melhor que o da Aston Martin e conseguiram largar de boas posições de pista?
Seria o dominante Max Verstappen, que perdeu logo na largada sua liderança para as duas Mercedes e gerou uma insegurança sobre uma vitória que deveria ser garantida?
Complicado de cravar, até porque, fora isso tudo, ainda temos os causadores de bandeiras amarelas Russell e Leclerc, e os causadores de bandeiras vermelhas Magnussen, Albon e Gasly. Isso para não entrarmos no mérito da loucura que também foram as corridas preliminares das Fórmulas 2 e 3, categorias de base da atração principal.
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Fato é que, independentemente de quem começou tudo, a Fórmula 1 já provou em diversas ocasiões que a teoria do caos é real, e um único vacilo de um piloto pode gerar uma série bizarra de acontecimentos capaz de colocar nos livros de história uma corrida que tinha tudo para ser morna.
Para alegria geral dos fãs de Fórmula 1, aparentemente grande parte dos pilotos que se aventuraram em Melbourne neste ano se esqueceram de como pilotar decentemente um carro de monoposto. Acontece nas melhores famílias.
Felizmente ninguém saiu de lá gravemente ferido e nós ainda saímos dessa sofrida madrugada com uma corrida para nos lembrarmos por muito tempo.
Foto: Divulgação/F1
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
Caio Diniz é relações públicas e ama todo tipo de esporte. É host do podcast Cronômetro Zerado, espaço no qual aborda a Fórmula 1 sempre de maneira leve e bem humorada.
Instagram: @cronometrozerado
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