O jogo virou? Fiat brasileira ditará os rumos da marca na Europa

Sucesso de Strada, Pulse e Fastback fez a Fiat global olhar para os produtos nacionais

Renan Rodrigues
Por
30.06.2024 às 19:10

À Fiat sempre foi renegado o papel de sucesso na Europa, ao menos se considerarmos as últimas décadas. A prova vem de 2018, ainda antes da criação da Stellantis, quando o festejado chefão da Fiat Chrysler (FCA), Sergio Marchionne, revelou que desistiria da marca na Europa.

“Não vou investir em uma marca e modelos que o consumidor europeu não quer mais. Na Europa a Fiat será uma marca de nicho de elétricos e seguirá com volumes maiores somente na América do Sul”.

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O plano foi seguido. A Fiat do Brasil criou o Argo para suceder de uma vez só Palio, Punto e Bravo, além do Cronos, feito na Argentina, para matar o Siena. Só que não parou por aí. Houve o sucesso estrondoso da Toro. Os três criados antes das falas de Marchionne.

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Enquanto isso, na Europa, a Fiat aos poucos passou a vender somente carros compactos, todos híbridos leves e elétricos, tendo o 500e como carro chefe. Aliás, o plano deu tão errado que a marca voltou atrás e terá um novo 500, agora híbrido.

Só que a Fiat foi além dos três carros já citados. Após a declaração, a filial brasileira apresentou Pulse, Fastback e nova geração da Strada. Encabeçando a Stellantis no Brasil, a expertise local da marca ainda fez nascer Jeep Commander e Ram Rampage.

Todos os citados como projetos desenvolvidos no Brasil e todos são sucesso de vendas em seus respectivos segmentos. O resultado? O Brasil é responsável por 36% do total de emplacamentos globais da Fiat. Algo precisava ser feito.

Plano global

Em 2023, a Fiat revelou que iria unificar as linhas da Europa e Brasil. Desde então, imaginava-se o padrão quando uma fabricante anuncia algo similar: os modelos europeus serão adaptados para o mercado nacional.

No entanto, um ano depois, a Fiat mostrou quatro conceitos. Um hatch compacto, dois SUVs e uma picape compacta, todos com design inovador, bem diferente dos modelos atuais. O que não esperávamos é que esses projetos seriam baseados nos produtos que são sucesso no Brasil.

A confirmação vem da fala de Olivier François, CEO Global da Fiat, que ao revelar os conceitos afirmou: “No futuro, a Fiat está certa de que este tipo de veículo pode replicar o seu sucesso a nível global, mesmo na Europa”, falando especificamente da picape e do seu desempenho em vendas no Brasil.

É bem verdade que para isso acontecer a Fiat precisou acessar uma plataforma mais moderna, no caso a CMP do Grupo PSA. Dessa forma, os projetos serão baseados na mesma plataforma. O primeiro deles será o sucessor do Argo para o Brasil e o Grande Panda para Europa.

Em seguida, teremos a nova geração da Strada, que abandonará a plataforma derivada do Mobi. Nos anos seguintes, Pulse e Fastback ganharão novas gerações, ambos baseados no Citroën C3 Aircross, mas cada um com seu estilo.

Todos esses citados serão oferecidos na Europa, possivelmente em versões elétricas e com outros nomes, mas todos compartilhando o projeto de desenvolvimento.

Como a Fiat chegou a esse ponto

A Fiat sempre foi uma marca voltada para produtos populares, inclusive no Brasil, onde fez muito sucesso com Uno e Palio. No entanto, as coisas começaram a mudar com a criação da FCA.

Não que a Fiat tenha abandonado o segmento de entrada, mas teve acesso a uma plataforma melhor, a Small Wide 4x4 que é usada na Toro – que curiosamente é derivada da plataforma SCCS do Grand Punto, vendido na Europa e distinto do Punto nacional, produzida em parceria com a General Motors.

Com o sucesso dos produtos da Jeep, o grupo passou a ter dinheiro para investimentos e criar soluções locais, como os já citados Toro, Commander e Rampage. Afinal, já não era preciso socorrer a matriz italiana com os lucros nacionais.

O grande salto tecnológico será feito agora, graças a criação da Stellantis e o acesso a uma plataforma modular capaz de ser utilizada em carros híbridos e elétricos. Neste caso, a evolução da CMP, a STLA Smart.  Dessa forma, a Fiat, que de tanta autonomia é praticamente uma marca brasileira, ditará o futuro da empresa até mesmo na Itália, onde nasceu.

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Prefere os hatches com vocação esportiva, ainda que com um Renegade na garagem. Formado em jornalismo na Fiam-Faam, há 10 anos trabalha no setor automotivo com passagens pelo pioneiro Carsale, além de Webmotors e KBB.

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