Por que a Caoa Chery fracassou com sedans apesar do sucesso dos seus SUVs
Arrizo 5 e Arrizo 6 não tiveram o sucesso comercial esperado pela marca
Com operação no Brasil desde 2017 como Caoa Chery, a marca sino-brasileira vem trazendo vários modelos de sucesso para o país, inclusive de produção nacional e dominado pelos SUVs da família Tiggo. Em contrapartida, a empresa nunca obteve grande sucesso em um outro segmento importante: o de sedans. Mas por que a Caoa Chery fracassou nesse mercado?
Arrizo 5
Para entender, devemos voltar no tempo. Em 2018, a Caoa Chery lançava seu primeiro sedan no mercado nacional, o Arrizo 5, modelo de porte compacto-médio que brigava no mercado com Volkswagen Virtus, Honda City e Toyota Yaris, além das versões mais equipadas do Hyundai HB20S. Seu apelo era o motor 1.5 turbo de 150 cv com câmbio CVT, além do pacote de equipamentos interessante para a época.
Seu desenho era até bem resolvido, enquanto seu espaço interno era uma das referências no segmento, brigando nesse sentido diretamente com o Virtus. Mas a dirigibilidade pouco acertada, caracterizada pela suspensão molenga demais, e o pouco sucesso comercial fizeram o Arrizo 5 ter vida curta no país - tanto que durou somente até o final de 2021 apenas. O sedan chegou a ter uma versão elétrica, que também foi um fracasso de vendas. No entanto, o seu fraco desempenho no mercado brasileiro também pode ser atribuído à concorrência de outro sedan da própria Caoa Chery: o Arrizo 6.
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Arrizo 6
Em outubro de 2021 era lançado no mercado brasileiro o Caoa Chery Arrizo 6, um sedan médio que brigava diretamente com Honda Civic (ainda feito no Brasil naquele ano), Chevrolet Cruze e o líder do segmento, Toyota Corolla. Como adiantamos no parágrafo anterior, o sucesso de vendas inicial do Arrizo 6 foi uma das causas para o Arrizo 5 não ter dado certo, situação revelada em 2021 pelo então presidente da marca, Marcio Alfonso, atualmente chefe da engenharia da GWM Brasil.
No entanto, o sucesso do Arrizo 6 e, mais tarde, da versão Arrizo 6 Pro foram fogo de palha, já que o melhor ano foi mesmo o de lançamento. Em 2021, foram emplacadas nada menos do que 3.469 unidades, segundo o levantamento da Fenabrave (associação de concessionários) - número que chegou a superar as vendas do Volkswagen Jetta (2.927), que ainda era vendido em versões equipadas com o motor 1.4 TSI. Mas, de lá para cá, os números de emplacamentos foram caindo, chegando a apenas 1.456 carros vendidos em 2022 e abaixo de 1.000 unidades em 2023.
Em 2024, a situação para o sedan médio da Caoa Chery é ainda mais complicada, pois foram apenas 25 carros vendidos em todo o ano, considerando o volume acumulado até novembro. Para efeito de comparação, o líder Toyota Corolla vendeu já mais de 34.000 carros, enquanto o vice Nissan Sentra emplacou 5.362 unidades.
Mercado
Vale dizer que as condições de mercado tanto para o Arrizo 5 quanto para o Arrizo 6 nunca foram propícias para o sucesso deles. No caso do sedan menor, quando ele teve seu primeiro ano cheio de vendas (2019), o segmento tinha rivais estabelecidos como o VW Virtus, Toyota Yaris Sedan e o Chevrolet Onix, isso na faixa de preço mais elevada. Esse ano também foi o melhor período de vendas do Arrizo 5, com apenas 2.404 unidades contra 48.876 do Virtus, líder entre os sedans compactos-médios mais caros.
Já o Arrizo 6 tinha como rival um dos maiores casos de sucesso comercial do Brasil (e do mundo): o Toyota Corolla, modelo tão consagrado que nem o bem acertado Honda Civic de 10ª geração conseguiu bater nas vendas. Mesmo em seu melhor ano comercial, em 2021, o Caoa Chery Arrizo 6 não foi capaz de superar nem o terceiro colocado Chevrolet Cruze (3.469 emplacamentos contra 7.090 do sedan da GM), o que revela também que o mercado de sedans médios é um tanto conservador e dificilmente alguém apostava em uma marca nova naqueles tempos.
Por fim, a dupla não era tão interessante quanto os SUVs da marca, leia-se Tiggo 5X, Tiggo7 e Tiggo 8. Tanto o Arrizo 5 quanto o Arrizo 6 nunca foram empolgantes ao volante, com o detalhe com comportamento dinâmico do sedan médio e sua posição de dirigir serem bastante abaixo do esperado para um segmento um tanto exigente.
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