Avaliação: novo Chevroelt Bolt roda manso, mas vai longe e tem até Alexa
Monovolume elétrico se destaca pela boa lista de equipamentos, ótima autonomia e recarga descomplicada, incentivando uma condução sem pressa
Por Vitor Matsubara
A Chevrolet está empenhada em atingir a ousada meta de eletrificação estabelecida há alguns anos. A fabricante pretende vender apenas carros elétricos a partir de 2030 em todos os mercados em que atua - e isso inclui o Brasil.
Enquanto não descobrimos como a marca fará isso por aqui, a GM já confirmou as chegadas de quatro modelos elétricos nos próximos anos. O primeiro é o novo Bolt, que desembarca no país em versão única por R$ 329.000 com quase um ano de atraso.
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Isso porque o modelo deveria ter estreado em 2021, tanto que havia sido anunciado como uma das novidades da Chevrolet para o ano passado. A fabricante só não contava com um defeito na fabricação das baterias, que podia causar um incêndio quando o veículo estivesse carregando ou com carga total.
A falha forçou a empresa a recolher todas as unidades vendidas do Bolt, inclusive no Brasil. Agora, exemplares da linha 2022, como o que a Mobiauto dirigiu brevemente no Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba (SP), já vêm para cá com o problema solucionado.
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Primeiro contato
O novo Bolt é uma reestilização da geração lançada nos Estados Unidos em 2017 e atualizada por lá três anos depois. Mesmo com o atraso de quase dois anos em relação ao seu país de origem, o Bolt continua com um design atual.
As mudanças foram significativas na dianteira. O conjunto óptico ficou maior e foi dividido em duas seções, com as luzes diurnas e as setas na parte superior. O para-choque também foi redesenhado e perdeu o contorno da “grade” frontal presente no modelo anterior.
Na traseira, as lanternas perderam os contornos arredondados. Estranhamente, as luzes de freio ficam no para-choque. Além de estar em uma posição um pouco baixa demais, ficam expostas a pequenos impactos que podem danificá-las. Perto delas está também a luz de ré centralizada na parte inferior do veículo.
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A cabine também recebeu atualizações bem-vindas. Os traços mais ousados (e que estariam datados atualmente) foram substituídos por linhas mais sóbrias e elegantes.
A alavanca do câmbio foi substituída por quatro botões espalhados pelo console central, enquanto a central multimídia traz uma tela tátil de 10,2 polegadas com Wi-Fi nativo e aplicativos como Spotify e Alexa instalados.
O que traz de bom?
O Bolt é importado dos Estados Unidos com uma interessante lista de equipamentos. Destaque para os dez airbags (dois frontais, dois de joelho para os passageiros da frente, dois laterais dianteiros e dois laterais traseiros).
Além disso, conta com alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, alerta de tráfego cruzado traseiro, controle de cruzeiro adaptativo, sensor de pontos cegos, carregador de celular por indução, freio de estacionamento eletrônico e painel digital com tela de oito polegadas, entre outros itens.
Os bancos dianteiros trazem regulagens elétricas e aquecimento, este também presente no volante. O som de alta qualidade é fornecido pela Bose e o carro ainda vem com o sistema de telemática OnStar.
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A Chevrolet realizará uma ação promocional na qual os 40 primeiros compradores levarão para casa um carregador de corrente alternada (AC) do tipo wallbox.
Segundo a GM, o Home Charge Pulsar Plus carrega veículos elétricos com potências de 7,4kVA até 22kVA, sendo que o gerenciamento do aparelho pode ser feito por meio de um aplicativo de smartphone. Nele, o Bolt pode obter 40 km de autonomia a cada hora - ou seja, oito horas de recarga são suficientes para conseguir 100% de carga.
A estação de recarga já vem preparada para realizar cobranças avulsas ou individualizadas. Além disso, ela pode ser configurada para utilizar apenas energia do sistema fotovoltaico, quando disponível.
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Como anda
Nosso primeiro contato com o Bolt foi extremamente breve e em um ambiente controlado. Pelo menos a pista D1 do Campo de Provas da General Motors oferece uma grande variedade de pisos que simulam situações encontradas pelo Brasil.
Foram nos trechos mais acidentados, com direito a paralelepípedos, buracos e imperfeições, que o Bolt me lembrou que é fabricado nos Estados Unidos. A suspensão do carro não filtra bem as irregularidades e transmite muito ruído para a cabine, mesmo com o isolamento acústico de ótima qualidade.
Outra característica típica dos carros projetados para o mercado americano está na calibragem da suspensão. Por priorizar o conforto na maioria das situações, faz com que a carroceria incline bastante nas curvas mais fechadas.
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Por causa disso, não senti confiança para abusar da velocidade na parte final do percurso, que reproduz uma estrada sinuosa de serra. Entretanto, no restante do trajeto o Bolt foi um mar de tranquilidade. A condução é extremamente suave e a direção tem respostas bem rápidas.
Embora tenha 203 cv de potência e torque instantâneo de 36,7 kgfm, o monovolume da Chevrolet não tem a reação explosiva de outros carros elétricos. Talvez a “culpa” seja dos 1.616 kg de peso em ordem de marcha, que o deixam com uma relação peso/potência e peso/torque não muito superior à de um VW T-Cross 250 TSI.
Mesmo assim, ele é mais do que suficiente para divertir quem está atrás do volante, inclusive nas acelerações: o tempo declarado de 0 a 100 km/h é de 7,3 segundos. Esse conjunto, inclusive, deve casar muito bem com o Bolt EUV, a versão SUV do Bolt que também será vendida no mercado brasileiro.
Motor: elétrico dianteiro
Potência: 203 cv
Torque: 36,7 kgfm
Peso/potência: 7,96 kg/cv
Peso/torque: 44,0 kg/kgfm
Câmbio: automático, marcha infinita
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 7,3 segundos
Velocidade máxima: 146 km/h
Dados técnicos: direção elétrica; suspensão McPherson (dianteira) e independente com molas helicoidais e eixo de torção (traseira); freios a disco ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira); peso em ordem de marcha, 1.616 kg; carga útil, 478 kg; diâmetro de giro, 10,8 m; coeficiente aerodinâmico, 0,33 Cx; pneus 215/50 R17;
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Como recarrega
O conjunto de baterias tem 66 kWh e permite recarga rápida em corrente contínua de até 80% da capacidade em meia hora. Com carregador tipo 2, o mais comum visto em carregadores públicos, é possível ainda usar um wallbox para recuperar toda a energia líquida em seis horas. O alcance é de bons 416 km no ciclo WLTP
Enquanto não chega a vez de o Bolt EUV estrear, o Bolt EV estará disponível a partir de setembro nas 78 concessionárias especializadas em carros elétricos, que também são capazes de realizar assistência técnica. O carro será importado nas cores Vermelho Rubi, Branco Summit, Preto Ouro Nego e Cinza Urbano.
Capacidade da bateria: 66 kWh brutos
Alcance (WLTP): 416 km
Recarga rápida: 80% em 30 minutos (carregador DC)
Recarga lenta: 100% em 6 horas (wallbox de 11 kW)
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