Avaliação: Peugeot 2008 2023, o SUV turbo de melhor custo-benefício

Com valor mais competitivo na linha 2023, Peugeot 2008 1.6 THP tem desempenho e custo-benefício de fazer inveja à concorrência

Camila Torres
Por
02.09.2022 às 14:24 • Atualizado em 12.11.2024

Com R$ 125.000 na mesa, quais são os primeiros carros zero-km que te vêm à mente? Agora, o que você gostaria de comprar por este preço? Um carro com um motor robusto, com espaço interno bem acertado e uma lista de equipamentos generosa?

Provavelmente o Peugeot 2008 não tenha vindo à sua cabeça em nenhuma dessas listas, mas nesta avaliação vamos explicar por que ele deveria estar. 

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Passamos um final de semana com o Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP 2023, a versão de topo do SUV. Ali, pudemos conhecer suas novidades (que não são muitas), além de relembrar atributos que caíram no esquecimento do público, mas que deveriam fazer dele uma opção mais bem conceituada no mercado.

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Maltratado pela própria marca

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Vale lembrar que a culpa de o 2008 ser hoje um modelo quase esquecido no mercado é da própria Peugeot, que cometeu erros estratégicos crassos em seu lançamento, tanto de composição de versões quanto de marketing ou posicionamento comercial.

Apesar de já estar pronto na Europa há tempos, a atual geração nacional do 2008 - na gringa, ele já trocou de plataforma - só foi lançada em 2015, logo depois dos fenômenos Jeep Renegade e Honda HR-V. Começou sua vida, portanto, ofuscado pelos rivais.

Para piorar, a fabricante insistiu em equipar as versões 1.6 aspiradas com câmbio automático de apenas quatro marchas, o contestado AL4, enquanto tomou a errática decisão de deixar a configuração 1.6 THP turboflex apenas manual! Em uma época na qual a guinada para carros automáticos, ainda mais os de maior valor agregado, já era uma realidade!

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As correções, com a adoção de uma caixa automática de seis marchas da Aisin, inclusive na versão THP, vieram ao longo dos anos, mas já não surtiram o efeito de tirar do 2008 a pecha de mero coadjuvante no mercado de SUVs compactos.

Com a fusão entre FCA e PSA, formando a Stellantis, a empresa quer dar novo fôlego ao 2008 da plataforma PF3 em seus últimos anos de mercado. Para isso, adotou uma estratégia de preços agressiva na linha 2023, 

Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP AT 2023 – Preço: R$ 124.990. Pintura Cinza Grafito: R$ 2.450. Total: R$ 127.440. 

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Não é feio, mas também não é lindo

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A única reestilização do Peugeot 2008 nacional foi em 2019, quando o SUV com jeito de perua recebeu atualizações leves visuais leves. Por ser de um projeto mais antigo, ele possui identidade de design diferente e menos marcante do que os primos 208 e 3008. 

Nem mesmo a grade preta com detalhes cromados e a adoção de carroceria bicolor na linha 2023 conseguem esconder a idade mais antiga do projeto. Os detalhes de plástico no para-choque traseiro e na caixa de rodas forçam a barra aventureira, enquanto as rodas têm aro de 16 polegadas, contra jogos aro 17 ostentados pela maioria de seus rivais. 

Por dentro, a história começa a mudar. O ponto alto é o teto solar panorâmico, diferencial que só o 2008 tem nesta faixa de preço. A versão Griffe também traz bancos totalmente em couro e central multimídia flutuante compatível com Android Auto e Apple CarPlay. 

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Na parte inferior do painel, é possível perceber que os formato dos botões e acabamento começaram a ficar datados. O volante, apesar de ter o tamanho reduzido, não tem a base reta que tanto gostamos e que é usada no 208 e 3008.

Por fim, o quadro de instrumentos elevado, seguindo o conceito i-Cockpit, e o freio de estacionamento de aviação chamam atenção. O Peugeot 2008 pode não ser uma referência em modernidade, mas ainda está longe de estar perdido no tempo. 

E se beleza não for o principal atributo de um carro para você, pode continuar lendo essa avaliação, pois o 2008 tem muito mais para oferecer.

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Menor do que parece

Dá para acreditar que um dos SUVs que mais se aproximam das medidas do Peugeot 2008 é o Fiat Pulse? Eles são muito próximos em todas as medidas. O Pulse leva vantagem na largura (25 mm a mais) e no entre-eixos (10 mm), mas o 2008 é ligeiramente mais comprido (60 mm) e alto (33 mm).

Comparando com a categoria, o porta-malas do Peugeot 2008 está na média. Há modelos com menos espaço para bagagens que ele, como Caoa Chery Tiggo 5x, Citroën C4 Cactus e Jeep Renegade, e outros mais generosos, como Nissan Kicks, Hyundai Creta e Crevrolet Tracker.

Apesar das medidas compactas, o espaço interno para os ocupantes é muito bem acertado. Uma pessoa de 1,70 m viaja confortavelmente no banco traseiro, mesmo com o dianteiro ajustado para um motorista de 1,90 m.

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Quem sofre mais é sempre quem vai no meio, pois viaja com aperto para os ombros e uma posição incômoda para os pés. Agora, com quatro pessoas a bordo, o habitáculo tem o tamanho esperado para uma viagem confortável. Sem contar que o teto solar panorâmico passa uma sensação de amplitude.

Dimensões: 4.159 mm de comprimento, 2.542 mm de entre-eixos, 1.739 mm de largura, 1.583 mm de altura, 355 litros de porta-malas e 55 litros de tanque de combustível. Peso em ordem de marcha: 1.246 kg.


Desempenho: muito mais do que esperávamos

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O Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP é simplesmente um dos SUVs comapctos brasileiros mais interessantes de dirigir. Nesta versão, ele vem equipado com o veterano motor 1.6 turboflex desenvolvido ainda na época da PSA, em parceria com a BMW.

Com injeção direta de combustível, são 173 cv a 6.000 rpm e 24,5 kgfm de torque a 1.400 giros, abastecido com etanol. Assim, para ir de 0 a 100 km/h o 2008 THP precisa de apenas 8,8 segundos, o que faz dele o o quinto SUV compacto mais rápido em linha atualmente. 

O motor potente para um carro de 1.246 kg resulta em uma relação peso/potência e peso/torque muito boa. Assim que o pé toca o acelerador, o carro mostra instantaneidade nas respostas, graças ao torque entregue a uma rotação baixíssima. 

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De cara, a direção fica empolgante. Mas não é só isso: o 2008 tem boas retomadas, sem perda de fôlego em ultrapassagens. Em curvas, a estabilidade poderia ser melhor, mas esse são ajustes que prospectamos para uma nova geração. 

Até aqui, já foi possível entender um pouco do que o 2008 com motor turbo entrega. Porém, existe outro ponto pouco comentado sobre esse carro e que faz muita diferença na dirigibilidade: seus ângulos e vão livre generosos.

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São 200 mm de vão livre do solo, ângulo de ataque de 23º e ângulo de saída de 29º. Para se ter noção, o Jeep Renegade tem 186 mm de vão livre, 21° de ataque e 31° de saída. Claro que não é o suficiente para falar da capacidade de um carro, ou o Renault Kwid seria um SUV inconteste. 

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Por isso, testamos o 2008 em um ambiente off-road leve para ver como ele se comporta. Em alguns quilômetros de estrada de terra, em um dia de sol e com pista seca para facilitar o trajeto, os maiores obstáculos pelo caminho foram os desníveis do trajeto sem asfalto.

Nesse ambiente, os ângulos generosos, casados ao motor potente, deram ao 2008 um comportamento destemido. Ele absorveu relativamente bem os impactos e não balançou demasiadamente a carroceria nem demonstrou falta de força.

Além do mais, essa versão conta com Grip Control, um botão giratório no console que permite selecionar diferentes tipos de terreno, como terra, barro e areia. Parece bobo para um modelo com tração dianteira, mas a solução melhora a distribuição de torque entre as rodas e melhora significativamente a aderência fora do asfalto. 

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Trajeto cumprido com sucesso e sem raspar os para-choques em nenhum toco pelo caminho. Claro que, em uma trilha mais pesada, o 2008 encontraria dificuldades pelo caminho, por não ser 4x4, mas a proposta dele nem é essa. Pelo contrário, é um SUV bem urbano, mas que dá conta de encarar uma aventura leve de vez em quando.

Melhor que isso, só ele fosse um pouco mais econômico, mas não dá para ter tudo na vida, não é mesmo? E honestamente, o consumo do Peugeot 2008 Griffe THP não é nada ruim diante do desempenho que ele oferece.

Motor: 1.6, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, flex, duplo comando variável de válvulas no cabeçote, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: 10,2:1
Potência: 173/165 (E/G) cv a 6.000 rpm
Torque: 24,5 (E/G) kgfm a 1.400 rpm
Peso/potência: 7,2 kg/cv
Peso/torque: 50,9 kg/kgfm
Câmbio: automático de sete marhas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 8,8 segundos
Velocidade máxima: 209 km/h

Consumo Inmetro: 7,8 km/litro na cidade e 9,1 km/litro na estrada com etanol, 11,2 km/litro na cidade e 12,9 km/litro na estrada com gasolina

Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensões tipo McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira); pneus 205/60 R16; diâmetro de giro: 10,4 m; vão livre do solo: 200 mm; ângulo de ataque: 23º, ângulo de saída: 29°; carga útil, 400 kg. Número de ocupantes: 5.

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Itens de série Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP

O que esperar da lista de itens de série de um SUV de R$ 125.000? Só o motor de mais de 170 cv e o teto solar panorâmico, que já fazem o Peugeot 2008 ter um bom custo-benefício. 

Na parte de segurança, ele traz um pacote que pode ser considerado básico hoje dentro do segmento: seis airbags, câmera de ré, sensores traseiros de estacionamento, faróis com DRL, vidros elétricos antiesmagamento, controle de cruzeiro (simples) e acendimento automático dos faróis.

Fica devendo tudo em termos de segurança ativa, já que não tem alerta de mudança de faixa, de ponto cego, frenagem de emergência autônoma, leitor de placa ou controle de cruzeiro adaptativo. Mas que outro SUV oferece algum destes itens combinados aos equipamentos listados acima mais um motor de 170 cv nessa faixa de valor?

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Dos itens de conveniência, o Peugeot 2008 Griffe THP traz retrovisores elétricos, multimídia com Android Auto e Apple CarPlay (via cabo), ar-condicional digital de duas zonas, bancos de couro, rodas de liga leve, entre outros. Mas fica devendo carregador de celular por indução, chave presencial e partida por botão. 

No geral, o Peugeot 2008 fecha a conta com saldo positivo. Deixa de oferecer alguns mimos e não disfarça o peso da idade em alguns aspectos, mas entrega boas qualidades, considerando a faixa de preço.

  • Banco traseiro inteiriço rebatível
  • Teto de vidro panorâmico
  • Comandos no volante para rádio e bluetooth
  • Maçanetas internas cromadas
  • Acionamento automático do limpador de para-brisas
  • Limpador de para-brisas traseiro indexado à ré
  • Ar-condicionado automático digital bi-zone
  • Alarme perimétrico
  • Retrovisores externos com comandos elétricos
  • Acabamento preto fosco nas molduras dos vidros
  • Apoios de cabeça traseiros com regulagem de altura
  • Antena no teto
  • Câmbio automático sequencial de 6 velocidades
  • Acendimento automático dos faróis
  • Mostradores com matriz LCD e ponteiros vermelhos
  • Vidro elétr. Motorista sequencial/anti-esmagamento
  • ESP - programa eletrônico de estabilidade
  • Sensor de estacionamento traseiro e câmera de ré
  • Farol de máscara negra
  • Piloto automático e limitador de velocidade
  • Modo eco
  • Freio à mão tipo aviação
  • Barras de teto
  • Faróis de neblina dianteiros
  • Volante revestido em couro
  • Vidros elétricos nas portas traseiras
  • Airbags frontais, laterais e de cortina
  • Piloto automático 
  • Faróis com DRL em LED
  • Central multimídia de 7 polegadas compatível com Apple Car Play e Android Auto


O Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP vale a pena?

Sem dúvidas, uma embalagem bonita causa um impacto antes de abrir o presente, mas com certeza um embrulho de encher os olhos para um presente que sem muito valor causa muito mais frustração.

Beleza não é o ponto forte do Peugeot 2008, mas ele sai na frente da concorrência em muitos outros quesitos.  O desempenho é digno de muitos elogios, o consumo é ok, o espaço interno é acertado, a lista de itens de série é extensa e o preço faz dele um SUV com um custo-benefício de chamar atenção. 

É uma pena o Peugeot 2008 ter sido tão subestimado por tanto tempo. Na verdade, ele merecia vender mais que muito SUV de nariz empinado por aí.

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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.

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