Chery eQ7 pode chegar ao Brasil como ‘Tiggo 6’ a partir de R$ 240 mil
Lançamento da Chery sobressai em estilo, tecnologia, conteúdo e eficiência, com consumo de eletricidade equivalente a 60,2 km/l
A cada lançamento chinês, o sujeito que entende o mínimo de automóvel vai percebendo o momento de disruptura que o setor atravessa, em que as gigantes europeias, japonesas e norte-americanas vão ficando para trás não só em termos tecnológicos, mas, principalmente, em competitividade.
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A única coisa que ainda faz um Volkswagen T-Cross, nosso líder nacional de vendas, um Hyundai Creta ou um Chevrolet Tracker se parecerem com os novos “SEVs” chineses é o estilo – e olhe lá. Se, por fora, ainda dá para compará-los, há um abismo tão profundo entre estes produtos quanto o que separa um fogão a lenha de um cooktop ou um televisor com tubo de imagem (CRT) de uma smart tv OLED.
Por óbvio, não haveria problema nesta comparação, se não
estivéssemos pagando mais caro pelo fogão a lenha e pelo televisor CRT, e prova
disso é a versão 2025 do Chery eQ7 que o leitor vai conhecer em detalhes, nos
próximos parágrafos (ele é chamado Shuxiangjia, atrás da Grande Muralha) e que
custa menos de R$ 125 mil – ou seja, de cara, já é 30% ou R$ 55 mil mais barata
que o catálogo do T-Cross com seu mesmo conteúdo e performance.
Apesar de a Chery não comentar o assunto, tudo indica que o eQ7 pode desembarcar por aqui no segundo semestre do ano que vem, como “Tiggo 6”, até porque trata-se de um modelo ainda mais “globalizado” na versão 2025 e que se encaixa numa faixa de mercado onde os “SEVs” têm cada vez mais penetração.
Tomando por base os preços praticados pela marca na China e
no Brasil, o lançamento chegaria nos concessionários como seu primeiro modelo
100% elétrico nesta classe, por algo entre R$ 240 mil e R$ 270 mil – valor que
está longe de ser uma pechincha, é verdade. Enquanto a expectativa cresce,
vejamos com o novo eQ7 se sai, comparado ao líder nacional de vendas deste
segmento:
Bom, dizem que “gosto não se discute”, mas a pessoa tem que ser muito cafona, muito brega, para não enxergar o inegável: que o eQ7 traz design mais moderno e infinitamente mais refinado que as linhas quadradonas, há muito ultrapassadas, do T-Cross.
Também dizem que “tamanho não é documento”, mas não é
necessário tomar as medidas do novo Chery com uma fita métrica, para ver que o
“SEV” também é mais encorpado: 46 cm maior (são 4,67 metros de comprimento), 15
cm mais largo (1,91 m de altura) e 9 cm mais alto (1,66 m de altura), levando
ainda 18 cm de – expressiva – vantagem na distância entre-eixos (2,83 m). A
verdade é que, com este modelito, o Chery eQ7 está mais para o Tiguan, de R$
285 mil, do que para o T-Cross... Mas sigamos!
No campo da eficiência, vamos comparar o lançamento chinês com a versão mais econômica do Volkswagen, evitando magoar os donos do modelo nacional e, também, a assessoria de imprensa da marca. Com consumo de eletricidade equivalente a 60,2 km/l, o eQ7 é entre 4,2 e 7,4 vezes mais econômico, dependendo do ciclo, que a versão 1.0 TSi do VW – lembramos que, mesmo comparado a ela, o novo “SEV” da Chery é R$ 21 mil mais barato.
Na ponta do lápis, dá para comprar um Chery eQ7 novinho em folha só com o dinheiro que o “feliz” proprietário de um T-Cross vai gastar enchendo o tanque, em seis anos de uso – difícil, é garantir que seu motorzinho 1.0 turboalimentado chegará ileso aos 240 mil quilômetros.
Mais de 500 km, sem recarga
Para quem prefere fazer esta comparação com base na autonomia, o eQ7 roda 512 quilômetros sem necessidade de recarga das baterias, enquanto o T-Cross tem que recorrer à bomba de combustível – muito mais prática, é verdade, mesmo comparada à recarga parcial no “SEV” – com apenas 397 km rodados.
De qualquer forma, mesmo que a Chery prometa que em 30 minutos é possível recuperar 80% da carga das baterias, o campeão de vendas da VW pode alcançar até 680 quilômetros, rodando numa rodovia de pista dupla e usando gasolina exclusivamente. A vantagem prática, neste ponto, é inquestionável, mas vale lembrar que cada quilômetro rodado com o T-Cross sai por R$ 0,52, enquanto no eQ7 ele não chega a custar R$ 0,08.
Por dentro, além de mais espaço, o lançamento da Chery traz dois visores flutuantes, ambos com 12,3 pol e mimos não disponíveis para o modelo da Volks. Um reúne as informações dos instrumentos e o outro, os demais controles, desde o sistema de infotainment até a climatização – incluindo de ventilação e aquecimento do banco do motorista.
O para-brisa dispõe de isolamento acústico especial e, dependendo da versão, são até oito alto-falantes na cabine. Os comandos podem ser feitos por voz e o pacote de segurança inclui alertas de colisão frontal, desvio de faixa e tráfego cruzado, além de assistentes de permanência e mudança de faixa de rodagem, bem como frenagem automática e emergência.
Há de se dizer que existem “SEVs” da mesma classe do eQ7 que oferecem mais eletrônica embarcada e até mesmo condução semiautônoma, mas também é importante frisar que não existe nenhum item (de série ou opcional) disponível para a linha T-Cross, que não equipe o lançamento da Chery desde seu catálogo de entrada.
Já no capítulo performance, os chineses costumam divulgar os tempos de aceleração de 0 a 50 km/h para seus veículos elétricos e o modelo da Chery cumpre esta “prova” em apenas 4 s, levando vantagem sobre o Volkswagen também no 0 a 100 km/h (8,0 s, contra 8,6 s da versão 1.4 TSi do T-Cross). Seu motor elétrico de 155 kW fornece 208 cv de potência, mas é o torque quase instantâneo de 29 kgfm que garante ótimas respostas. A recarga completa das baterias LFP de 67,1 kWh leva oito horas. Sua velocidade máxima é de 180 km/h, contra 202 km/h do VW.
Como qualquer pessoa desapaixonada ou qualquer estudante do primeiro período do
curso de Engenharia percebem, há uma evidente oposição entre os automóveis
vendidos no Brasil e os mais recentes lançamentos globais. Enquanto o mundo
vivencia a virada de eletromobilidade, as montadoras transnacionais seguem
vendendo modelos equipados com motores a combustão interna, por aqui,
investindo numa propaganda contraditória para convencê-lo a pagar R$ 100 mil
por um compacto do século passado. A contradição vem do fato de, em seus
mercados domésticos, esses mesmos fabricantes assumirem um discurso muito
diferente, destacando seus esforços e sua aposta na descarbonização,
reconhecendo que os carros tradicionais só têm sobrevida no Terceiro Mundo.
Olhando o T-Cross, nosso campeão de vendas, ao lado do novo Chery eQ7 2025, fica claro que o avanço no campo tecnológico também implica em maior competitividade, porque os “SEVs” chineses são melhores e mais baratos, inclusive, que seus concorrentes nacionais equipados com motores térmicos.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
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