Fiat Uno SX: trisavô do Pulse Abarth era um esportivo sem pressa
Primeira versão esportivada do icônico hatch antecipou a icônica versão R e trazia o lendário motor Fiasa 1300 carburado e apenas a álcool
Considerado carro de gênio em seus anúncios de lançamento, o Fiat Uno revolucionou o segmento de carros compactos, em 1984.
Seu grande trunfo era o espaço interno e soluções criativas como cinzeiro deslizante no painel, limpador de para-brisas único e todos os comandos do painel a mão por teclas. Este último eliminava a necessidade de o motorista tirar as mãos do volante para acionar, excelente visibilidade, isso sem em alguns pioneirismos ao longo de sua “carreira” de 37 anos no mercado.
Com uma dianteira de inclinação acentuada e uma traseira alta, cortada quase na vertical, o Fiat Uno era um carro de dimensões compactas, mas relativamente espaçoso, mesmo de comparado a carros maiores, como Chevrolet Monza e Ford Del Rey.
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Graças a soluções que visavam boa aerodinâmica, como vidros nivelados à carroceria ou maçanetas embutidas, seu coeficiente aerodinâmico (Cx) era de apenas 0,35, comparável aos carros mais redondinhos e mais modernos dos anos 2000.
O nível de ruído era baixo para os padrões da época, e permitia que o motorista viajasse a 120 km/h sem sentir tanto a velocidade. Além disso, sua estabilidade era comparada à dos melhores esportivos da época, permitindo que se acelerasse em tomadas de curvas, mesmo usando pneus 145 SR13 e rodas de tala 4,5.
Lançado inicialmente nas versões S, CS e SX, o Uno oferecia os motores 1.050 a gasolina (exclusivo da versão S), 1.3 a gasolina para a versão CS e 1.3 a etanol para as versões S e CS. Já a versão 1.3 mais apimentada era a SX, exclusivamente movida a etanol. É dela que falaremos hoje.
O Fiat Uno SX trazia um estilo esportivo, porém sóbrio, e com detalhes que o diferenciavam dos demais modelos da linha. De série, tinha volante de quatro raios com excelente empunhadura e painel completo com hodômetro parcial, conta-giros, nanômetro de pressão de óleo, termômetro e check-control.
Trazia, ainda, vidros traseiros basculantes, limpador/desembaçador do vidro traseiro, descansa-braços nas portas dianteiras com porta-trecos e relógio digital. Como opcionais eram oferecidos vidros elétricos, retrovisor do lado direito, computador de bordo (estreado pelo irmão sedan do Uno, o Premio), além das cores metálicas.
Externamente o modelo era identificado por faróis de neblina Cibié Sierra II embutidos no para-choque dianteiro, máscara negra contornando o para-brisas, próximo a borracha, carenagem discreta contornando os paralamas, pneus 165/70 R13 de série com calotas belíssimas e a logotipia SX na tampa do porta-malas.
Mecanicamente, o motor Fiasa 1300 a etanol tinha carburador de corpo duplo. Rendia 70 cv de potência a 5.600 rpm e 10,6 kgfm de torque a 3.000 rpm. Era capaz de levar o bólido de 0 a 100 km/h em 16,21 segundos, e a uma velocidade máxima de 151 km/h.
Seu câmbio de relações curtas o tornava muito divertido de dirigir, e não aumentava seu consumo. O modelo fazia 7,24 km/l na cidade e 10,81 km/l na estrada, números equivalentes as versões S e CS 1300 que tinha apenas 59 cv de potência a 5.200rpm e 10 kgfm de torque a 2.600 rpm.
A concorrência tinha motores maiores e mais velozes, como Ford Escort XR3 1.6, VW Passat GTS Pointer 1.8 e VW Gol GT 1.8. Em meados de 1985, chegava o Chevrolet Monza SR 1.8.
A Fiat sabia que precisava responder à altura com um modelo mais potente e, em 1986, o Uno SX se despedia do mercado, dando lugar ao Fiat Uno 1.5 R, disponível na linha 1987, mas deste falaremos mais para frente, em uma próxima coluna.