Hora do adeus: este é o último Honda Civic feito no Brasil

Encerramento da produção também marca o fim da linha de montagem de veículos em Sumaré (SP). Sedan virará importado na próxima geração

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10.12.2021 às 04:05 • Atualizado em 29.05.2024
Encerramento da produção também marca o fim da linha de montagem de veículos em Sumaré (SP). Sedan virará importado na próxima geração

Não há mais Honda Civic produzido no Brasil. Após um ciclo que durou pouco mais de 24 anos e dois meses – iniciado em setembro de 1997 e encerrado na última quinta-feira (9) –, o sedan médio responsável por inaugurar a fábrica da marca japonesa em Sumaré (SP) deixou de ser nacional.

A última unidade fabricada, inclusive, é esta de cor preta que ilustra a imagem de abertura do artigo. Ao lado dela, um funcionário da empresa posa um tanto saudoso, um tanto orgulhoso por ter presenciado o marco. Tão importante que, conforme nossa reportagem apurou, os trabalhadores foram liberados a tirar fotos da linha, algo não permitido no dia a dia.

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Daí a termos o registro do artigo, divulgado em algumas redes sociais ao longo do último dia. Ainda assim, preferimos cortar ou borrar o rosto do funcionário, a fim de preservar sua identidade e privacidade.

Junto com o Civic, a própria fábrica de Sumaré encerrou sua trajetória como produtora de veículos. Conforme explicamos neste outro texto, toda a fabricação de automóveis da Honda no país seria transferida para a vizinha Itirapina (SP) até o fim deste ano. 

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Funcionário da Honda posa ao lado do último Civic produzido no Brasil, em 9 de dezembro de 2021 

Lá, a nova família City – formada pela próxima geração do sedan e por um inédito hatchback, que chega para substituir o Fit –, e os SUVs HR-V e WR-V seguem em linha. Este último, ao que tudo indica, continuará sendo montado apenas para exportação, mas também deve deixar o catálogo da Honda no Brasil, por não atender às nomas do Proconve L7.

Como o próprio Fit já havia deixado de ser feito, o Civic preto da foto foi o responsável por encerrar a linha do complexo, que seguirá operando como fábrica de motores e injeção plástica, ferramentaria, engenharia da qualidade, planejamento industrial e logística, centros de P&D (Pesquisa & Desenvolvimento), divisão de peças e treinamentos, e sede administrativa.

Voltando a falar do Civic, o papel grudado à grade deixa claro que sua última unidade pertence à versão intermediária EXL, empurrada pelo veterano motor 2.0 SOHC i-VTEC 16V quatro-cilindros flex, que rende 150/155 cv e 19,3/19,5 kgfm. O Câmbio é CVT com simulação de sete marchas. 

Será vendido no Brasil, visto que já não havia mais exportação do modelo. Atualmente, a versão é oferecida em preço de tabela a R$ 137.600. Por se tratar do último, certamente terá um valor maior, se é que a fabricante decidirá vendê-lo.

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Novo ciclo como importado

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Civic de 11ª geração virá ao Brasil importado e, muito provavelmente, com motor híbrido

O fim do Civic nacional não implica o encerramento das vendas do sedan médio no mercado brasileiro. A marca japonesa tem planos de seguir comercializando-o por aqui, como importado, na 11ª geração. A Mobiauto, inclusive, revelou em primeira mão que o três-volumes deve passar a ser híbrido em nosso mercado.

Lançamento está previsto para o segundo semestre de 2022, e se prepare, porque os preços devem ficar muito mais próximos de R$ 200.000 do que jamais estiveram.

Vale observar que o Civic 10, apesar de obliterado pelo rival Toyota Corolla nos emplacamentos desde sua estreia, não possuía um volume de vendas de se desprezar. Foram mais de 25 mil unidades comercializadas anualmente desde sua chegada, em 2016. Mesmo em 2020 e 21, anos afetados pela pandemia, ele superou 17 mil emplacamentos.

Isso mostra que a decisão da Honda não foi baseada nos resultados do atual modelo, mas sim por não vislumbrar um retorno de investimento na nacionalização de sua próxima geração, visto que a vida dos sedans médios ficará cada vez mais sufocada com o ingresso de mais e mais SUVs nas ruas.

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A trajetória do Civic no Brasil

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Civic chassi 0001 e Civic G10: o encontro da primeira e da última geração nacional do sedan 

O Honda Civic é um dos modelos mais longevos entre os que são produzidos e comercializados atualmente no Brasil. Lançado em 1973 no Japão, o modelo chegou importado ao país em 1992 e se tornou nacional em novembro 1997, com produção em Sumaré (SP). Atualmente, é feito junto com Fit, City e HR-V em Itirapina (SP).

Por aqui, entre os carros que estão em linha em nosso mercado, só não tem mais tempo de linha de produção que os Volkswagen Gol, Voyage e Saveiro, o Fiat Uno – que, por sinal, também sairá de linha – e a Chevrolet S10 (1995). É, inclusive, nacional há mais tempo que o Coroll, cuja montagem em Indaiatuba (SP) começou pouco mais de um ano depois.

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Este repórter posando feliz ao lado do Civic nacional chassi 0001, em setembro de 2017. Tive o privilégio de ser o primeiro jornalista a andar nesse carro, durante a comemoração dos 20 anos do início de sua produção. Exemplar pertence ao acervo da Honda e, à época, exibia pouco mais de 300 km rodados no odômetro

O Civic foi fabricado no Brasil a partir de sua sexta geração global, que ficou em linha em Sumaré entre 1997 e 2000. O veículo mantinha as linhas asiáticas da geração anterior, antes importada, e contava com motores D16Y7, de 106 cv e sem comando variável, e D16Y8, este já dotado do sistema VTEC e com 127 cv.

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Civic de sétima geração, a segunda produzida localmente

A sétima geração veio em 2001 e durou cinco anos, sendo equipada com motor 1.7 com duas calibrações, uma de 115 cv e outra de 130 cv. Uma curiosidade é que os dois primeiros Civic nacionais possuíam suspensão dianteira por braços triangulares tipo duplo-A, solução geralmente usada em modelos mais esportivos.

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O inolvidável e icônico New Civic

Em 2006, veio o “New Civic”, provavelmente a mais icônica de todas as gerações do sedan. Tinha design futurista, que pode ser considerado moderno até nos dias de hoje, e motor 1.8 flex de 140 cv casado a um câmbio automático de cinco marchas. Já a versão esportiva Si recebia um propulsor 2.0 de 192 cv.

Outro destaque foi a substituição da suspensão dianteira por uma com arquitetura tipo McPherson, mais simples e barata de manter. Tal mudança contribuiu para a popularização do três-volumes em nosso mercado.

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Civic de nona geração

A nona geração estreou em 2012, bem mais conservadora, trazendo nas versões de topo o motor 2.0 que compõe a gama até os dias atuais. Curiosamente, foi com essa carroceria discreta e pouco cultuada que, pela primeira vez, o Civic bateu o Corolla em vendas em um fechamento de ano: quase 61 mil unidades contra 54 mil do arquirrival em 2013.

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Civic G10 durante teste recente com a Mobiauto

No entanto, lá fora o conservadorismo extremo atrapalhou a vida do Civic, levando a Honda a abreviar seu ciclo para apenas quatro anos. Em 2016, a montadora apresentou a décima geração do modelo, com visual mais arrojado e esportivo, tentando causar ainda mais impacto do que com o "New Civic". 

Além dos traços todos descontruídos e cheios de vincos, o sedan passou a oferecer um motor 1.5 turboflex de 173 cv na versão Touring.

Imagens: Divulgação/Honda, Reprodução/Facebook e Acervo Pessoal

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