Lei de emissão zero, em 2035, será mantida na União Europeia

Reeleita para a presidência da Comissão Europeia, com 401 votos, Ursula von der Leyen adiantou alteração normativa que regulará combustíveis eletrônicos

HG
Por
02.08.2024 às 21:32
Reeleita para a presidência da Comissão Europeia, com 401 votos, Ursula von der Leyen adiantou alteração normativa que regulará combustíveis eletrônicos

No Brasil do terraplanismo, a virada da eletromobilidade ainda é vista como uma bravata, mas no Velho Continente a reeleição de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia reforçou a decisão de proibir, em 2035, as vendas de carros de passeio e comerciais leves equipados com motores a combustão interna. Reempossada com 401 votos há apenas dez dias, Ursula, no entanto, fez um importante anúncio e confirmou que a mesma legislação que exigirá emissão zero trará uma alteração para a regulação dos combustíveis eletrônicos – nada que dê sobrevida aos modelos atuais. Com ela à frente, a União Europeia (EU) seguirá implementando suas ambiciosas metas climáticas, mesmo diante das guerras comerciais com a China e a Rússia, que vêm dificultando sua agenda. Mas qual importância isso terá para o Brasil?

Com a manutenção do cronograma de descarbonização, as (montadoras) transnacionais europeias que estão presentes no mercado brasileiro reforçarão a sua estratégia de "desovar" por aqui os modelos prestes que sairão de linha no Velho Continente, como forma de manterem a rentabilidade do seu negócio e as margens de remuneração de seus investidores. Na prática, significa que o consumidor brasileiro “pagará a conta” da virada da eletromobilidade na Europa, desembolsando cada vez mais por automóveis com data de validade próxima do vencimento, como forma de subsídio dos veículos elétricos que, obrigatória e progressivamente, serão adotados em toda a União Europeia em 11 anos. Senão, vejamos: 

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"Vamos lançar, em 100 dias, o ‘Acordo Industrial Limpo’ que reforçará a nossa competitividade e fortalecerá o nosso setor de Defesa. Neste novo mandato, prepararei o caminho para meus sucessores alcançarem a meta de redução das emissões de nossas manufaturas em 90% até 2040”, afirmou a executiva.

Como o leitor pode ver, o segmento de automóveis abandonará definitivamente os motores a combustão, zerando as emissões dos zero quilômetro, cinco anos antes de todo o setor industrial europeu readequar seus processos de produção para uma descarbonização ainda mais radical – as montadoras terão não só que adotar novas plataformas veiculares, mas também terão que rearranjar suas manufaturas. 

Em outras palavras, a meta da União Europeia de “matar” todo e qualquer automóvel que use combustíveis fósseis e emita CO2 (dióxido de carbono), até 2035, permanece inalterada e o chororô pontual deste ou daquele presidente-executivo (CEO) ou chefão de grupo automotivo, como Luca de Meo, não terá o condão de mudar o cronograma. “Entendemos que seria um erro estratégico abandonar nossos objetivos por causa da desaceleração do mercado de veículos elétricos, mas precisamos de um pouco mais de flexibilidade no calendário”, disse o CEO da Renault e presidente da Associação Europeia dos Fabricantes de Automóveis (ACEA) – que nada mais é do que a Anfavea de lá.

De Meo se desdiz

Em fevereiro, a ACEA já havia se pronunciado sobre o tema, garantindo que, independentemente do resultado da eleição na Comissão Europeia, “não argumentaria contra a regulamentação”. Agora, de Meo choraminga, desdizendo o que disse antes. Há cinco meses, o executivo garantiu que a virada da eletromobilidade “é viável”, que a indústria já investiu bilhões de euros e dólares nesse sentido e que “não há como a indústria voltar atrás”. Já na semana passada, veio com a conversinha de que os fabricantes não estão na trajetória para terem suas gamas 100% eletrificadas até 2035. “Essa é a verdade”, reconheceu de Meo. “Precisamos cortar custos”, acrescentou, não como um mero Pinóquio, mas como quem sabe que a concorrência dos novos fabricantes chineses vai quebrar as velhas marcas ocidentais.

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Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

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