Mitsubishi Lancer Evo é mito do Oriente e fez sucesso em Velozes e Furiosos
Esportivo marcou época com dez gerações e ainda é o sonho de muitos entusiastas
Em 1982, a FIA formou o Grupo A, um novo regulamento para competições de rali envolvendo carros de produção modificados. Uma das montadoras envolvidas foi a Mitsubishi, que já possuía uma história de sucesso em corridas.
A história da marca japonesa nas pistas vem desde os anos 60, quando um Mitsubishi 500 correu no GP de Macau, e desde os anos 1980 em competições off-road com o Pajero. Com a nova categoria, a fabricante decidiu lançar mais um produto vitorioso, e assim nascia o nosso querido Lancer Evolution.
Figura 1 - Mitsubishi Lancer Evolution I
O modelo de estreia inaugurou a classificação utilizando algarismos romanos, sendo chamado de I. O primeiro Evo vinha equipado com o propulsor 2.0 16v (4G63 DOHC), herança do seu irmão Galant VR4, que recebeu turbocompressor para chegar aos 245 cv de potência e 30 kgfm de torque. A plataforma era a mesma, com tração quatro rodas e câmbio manual de cinco marchas.
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O sucesso do esportivo foi tão grande que o primeiro lote de unidades à venda no Japão se esgotou em três dias. Posteriormente, foram fabricadas mais unidades. Desta vez foram divididas em duas versões: GSR e RS, sendo a primeira voltada a uso civil, contendo todos os itens de conforto, como: ar-condicionado, freios ABS e limpadores traseiros. Já a RS perdia 70 Kg, limitando-se aos itens de performance, vidros manuais e nada de confronto.
Figura 2 - Mitsubishi Lancer Evolution II
Em 1994, a Mitsubishi apresenta o Lancer Evolution II com mudanças que favorecem a dinâmica do carro. O Evo II trazia nova distância entre-eixos, geometria de suspensão e evoluções na carroceria. Dessa maneira, o esportivo ganhou 30% em rigidez torcional comparado ao modelo anterior. Com essas mudanças, o modelo ficou 10 Kg mais pesado, sendo compensado com um motor mais potente, agora com 256 CV.
Figura 3 - Mitsubishi Lancer Evolution III
O Evolution III foi lançado em fevereiro de 1995 com mudanças expressivas na sua aerodinâmica. O sedan ganhou saias laterais maiores e para-choque dianteiro com uma grande entrada de ar para melhorar refrigeração do motor, iniciando uma das grandes marcas dos Evos.
A potência chegou aos 270 cv, graças ao aumento da taxa de compressão e da adoção de um novo turbocompressor. Para completar as mudanças, essa versão recebeu novos freios e novo aerofólio.
Figura 4 - Mitsubishi Lancer Evolution IV
Em agosto de 1996, a Mitsubishi apresentou a primeira grande mudança na história do Lancer Evolution graças a nova plataforma. Essa geração ganhou o sistema AYC (Active Yaw Control). Tratava-se de um sistema revolucionário que media a força G do veículo e distribuía o torque para as rodas traseiras sob demanda.
Essa geração trouxe novas dimensões, tornando o sedan mais pesado. Para equilibrar a distribuição de peso, o motor foi reposicionado e ganhou mais potência, chegando aos 280 cv e 36 kgfm. Outras melhorias foram freios maiores e novos amortecedores.
Figura 5 - O icônico Evo V
Em 1998, o Lancer Evolution V chegou às lojas. O modelo era mais largo que seu antecessor e ganhou itens internos como bancos Recaro e freios Brembo. O motor passou por modificações, mas manteve os 280 cv (limitada por leis em alguns países), em compesação, o torque chegou aos 38 kgfm. As rodas eram de 17 polegadas e o sistema AYC foi substituído pelo sistema LSD helicoidal.
Figura 6 - Evo VI
O Lancer Evolution VI, lançado em 1999, trouxe mudanças expressivas no seu motor, com o uso de pistões mais leves e com canais de refrigeração, pulverizador de óleo, aumento de volume do radiador do óleo, turbocompressor de titânio e de diâmetro de 64 mm (antes eram 56 mm), intercooler ampliado, braços inferiores da suspensão dianteiros redesenhados, braços da suspensão traseira em alumínio, além do reforço de 130 pontos de solda adicionais. O visual, entretanto, era menos agressivo que na versão anterior
Figura 7 - Evo VII, imortalizado por Paul Walker no filme "Mais velozes, mais furiosos"
Em fevereiro de 2001, nascia a geração VII com grandes mudanças visuais e mudanças estruturais. A Mitsubishi alterou a suspensão e adicionou um novo controle de tração, o ACD (Active Center Differential). Também foi introduzida uma nova asa traseira, agora com regulagem, possibilitando ajuste no downforce quando necessário. O interior também sofreu ajustes, com drástica melhoria no acabamento.
Além dessas novidades, o modelo disponibilizava opção de câmbio automático a partir de 2002. Essa versão foi batizada de Lancer Evolution VII GT-A, com 272 cv, potência menor que os manuais, podendo ter trocas automáticas ou semiautomáticas através de botões colocados no volante. Produzido apenas em 2002, esse modelo ganhou rodas exclusivos e novo spoiler traseiro.
Figura 8 - Evo VIII
O Lancer Evolution VIII, lançado em 2003, teve poucas modificações no design exterior e um pequeno ajuste em seu motor, alcançando os 40 kgfm. O modelo também teve melhorias nos seus freios Brembo, a suspensão passou a ser da Bilstein e as rodas de 17 polegadas da Enkei.
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Nessa geração também nasceram diversas variantes do modelo original, no Reino Unido, denominadas FQ300, FQ320, FQ340 e FQ400. Elas vieram com 309 cv, 329 cv, 350 cv, e 411 cv respectivamente.
Figura 9 - Evo IX
A versão Evolution IX foi lançada em 2005, trazendo o motor 4G63, agora com tecnologia MiVEC (com comando de válvulas variável) e um novo turbocompressor, gerando 291 CV, contando com transmissão manual de 6 velocidades reforçada. Visualmente a maior modificação foi no para-choque dianteiro, que recebeu modificações para possibilitar o resfriamento da tubulação lateral do intercooler.
Figura 10 - Mitsubishi Lancer Evolution X: o último Evo
A última versão foi lançada em 2007, após seu protótipo ser revelado no salão de Tóquio em 2005, denominado Concept X. O carro era equipado com um novo motor, o 4B11T, um 2.0 turbo de quatro cilindros. Como as demais gerações, era construído em sua totalidade em alumínio, contava também com o sistema MiVEC e partia de 280 cv e tinha versões com até 450 cv.
O Evolution X, dependendo de onde era comercializado, podia vir equipado com transmissão de dupla embreagem TC-SST de seis velocidades ou manual de cinco ou seis marchas. O esportivo também ganhou um sistema de tração integral novo, chamado S-AWC (Super All Wheel Control) que controla o envio de torque, potência e frenagem de maneira individual às rodas.
Em 2015, a Mitsubishi afirmou que o Lancer Evolution seria descontinuado, devido a nova diretriz adotada pela montadora, optando por se concentrar em veículos que incorporam a tecnologia elétrica.
A minha história com o Evo começa bem antes de Velozes e Furiosos, ao contrário do relatado pela maioria dos millenials. Tudo começou nos jogos de rali, que contavam com as primeiras versões do Evo. Até que, em 2003, fui visitar uma oficina no bairro do Itanhangá, na cidade do Rio de Janeiro. Esta oficina, que ainda existe, é um verdadeiro oásis de carros dos sonhos.
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Lá estava estacionado um Evo V RS, com vidros acionados por manivela, sem ar-condicionado e nenhum supérfluo que lhe acrescentasse peso. Foi paixão à primeira vista! O som daquilo era perfeito! Uma imagem que ainda guardo viva na memória é o porta-celular no painel, que era um banco Recaro idêntico aos do Evo, em miniatura. Se apenas olhando eu já achava o carro maravilhoso, uma volta nele foi suficiente para nunca mais esquecer.
Obviamente virou meta de vida. Quem me conhece sabe que o meu sonho de consumo sempre foi um Evo VIII FQ400 prata com rodas pretas. Foi muito tempo meu fundo de tela no PC, mas sempre muito distante financeiramente. Os anos passaram e, em 2023, surge um anúncio de um Evo X vermelho 2012, LINDO. Nesse momento você se senta na ponta de sua cadeira, aperta seu celular com força e pensa “meu Deus: o William conseguiu comprar o Evo dele! Que emoção!”
Não, meus amigos... Infelizmente eu não comprei um Evo...
Figura 11 - Evo X 2012: ensaio para o sonho de consumo
Mas quem tem amigos mais abastados, ou mais irresponsáveis... Tem tudo! Enviei o anúncio para um amigo que estava à procura de um problema daquela proporção e ele comprou o carro! Para completar minha felicidade temporária, ele me pediu para buscar o carro e levar para sua oficina de confiança. Em troca, o carro estava liberado para que pudéssemos gravar um vídeo, que em breve será publicado em nosso canal.
Ainda não foi dessa vez que pus as mãos no meu Evo VIII, mas já é muito mais perto do que imaginei!
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
William Marinho, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.
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