VW Voyage do Mês: como era série especial vendida por 30 dias

Sedan foi vendido em lotes de 1.500 unidades em dois anos distintos

LA
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18.12.2024 às 21:32
Sedan foi vendido em lotes de 1.500 unidades em dois anos distintos

Com as importações fechadas, graças as políticas adotadas pelo governo de Ernesto Beckmann Geisel, que proibia a chegada de mais de 300 mercadorias estrangerias, dentre elas, veículos e tecnologias, vivemos um hiato de 14 anos de atrasos tecnológicos no setor automotivo, onde as quatro maiores fabricantes nacionais se desdobraram para extrair novidades de seus velhos produtos.

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O objetivo era incentivar a indústria nacional, mas não deu certo. Estagnou o segmento, atrasou o avanço da tecnologia e deixou o Brasil com uma frota desatualizada. Mesmo assim, os anos 80 tiveram seus dias de glória, com lançamentos importantes como GM Monza, Ford Escort, a linha VW Gol e VW Santana.

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O sedan Voyage nasceu em 1981 como modelo 1982, usando a base do Gol, porém com motor longitudinal VW BR 1.5 a gasolina de 78 cv de potência SAE a 6.100 rpm (65 cv ABNT) e 11,5 kgfm de torque a 3600 rpm aferrecido a água, e parceiro de um câmbio de 4 marchas. Eram duas versões de acabamento: S (Super) e LS (Luxo Super). 

Logo o sedanzinho conquistou muitos fãs por sua robustez e confiabilidade. Seus atributos foram muitos, desde um projeto moderno, motor potente, posição de dirigir esportiva, câmbio com ótimo escalonamento e estabilidade acima da média se comparado à concorrência da época. Em 1982, foi eleito o carro do ano pela revista Auto Esporte, e começou a ser exportado para países da América do Sul com o nome de Gacel e Amazon. No mesmo ano era apresentada a linha 83 e a Volkswagen lançava o Voyage GLS e a configuração de 4 portas, disponível também para as versões S e LS até 1986.

Toda a linha passou a utilizar o motor MD 270 1.6 litro, com 81 cv de potência ABNT a 5.200 rpm e 12,8 kgfm de torque a 2.600 rpm na variante a etanol, ou 72 cv ABNT a 5.200 rpm e 12,2 kgfm a 2.600 rpm na variante a gasolina, melhorando e muito a dirigibilidade e o consumo, graças ao torque máximo em menor rotação e maior potência. O câmbio era ainda de 4 marchas, e havia a opção do câmbio longo 3+E (4ª como sobre marcha).

Em 1984, a Volkswagen ampliava sua linha com novos modelos, versões e edições limitadas. Em comemoração às olimpíadas daquele ano, chegava ao mercado o Voyage Los Angeles, e pouco tempo depois, o Voyage Super, série baseada na versão GLS com bastante personalidade.

No mesmo ano surgia a edição especial intitulada “Carro do Mês”. Esta série limitada apostava no ótimo custo-benefício, afinal derivava da versão básica, mas trazia vários acessórios extras. A intenção da Volkswagen, com isso, era oferecer um modelo mais atrativo do que o básico, no caso a versão S, por um valor abaixo da versão intermediária, a LS, mantendo como padrão o motor 1.6 MD-270. A aposta era na exclusividade da edição limitada, alardeando nas propagandas que o carro duraria pouco, e que se tratava de uma “grande oportunidade”.

O Voyage do Mês foi disponibilizado em junho de 1984 custando Cr$ 9.325.000,00, equivalentes hoje a R$ 85.656,77 (INPC/IBGE). Trazia como itens de série o relógio de horas, hodômetro parcial, console parcial, volante espumado, espelho retrovisor externo com base larga, desembaçador traseiro, protetor de borracha no para-choque, frisos laterais, pneus radiais 175/70R13 e rodas de liga-leve. Quem o comprasse só podia escolher entre motor a gasolina ou a álcool, e uma das três cores metálicas: Verde Cristalino, Azul Copa e Cinza Nobre. Parece pouco, mas o carro da série especial ficava bem próximo da versão LS, e distante da S “pelada” do qual derivava. 

Em 1985, a versão Super saía do catálogo, e as demais recebiam o motor 1.6 AP-600, com 85 cv de potência ABNT a 5.600 rpm e 12,65 kgfm de torque a 3.000 rpm (variante a etanol), ou 80 cv ABNT a 5.600 rpm e 12,75 kgfm a 2.600 rpm (gasolina), o que trazia mais suavidade de funcionamento e maior potência ao sedan. Além disso, voltava para a linha a série especial Carro do Mês, em duas tiragens, sendo 1.500 unidades fabricadas em junho e outras 1.500 em julho.

Desta vez, o modelo era vendido apenas em duas cores – Azul Copa e Cinza Prata – e o motor, que era o mesmo AP-600 das outras versões, só oferecia a opção a álcool. No conjunto mecânico, ainda a transmissão manual de quatro marchas (o chamado “Câmbio Normal”), em uma configuração chamada de 0770, sempre com carroceria de duas portas.

Além destas diferenças, o Voyage do Mês de 1985 trazia vidros verdes, retrovisor externo (apenas esquerdo) com regulagem interna, uma faixa preta decorativa entre as lanternas traseiras, e o estofamento da cabine em duas opções de cores: grafite ou preto. Curiosamente, o esguicho do lavador de para-brisas ainda era acionado pelo pé esquerdo, assim como na versão S. Os demais itens de série eram os mesmos da linha 1984, mas sem o friso lateral.

Em 1986, a série Carro do Mês já não existia mais, e o Voyage Super voltou como modelo de série, com motor 1.8s que também equipava Gol GT, o bom câmbio de 5 velocidades e ainda mais conteúdo. No ano seguinte o sedanzinho da VW mudou completamente por fora e ganhou novas versões: C, CL e GL (as três AP 1.6) e a GLS “ressuscitada” (AP 1.8S), que substituía a Super. A mudança de nomenclaturas era uma estratégia da VW para fugir de um plano econômico bizarro do governo Sarney, que congelava os preços de todos os produtos existentes. Uma vez com novos nomes, os produtos eram considerados novos e podiam ser reajustados.

E, como curiosidade, a série “Carro do Mês” não ficou restrita apenas ao Voyage: essa era uma campanha para alavancar as vendas que a Volkswagen brasileira adotava de tempos em tempos com seus modelos. Teve também Passat do Mês em 1984 e, depois, o Santana do Mês em 1986, mas desses dois eu falo mais para frente. E, para aumentar um pouco essa confusão, no final de 1986 existiram também alguns Passat “Nigéria” comercializados como “Carro do Mês”. Coisas dos anos 80…

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."

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