O que você precisa saber para ser seu próprio mecânico de confiança
Com as ferramentas e instruções certas, é possível fazer reparos e ajustes mais simples em seu carro na sua própria casa
Por William Marinho
Olá, amigos perdidos! Você já passou por algum perrengue na hora de contratar um serviço para seu carro? Não importa se você é um entusiasta conhecedor ou um leigo, certamente já teve aquela sensação de que foi enrolado. Ou que o problema não era tão complexo e caro quanto foi apresentado pelo prestador...
Ou pior: foi enrolado na cara dura. Pois é… Eu também. Com o passar do tempo, conforme vamos adquirindo conhecimento e experiência, a tensão gerada pelo medo de ser enrolado dá lugar à tensão por ter que ficar em cima do mecânico. Eu não consigo ficar tranquilo nas raras vezes que preciso levar meu carro numa oficina.
Quando confio no profissional, acabo ficando tenso para aprender algo que ainda não sei. A minha última experiência traumática foi com um “eletricista” que instalou meu alarme e substituiu as travas elétricas no carro… Foi um show de horrores. O cidadão não tinha o mínimo de ferramentas adequadas. Tudo na tentativa e erro, onde o pobre coitado do fusível pagava a conta dos procedimentos incorretos.
Para evitar um mau súbito da minha pessoa, tanto nesse exemplo como em outros tantos eu normalmente diminuo o escopo da necessidade (e até hoje meu carro só tem metade das portas com a trava elétrica funcionando corretamente), ou simplesmente não faço o serviço.
E você pode estar se perguntando por que eu trouxe à tona tantas memórias traumáticas que você enterrou sob pilhas de pneus e peças velhas, lá no fundo da mente... Explicarei! Há alguns anos resolvi completar a minha coleção de ferramentas básicas, com outras mais específicas para os automóveis. A primeira delas foi um leitor OBD.
Caso você não saiba para que serve, esta é uma peça que consegue acessar a ECU (Eletronic Control Unit, ou Unidade Eletrônica de Controle), mundialmente conhecida como central eletrônica.
Através de um leitor OBD, você consegue visualizar os parâmetros dos carros (algo mais comum em modelos de 2009 para frente) e mostrar na tela do seu celular os erros da injeção e alguns outros dados de funcionamento do veículo, facilitando assim o diagnóstico de problemas simples.
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Não é um cenário bonito, mas é terapêutico
Eu moro em apartamento, então tenho um fator complicador para montar uma oficina bem aparelhada. Algumas ferramentas mais profissionais são inadequadas para uso na vaga de garagem e para um armazenamento eficiente dentro do guarda roupas com desvio de função.
Mas algumas ferramentas imprescindíveis, caso você esteja querendo incrementar seu Vilson interior, são fáceis de armazenar em espaços reduzidos, como chaves fixas (ou chaves de boca), chaves allen, torx, phillips, etc.
Se você ainda não desistiu da ideia de fazer você mesmo alguns serviços na sua jabiraca, fique sabendo que, com uma vaga de condomínio, iluminação decente e muita disposição (bons amigos também ajudam bastante), você pode ir longe nessa empreitada.
Se sua garagem fica em subsolo ou tem iluminação pouco eficiente, o ideal é usar uma luminária própria, como as oficinas usam, ou faça como eu: um simples transformador 12 V para 220 V e uma luminária de escritório!
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Instalação da injeção eletrônica reprogramável Fueltech, com uma macarronada de fios
Bom, você pode estar se perguntando que tipo de serviços eu já realizei com esses recursos, digamos, limitados. Então vamos à lista: todas as manutenções básicas, exceto de troca de óleo, pela falta de onde armazenar o velho. Já montei toda a injeção eletrônica programável Fueltech do meu Fiat Palio, troquei acabamentos internos quebrados, faróis e a maioria dos serviços pequenos no meu xodó.
Obviamente, nem tudo são flores nas instalações improvisadas. Certa vez, um amigo (Antonio, que divide essa coluna comigo) e eu resolvemos, na madrugada anterior a um trackday, trocar as rodas do carro por outras que estavam montadas com pneus slicks.
O problema é que os parafusos, que eram perfeitos para as rodas com pneus convencionais, ficaram muito longos para as novas. Como não tínhamos mais tempo para comprar novos parafusos, resolvemos cortar dezesseis parafusos, usando como apoio uma mureta, e como ferramenta de corte um arco de serra. Tudo isso em uma vaga de subsolo, à uma da madrugada. Aconteceu, e deu super certo. Mas fácil... não foi.
Instalação de som automotivo, com fiscalização canina
Garanto que, com um pouco de paciência e alguns tutoriais de YouTube, você terá sucesso em alguns reparos mais básicos. Isso, além da economia de dinheiro, trará uma paz espiritual de não ter sido enganado pelo profissional lambão, e um crescimento interior que vem com aquela sensação de “eu consigo!”.
OBS: Atenção aos casados: a equipe do Perda Total não se responsabiliza por eventuais brigas ou divórcios desencadeados pelo vício adquirido em compra e estocagem de ferramentas em armários de cozinha e guarda roupas.
William Marinho, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.
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Imagens: Shutterstock e Acervo pessoal
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
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