Quando vale abastecer o carro com gasolina ou com etanol?
Em dúvida sobre qual combustível usar, já que os preços estão nas alturas? Estas dicas podem te ajudar a fazer o seu veículo flex render melhor
O brasileiro vem sofrendo com os constantes reajustes de gasolina, etanol e diesel em 2021. Diante de um cenário de combustíveis a preços tão salgados, uma pergunta vem ganhando relevância para quem carro com motor flex: quando vale abastecer com gasolina ou com etanol?
Para donos de modelos flexíveis a possibilidade de optar pelo combustível derivado do petróleo ou o da cana de açúcar, a depender dos valores praticados nas bombas, é quase uma luz no fim do túnel. Ainda assim, saber qual o líquido mais adequado e econômico para ter no tanque não é algo tão óbvio assim.
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Regra dos 70%: verdade ou lenda?
Durante muitos anos, perpetuou-se o paradigma de que abastecer um veículo com etanol só vale mais a pena quando seu preço por litro não supera o equivalente a 70% do valor da gasolina no mesmo posto.
Isso porque o combustível vegetal possui um poder energético cerca de 30% menor que o do mineral, o que se reflete em um consumo maior para realizar o mesmo trajeto. De fato, qualquer carro flex “bebe” mais etanol do que gasolina, e os tais 70% são um bom parâmetro de comparação. Mas não é um número tão definitivo assim.
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A diferença de consumo depende do tipo de veículo, a motorização que ele usa, o tipo de uso e até o estilo de condução. Nesse sentido, o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro dá bons indícios de cálculo.
Através dos números oficiais do órgão, podemos estabelecer uma boa previsão percentual, que poderá ser confirmada no dia a dia. Confira, abaixo, o percentual de eficiência em consumo de alguns modelos flex quando abastecidos com etanol em relação à gasolina, respectivamente nos ciclos urbano e rodoviário:
Jeep Compass T270: 70,6% (cidade) e 70,9% (estrada)
Fiat Toro Turbo 270: 69,1% e 74,1%
Hyundai Creta TGDi: 71,5% e 72,5%
Hyundai Creta 2.0: 70,6% e 70,2%
Nissan Kicks 1.6 CVT: 67,2% e 68,4%
VW Nivus 200 TSI: 71,9% e 71,2%
Fiat Strada Volcano 1.3 Manual: 69,4% e 70,7%
VW T-Cross 250 TSI: 70% e 70,4%
Fiat Argo 1.0 Manual: 69,7% e 70,8%
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Como podemos observar, em um Nissan Kicks o índice fica quase sempre abaixo de 70%. Já em uma Fiat Toro 1.3 turboflex, ele se aproxima de 75% em uso rodoviário. Ou seja: provavelmente será mais negócio abastecer sua Toro Turbo 270 com etanol ao viajar ou o seu Kicks 1.6 CVT com gasolina para rodar na cidade.
Ao mesmo tempo, um Hyundai Creta 1.0 TGDi 2022 é mais eficiente com etanol em relação à gasolina do que o mesmo SUV empurrado pelo propulsor 2.0 aspirado. Esta é só uma das muitas diferenças dinâmicas entre eles. Confira o comparativo entre as configurações.
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Ainda assim, o mais indicado é fazer comprovações práticas: se você usa o carro sempre nos mesmos trajetos, encha um tanque com gasolina e use até a reserva. Depois, repita o processo com etanol para conferir a diferença de autonomia e use esse percentual como norte ao entrar no posto.
Por fim, estabeleça estratégias de uso. Eu, por exemplo, costumo abastecer meu carro quase sempre com etanol para uso na cidade, mas quando preciso pegar a estrada em trajetos mais longos, encho o tanque com gasolina para ampliar a autonomia e não precisar abastecer em um posto desconhecido no meio do caminho.
Faço isso principalmente quando viajo a uma região em que os preços dos combustíveis são mais caros do que em São Paulo capital.
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Abastecer sempre com etanol é prejudicial ao carro?
O primeiro carro flex chegou ao mercado em 2003. De lá para cá, muita coisa mudou e a tecnologia evoluiu sobremaneira. A evolução dos projetos e dos materiais utilizados praticamente dirimiu características como a maior propensão à corrosão ou o menor grau de lubrificação do etanol.
Assim, boa parte dos manuais de proprietário já não impõe qualquer restrição quanto ao uso contínuo de etanol ou gasolina. De acordo com engenheiros e fabricantes, um motor flex moderno tem durabilidade similar de componentes seja qual for o combustível escolhido para alimentá-lo.
De qualquer forma, é sempre bom manter as revisões e manutenções em dia, a fim de detectar eventuais problemas, que não necessariamente terão a ver com o álcool hidratado. Pelo contrário: um processo como a carbonização do motor só vai acontecer através do uso constante de gasolina.
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