VW Amarok: o que a picape perdeu em não ter seguido passos da Ford Ranger

VW Amarok tem nova geração projetada junto com a Ford Ranger, mas não chegará por aqui

Renan Bandeira
Por
27.05.2024 às 23:30 • Atualizado em 12.11.2024

A Volkswagen Amarok está na mesma geração no Brasil desde os anos 2010. Ela será renovada no segundo semestre deste ano, mas receberá apenas um tapa no visual e nada além disso.

Mas basta olhar para o catálogo da Volkswagen na Oceania, parte da Europa e Oriente Médio para ver que isso não foi uma decisão unânime. Afinal, esses mercados recebem uma nova Amarok, fabricada exclusivamente na África do Sul, e que tem feito bem ao nome da picape.

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Voltando anos atrás na memória automotiva, uma notícia favorecia bastante o modelo da Volkswagen para o mundo: sua nova geração estava sendo construída em paralelo a Ford Ranger. Sim, as duas picapes teriam a mesma base e até motorização.

A parceria de Volkswagen e Ford nesse caso faria muito bem a Amarok. A proposta era bem parecida com aquela que vimos na indústria nacional na década de 1990, com a Autolatina. Mas, no meio do caminho, a fabricante alemã desistiu da picape como um projeto global... uma pena.

A nova Ford Ranger, que foi apresentada ao nosso mercado no ano passado, é quem prova isso. A opinião dos jornalistas especializados é unânime: o modelo da montadora americana ressignificou a proposta de uma picape média, e elevou (muito) o nível da categoria.

E isso era o esperado também para a VW Amarok. Como dito acima, a nova geração da picape não virá ao Brasil e será exclusivamente fabricada no continente africano, sem pintar na fábrica argentina que nos fornece o modelo. E vamos contar agora os principais pontos em que ela melhoraria.

Onde a VW Amarok vai bem

Desempenho: é uma picape média rápida na medida certa, e sem precisar pagar os quase R$ 450 mil de uma Ranger Raptor. O 0 a 100 km/h da Amarok acontece em apenas 7,4 segundos, sendo apenas 0,7 segundo mais lenta que um Jetta GLi.

Motorização: entre as picapes médias convencionais, a Amarok é a que tem mais potência. São 258 cv de potência e 59,1 kgfm de torque. Potência que pode aumentar para 272 cv com o sistema Overboost, que é um fôlego extra do V6 para auxiliar em ultrapassagens.

Tração: a tração nas quatro rodas não é um 4x4 parrudo para trilha como de Ford Ranger, Toyota Hilux e Chevrolet S10, mas sim um sistema integral sob demanda. Ele é permanente e não há seletor na cabine, atuando o tempo todo para corrigir a atuação do veícul

Dirigibilidade: a Amarok é uma das melhoras picapes para viajar. A suspensão é mais rígida e ela não pula tanto quanto as concorrentes, é mais larga e mais estável na estrada, além de vir com pneus de uso urbano, e não misto. Isso tudo ajuda na dirigibilidade. É parecida com um SUV para rodar, mas tem caçamba, e acelera melhor que muitos utilitários de passageiros vendidos no Brasil. O motor V6 e o câmbio automático de oito marchas são as cerejas do bolo.

Carga: é a picape média que mais leva carga. São 1.156 kg de capacidade de carga, em uma caçamba de 1280 litros - dimensões bem grandes também. Nos dois casos, é mais que a Ford Ranger leva atualmente.

Onde a VW Amarok iria melhorar

Visual: ter o mesmo visual há 14 anos, é complicado. A Amarok será renovada e já foi até flagrada com a frente mais puxada para a VW Saveiro, mas não terá o jeitão robusto que a nova geração apresentou, que impactaria bem mais o mercado.

Tecnologias: mesmo em sua versão mais cara, a Extreme V6, a picape da Volkswagen não oferece um ADAS, que é o pacote de assistências de condução e segurança, completo. A Amarok fica devendo frenagem autônoma de emergência, assistente de saída de faixa, alerta de ponto cego e outros sistemas.

A Ford Ranger já oferece, em sua versão mais completa, piloto automático adaptativo com função “para e anda” no trânsito, assistente de permanência e centralização em faixa de rodagem, alerta de tráfego cruzado em marcha ré, assistente de frenagem em marcha a ré com detecção de pedestres, alerta de ponto cego, câmera com visão 360º, assistente de manobra evasiva, assistente de cruzamento e navegador off-road. E é mais barata.

Conectividade: a multimídia da Amarok ainda é a Discovery Media. A tela é pequena e parece ainda menor na imensidão do painel frontal. Faz conexão de celulares Android e Apple CarPlay, mas deu alguns problemas durante os testes. Espelhamento travou algumas vezes e as músicas paravam e eram substituídas por um ruído, como se o rádio estivesse mal sintonizado.

A Ranger já oferece uma tela de 12 polegadas, vertical, com conexão de celulares sem fio. Além de ser visualmente mais interessante, o software é bem mais novo e funciona melhor. As informações do ar-condicionado são exibidas na tela também e, embora eu não goste tanto desse funcionamento, o sistema divide a tela em duas partes e não há perda de informações.

Além disso, a picape da Ford tem painel de instrumentos digital de 12,4 polegadas, enquanto a Amarok tem os mostradores analógicos.

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Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.

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