VW Gol GLS: como era a rara e mais luxuosa versão da história do hatch

O Gol é o carro mais vendido do país, com mais de 8.500.000 unidades produzidas, e rende muito assunto. Hoje, vamos relembrar o modelo mais luxuoso da gama: o Gol GLS.

Por conta de um mercado resistente, nos anos 70 e 80, a predileção nacional era por veículos com duas portas, fosse sedan, perua ou mesmo hatch. VW Passat, Ford Corcel, Ford Escort, VW Voyage, GM Chevette, entre outros, tiveram configurações com quatro portas, mas eram destinados, em sua maioria, para os serviços de Táxi.

Nos idos dos anos 90, isso mudou, e a concorrência já havia se atentado para as mudanças que o mercado impunha depois de anos e anos de resistência. Em 1991, a Fiat trazia o Uno CSL, o primeiro hatch quatro portas e, em 1993, o Mille recebia a mesma configuração. No ano de 1995, era a vez do Chevrolet Corsa receber a mesma configuração e, em 1996, chegavam Ford Fiesta nacional e Fiat Palio assim.

Lançada em 1994 como linha 1995, a segunda geração do Gol trazia a nova plataforma AB-9, uma evolução ante a plataforma BX. Mesmo com o motor ainda disposto na posição longitudinal, tinha mais espaço interno, maior rigidez torcional e conforto, principalmente para os passageiros do banco traseiro.

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Os fãs ficaram ansiosos para a chegada da versão quatro portas, mas isso demorou um pouco para acontecer, apresentada apenas em 1997 como linha 1998 na luxuosa versão GLS. A Volkswagen justificava que o projeto original previa apenas duas portas, e que foram necessárias uma série de adequações para que o modelo pudesse receber as duas portas a mais. Sim, as estratégias da Volkswagen eram um tanto diferentes.

Alterações nas colunas B e C, além de reforços estruturais foram feitos. Para se diferenciar do irmão maior, o VW Golf, uma janela, do tipo vigia, foi introduzida na coluna C, entre a porta traseira e o porta-malas. O resultado estético agradava em cheio, e o acesso ao banco traseiro era excelente, graças ao bom ângulo de 71,3º de abertura da porta traseira.

Mesmo assim, os passageiros do banco de trás ainda tinham pouco conforto, afinal, o entre eixos era o mesmo do modelo duas portas. As pernas iam encostadas no banco dianteiro, caso o motorista tivesse mais que 1,80 m. A cabeça também chegava próxima ao teto, graças a altura do assento do banco. O porta-malas, com 285 litros de capacidade, também não sofreu alterações, mas era adequado ao porte do carro naquela época.

Em versão inédita para um Gol, o GLS era o mais completo da gama, e tinha tudo o que se podia esperar de um hatch luxuoso e compacto daquele tempo. Como itens de série, trazia computador de bordo, vidros elétricos nas quatro portas, alarme antifurto, bancos Recaro com regulagem de altura para o motorista, banco traseiro bipartido, barras de proteção lateral, brake-light, cintos dianteiros com regulagem de altura, cintos traseiros de três pontos, controle interno manual dos retrovisores, limpador e desembaçador do vidro traseiro, direção hidráulica, faróis de neblina, hodômetro parcial, protetor do cárter, rádio toca-fitas, trava elétrica, vidros verdes, alarme, antena no teto e temporizador variável do limpador de para-brisas.

Como opcionais, o Gol GLS oferecia ar-condicionado (sim, era opcional) com filtro antipólen, freios ABS, airbag duplo, CD-player, controle elétrico dos retrovisores e porta-fitas.

Externamente, era identificado pelas belas rodas aro 14, calçadas com pneus Goodyear Eagle NCT2 185/60, além da logotipia GLS instalada nos frisos das portas traseiras e na tampa do porta-malas.

Seu motor 2.0 com injeção eletrônica multiponto a gasolina produzia 109,5 cv a 5.250 rpm e 17,0 kgfm de torque a 3.000 rpm, capaz de levar o luxuoso Gol de 0 a 100km/h em 11,8 s e chegar a 188,5 km/h de velocidade máxima.

O que impressionava, principalmente se considerada a cilindrada do motor e o peso de 1.082 kg era seu o consumo. Sem o uso de ar-condicionado, tinha boas médias de 10,1 km/l de gasolina na cidade e 14,5 km/l na estrada. Com o uso do ar-condicionado, as médias eram de 9,5 km/l de gasolina na cidade e 12,5km/l na estrada, mesmo assim, muito boas para a época e cilindrada do motor.

Lembrando que a média em estrada pode sofrer variação de 3 km/l para mais, dependendo do pé do motorista, altitude da cidade em relação ao nível do mar, qualidade do combustível, calibragem dos pneus, entre outros.

Custando R$ 22.500 em janeiro de 1998 ou R$ 104.280 corrigidos pelo INPC (IBGE) em outubro de 2022, o modelo era para poucos. Um VW Golf GLX, com motor 2.0 de 115 cv, mais espaço e mais status, custava US$ 23.070, equivalente a R$ 25.838 - com o dólar da época a R$ 1,12 – e a atuais R$ 119.753 corrigidos pelo INPC (IBGE), uma diferença considerada pequena. Embora o Golf tivesse mais espaço, maior conforto e o status de importado, o Gol tinha como argumentos a manutenção mais barata e seu valor de revenda.

Reza a lenda que foram fabricadas apenas 300 unidades do modelo, mas, na verdade, existem registradas atualmente em circulação, 380 unidades, sendo 14 delas fabricadas em 1997, 359 fabricadas em 1998 e 7 unidades fabricadas em 1999. Os dados são da PUP Consultoria, especialista em análise de dados e business intelligence.

Raro hoje em dia, o Gol GLS impressionou em seu tempo com sua qualidade e acabamento, e abriu suas quatro portas para as demais versões do carro mais vendido do Brasil.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em Comunicação Empresarial e Marketing Digital, e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua há 18 anos com gestão e consultoria automotiva, auxiliando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. É criador dos canais Autos Originais e Auto e Autos…

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