VW Santana CL 2.0 tinha luxo do ar-condicionado e sofria como rival do Monza

Sedan era rival do Chevrolet Monza e mistura luxo com simplicidade

LA
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07.08.2024 às 21:16
Sedan era rival do Chevrolet Monza e mistura luxo com simplicidade

O Santana foi lançado em 1984 como o primeiro carro médio da marca no Brasil. Era a segunda geração do Passat alemão, e apesar de ser um carro de luxo, podia vir, opcionalmente, com ar-condicionado, direção hidráulica progressiva, trio elétrico - fosse nas configurações de duas ou quatro portas - além de câmbio automático de três marchas, entre outros detalhes. Foi inclusive o primeiro Volkswagen nacional a oferecer esse tipo de câmbio

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Naquele tempo um carro de luxo era definido pelo seu porte, e não por seus opcionais. O Santana, na versão de luxo CD, mesmo básico em opcionais, surpreendia por um acabamento esmerado, suspensão macia, bom entre eixos e design moderno, com banca de importado. As versões mais simples também não decepcionavam, e mesmo a CS, a mais simples, fazia bonito na porta de um restaurante, afinal, era um Santana.

 

Com motor VW 1.8 carburado e 92 cv a 5.000 rpm e 14,9 kgfm a 2.600 rpm, se abastecido com etanol, e 86cv a 5.000 rpm e 14,6 kgfm a 2.600 rpm, quando abastecido com gasolina, seu desempenho agradava, ainda que carecesse de um pouco mais de fôlego graças ao peso do sedan.

 

Em 1985, com a chegada da versão Station Santana Quantum, toda a linha recebeu um novo motor 1.8 intitulado AP-800, que trazia novos pistões e bielas mais longas e mais leves. O AP-800 rendia e 94 cv a 5.000 rpm e 15,2 kgfm a 3.400 rpm, se abastecido com etanol, e 87 cv a 5.000 rpm e 14,9 kgfm a 3.400 rpm, quando abastecido com gasolina, uma evolução do VW 1.8 do Santana de 1984.

 

A concorrência atacava forte, e a GM, seu principal concorrente, lançava em 1986 o Monza 2.0, com potência de até 110cv (quando abastecido com etanol) e muito mais fôlego, e logo o Santana passava novamente a ser considerado lento.

 

Novas alterações no motor AP-800 tentavam compensar, e na linha 1987, além de um facelift onde o Santana recebeu para-choques envolventes, novas versões e frente exclusiva na versão GLS, seu motor agora recebia mais 2cv, tanto na versão a etanol quanto na versão a gasolina.

 

Pouco antes do lançamento da versão com motor 2000, em 1988, a Volkswagen começou a oferecer uma versão muito interessante: o Santana CL completo. Eu explico.

A versão CL, foi a substituta da CS, e trazia apenas o básico: direção mecânica, ar-quente, retrovisores internos com controle manual, vidros manuais, pré-disposição para rádio com 4 alto-falantes e antena, vidro dianteiro laminado (acredite, antes não era), tecido navalhado de trama mais grossa, rústica e menos macia nos bancos (o mesmo da linha GL do Gol), rodas aro 13 calçadas com pneus 185/70 e supercalotas.

 

Como opcionais, eram oferecidos 3 pacotes que tornavam o modelo muito interessante. O primeiro dispunha de rádio AM/FM Bosh San Franscisco e vidros verdes com para-brisas degradê, ao acréscimo de 8% do valor de tabela.

O segundo pacote, trazia, além dos itens do primeiro pacote, direção hidráulica e rodas de liga-leve, as mesmas da versão GLS, custando 15% a mais que o valor da versão básica. O terceiro e último pacote oferecia o ar-condicionado, totalizando 20,5% a mais que o valor da versão básica.

Em maio de 1988, a Volkswagen lançou o motor AP-2000, ou motor 2000. A versão a gasolina tinha 99 cv a 5.200 rpm, 16,2 kgfm de torque a 3.400 rpm, fazia de 0 a 100 km/h em 12,10 segundos, atingia 165 km/h, rodava 8,03 km/l na cidade e 12,02 km/l na estrada. Com etanol, eram 112 cv a 5.200 rpm, 17,3 kgfm de torque a 3.400 rpm, fazia de 0 a 100 km/h em 11,37 segundos, atingia 167,4 km/h, rodava 7,31 km/l na cidade e 9,22 km/l na estrada.

Era tão rápido quanto o Chevrolet Monza, mais resistente e ostentava o emblema 2000 na traseira. Este emblema significava tanta coisa àquele tempo, que logo passou a ser visto nas traseiras de vários Santana mais antigos com motor 1.8. Um perito sabia quando era um Santana 2000 fake pelo velocímetro: quando dotado do motor 2000, o velocímetro marcava até 220 km/h, ante a marcação até 200 km/h dos Santana com motor 1.8.

(Foto: reprodução/Século 20 Veículos de Coleção)

Neste ano, as versões GL e GLS passaram a receber teto solar opcional, além de tudo o que podia ser oferecido em um carro de luxo à época. A GLS, mais completa da gama, tinha como itens de série: direção hidráulica, vidros elétricos nas 4 portas, travas elétricas à vácuo (mais silenciosas), antena elétrica, retrovisores elétricos, cintos retráteis na dianteira e na traseira (mesmo que fosse 2 portas), Para-sol com espelho iluminado para passageiro, sistema de som com rádio toca-fitas Bosh Rio de Janeiro com 4 alto-falantes, antena elétrica (um charme), acendedor de cigarros, cinzeiro, econômetro no painel, além de rodas de liga-leve de 13” e faróis de neblina integrados. Como opcionais, apenas ar-condicionado (sim, era opcional mesmo na versão de luxo) e o lento, mas competente câmbio automático de 3 velocidades.

 

A versão CL era reformulada, onde o motor AP-800 continuava no catálogo, mas apenas na versão mais simples. A CL 2000, trazia os mesmos itens da CL 1.8, sendo ar-quente, retrovisores internos com controle manual, vidros manuais, pré-disposição para rádio com 4 alto-falantes e antena, vidro dianteiro laminado (acredite, antes não era), tecido navalhado de trama mais grossa, rústica e menos macia nos bancos (o mesmo da linha GL do Gol), rodas aro 13 calçadas com pneus 185/70 com supercalotas, e a grande estrela: direção hidráulica de série.

Única a receber opcionais, tinha os mesmos 3 pacotes que eram disponíveis na versão 1.8, reformulados, já que a direção hidráulica era de série. No primeiro, rádio AM/FM Bosch San Franscisco e vidros verdes com para-brisas degradê, ao acréscimo de 8% do valor de tabela da versão CL 2000. O segundo pacote, trazia, além dos itens do primeiro pacote, rodas de liga-leve, também as mesmas da versão GLS, custando 16% a mais que o valor da versão básica. O terceiro e último pacote oferecia o ar-condicionado, totalizando 20,5% a mais que o valor da versão básica. Não havia conta-giros, travas elétricas e nem comandos elétricos para os vidros, sequer como opcional, mas podiam os dois últimos podiam ser instalados nas concessionárias. Tudo isso era disponível também para a Quantum.

 

(Foto: reprodução/Brunelli veículos Antigos)

O modelo tinha ótimo custo-benefício, já que se aproximava em conteúdo da versão GLS. É claro que ficavam faltando os faróis de neblina, acabamentos externos, opção de teto solar e de câmbio automático, fora o acabamento interior com tecido em veludo, mas tinha as mesmas rodas do GLS, e caro leitor, era um Santana, o mesmo carro de luxo que causava a mesma boa impressão no restaurante ou no estacionamento do Shopping. Seu desempenho agradava, já que em média 70kg mais leve, podia ser ainda mais rápido que a versão GLS. Mesmo a falta de revestimentos acústicos entre o motor e a cabine não incomodava, afinal, o motor AP-2000 era o mais moderno de seu tempo, e não era ruidoso.

Há quem diga que o modelo era mais bonito, por ser mais sóbrio sem os cromados, e agradava bastante, já que com a diferença de preço se comparado a versão GLS, era possível comprar um GM Chevette 1982 (carro de 6 anos de uso) e duas boas motos de 150 cm³ 0km. Eram outros tempos!

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência.  Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.

https://www.instagram.com/autosoriginais

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