Avaliação: Fiat Argo Trekking, a amostra de R$ 80.000 do SUV Pulse

Abusando da fantasia aventureira como só a Fiat sabe fazer, versão do Argo dá alguns teasers sobre como deve ser o SUV em sua vertente mais barata

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21.07.2021 às 11:00 • Atualizado em 29.05.2024
Abusando da fantasia aventureira como só a Fiat sabe fazer, versão do Argo dá alguns teasers sobre como deve ser o SUV em sua vertente mais barata

Após muita relutância do antigo grupo FCA (atual Stellantis), que queria concentrar todo esse mercado nas mãos da Jeep, a Fiat finalmente vai se render aos SUVs. “Culpa” da rede de concessionários, que pressionou muito a fabricante para ter utilitários esportivos em seu portfólio. Por isso teremos em setembro o Pulse e em meados de 2022 o SUV cupê 376.

Se você não quer esperar tanto para ter um Fiat com características de utilitário esportivo na garagem, os caminhos atuais são dois. O primeiro é adquirir uma Toro, que possui a mesma plataforma e recursos mecânicos do Jeep Compass, mas no corpo de uma picape. Achou-a grandalhona e cara demais? O jeito é partir para o Argo Trekking.

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Lançada em 2019, a versão representa uma espécie de redenção e releitura das vertentes aventureiras de nossos hatches compactos, que tanto fizeram sucesso nos anos 2000 com seus com apliques plásticos exagerados, faróis auxiliares e quebra-matos desnecessários, suspensões elevadas e, claro, o malfadado estepe pendurado na tampa do porta-malas.

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Redenção porque trouxe novo fôlego a um segmento que andava totalmente em baixa. Diferentemente de outros pseudoaventureiros contemporâneos, o Argo Trekking foi bem aceito pelo mercado e é atualmente a segunda versão mais vendida do modelo, atrás apenas da opção Drive 1.0 manual. 

Releitura porque a roupagem caricata já descrita dois parágrafos acima, tão típica de modelos como a própria linha Adventure da Fiat, ficou no passado. Sim, o Argo Trekking ainda tem seus exageros, como os protetores de plástico bem proeminentes e os pneus de uso misto que dificilmente serão aproveitados devidamente, mas sua proposta é mais sóbria e justificada.

E, acredite, o falso aventureiro é capaz de antecipar algumas das características que estarão presentes no Pulse. Quer saber quais são elas? Confira nossa avaliação do Argo Trekking 1.3 manual, que já custa R$ 75.190 fora de SP e passa de R$ 83.000 se vier com o pacote mais completo de opcionais mais pintura sólida, metálica ou perolizada com teto bicolor. É do Estado de São Paulo? Então se prepare para pagar ainda mais caro: quase R$ 87.000.

Fiat Argo Trekking 1.3 MT 2022 – Preço: R$ 75.190. Pintura Branco Banchisa (sólida) com teto Preto Vulcano: R$ 950. Pacote Trekking Full: R$ 6.890. Total: R$ 83.030

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Design

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O Argo Trekking possui como principais diferenciais estéticos em relação às demais variantes do hatch os decalques alusivos à versão espalhados pela carroceria, sempre na cor preta com detalhes alaranjados. Há um adesivo no capô, outro nas portas laterais e mais um na base da tampa do porta-malas. Um quinto, mais discreto, traz apenas o símbolo da série no teto.

Além disso, molduras plásticas contornam laterais e caixas de roda, enquanto o para-choque traseiro com ponteira de escape trapezoidal vem da versão esportivada HGT. De exclusivo, ali, apenas o nicho da placa traseira com envelopamento em preto fosco, no mesmo tom das colunas laterais e da faixa que compõe o sopé das portas laterais.

Já as rodas de liga leve aro 15, opcionais, recebem acabamento em tom cinza escuro, enquanto o teto, o spoiler traseiro e as capas dos retrovisores externos ficam em preto brilhante. 

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Por dentro, o pacote opcional presente na unidade que testamos faz o revestimento dos bancos ser 100% em couro sintético, com costuras brancas. O estilo tira o apelo do banco de tecido com costuras alaranjadas, faixa central do encosto lombar parcialmente estilizada com xadrez de alto relevo e um bordado com o nome e o logotipo da versão.

Como se vê, as doses de aventurismo são mais comedidas do que já foram um dia, mas suficientes para fazer do Argo Trekking a configuração mais chamativa de toda a gama.

O Pulse terá um rosto próprio, claro, e talvez apenas dois elementos estéticos seus conversem com o meio-irmão Argo Trekking: as suspensões elevadas, as barras longitudinais de teto e as molduras de plástico nas laterais.

Afinal, o painel do Pulse, já vazado em flagra divulgado dias atrás pela Mobiauto, terá uma boa dose de renovação no comparativo com o do Argo, aproveitando do hatch apenas as chaves de seta e limpador de para-brisa, o computador de bordo digital de 3,5 polegadas nas opções mais baratas e, provavelmente, as manoplas de câmbio.

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Motorização e desempenho

O trem de força do Argo Trekking 1.3 manual é exatamente o mesmo que estará presente na versão de entrada do Pulse. O propulsor quatro-cilindros naturalmente aspirado flex de 1,3 litro da família Firefly tem a particularidade de preservar um cabeçote mais simples, com duas válvulas por cilindro e não quatro, como na maioria dos propulsores mais modernos.

Por um lado, a solução limita a elasticidade e a potência final. Por outro, melhora o torque a rotações baixas e médias, deixando um compacto como o Argo deveras ágil para arrancar de semáforos ou retomar nas marchas mais fortes. Tal característica, aliás, é acentuada pelo câmbio manual de cinco velocidades.

Isso porque a relação das marchas é muito, muito curta. Só não é mais curta que a da Strada 1.3. A quinta é solicitada antes dos 60 km/h, o que nos faz sentir falta danada de uma sexta marcha para rodar a giros menos altos em velocidade de cruzeiro na estrada. Tomara que o Pulse 1.3 manual traga essa novidade.

Motor: 1.3, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 8V, aspirado, flex, injeção eletrônica multiponto, comando variável de válvulas; taxa de compressão 13,2:1
Potência e torque: 101/109 cv a 6.250 rpm e 13,7/14,2 kgfm a 3.500 rpm (G/E)
Peso/potência: 10,4 kg/cv
Peso/torque: 79,6 kg/kgfm
Câmbio: manual, 5 marchas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 11,8 s (G) / 10,8 s (E)
Velocidade máxima: 180/184 km/h (G/E).

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Consumo

Apesar de ser afeito a rodar a rotações mais altas e de ter pneus que passam um pouco longe da busca pela maior eficiência na rodagem, o Argo Trekking é até econômico para um aventureiro altinho com motor aspirado que não é 1.0. 

Dentro do perímetro urbano é fácil mantê-lo rodando acima de 10 km/l com qualquer um dos combustíveis aceitos pelo motor. Em tempos de gasolina a R$ 6 o litro, nada mau ter um carro assim na garagem.

Consumo Inmetro: 9,2 km/l (E) e 12,9 km/l (G) na cidade / 10,2 km/l (E) e 14,3 km/l (G) na estrada.

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Dirigibilidade

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Como dissemos, o Argo Trekking traz uma suspensão sensivelmente elevada em relação às demais versões do hatch. Junte a isso os pneus Pirelli Scorpion ATR de uso misto, com ombros generosos e calçando rodas aro 15, e pronto: o ganho em vão livre chega a 6,1 cm, alcançando interessantes 21 cm.

Com essa altura, a maior do segmento, e que deve ser bem similar à do SUV Pulse, o Argo Trekking proporciona uma posição de dirigir até altinha para um hatch (também por conta do posicionamento do banco do motorista), além de um rodar mais tranquilo no sentido de transpor obstáculos sem medo de raspar o para-choque.

Como quase todo Fiat, as suspensões do compacto aventureiro demonstram boa dose de robustez para aguentar os trancos de nossas vias tão cheias de remendos e buracos, o que não necessariamente significa uma absorção de impacto primorosa. De qualquer forma, o Argo Trekking aguenta o tranco e o Pulse tende a conseguir o mesmo.

Já a direção elétrica é excessivamente leve e anestesiada. Como a Stellantis promete munir o Pulse de uma caixa de direção totalmente nova, esperamos que o SUV evolua nesse quesito.

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Pelo menos as manobras com o Argo Trekking ficam fáceis, e não apenas por causa da direção levinha. O diâmetro de giro de 10,4 m está na média do segmento (algo raro para um Fiat ou Jeep modernos), e há auxílio de câmera de ré e sensores traseiros de estacionamento.

Já os pneus, talvez exageradamente lameiros para a proposta do carro (eles são mais off-road que os Scorpion AT de uma Toro 4x4 diesel), comprometem um pouco a aderência e a eficiência em consumo no asfalto, mas ao menos contribuem para o conforto devido aos ombros altos.

Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensões McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios dianteiros a disco ventilado traseiros a tambor; diâmetro de giro, 10,4 m; Cx, 0,34; vão livre do solo, 210 mm; ângulo de ataque, 21°; ângulo central, 20°; ângulo de saída, 31,1°; carga útil, 400 kg; pneus dianteiros 205/60 R15; estepe temporário 175/65 R14.

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Conforto, acabamento e espaço interno

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O espaço interno do Argo Trekking é o mesmo de qualquer outra versão do hatch. E é, inclusive, o mesmo padrão que o Pulse deve oferecer. Não se deixe enganar pelo ganho de 1,2 cm no entre-eixos aventado pela fabricante. Trata-se de uma mudança mais ligada aos ângulos e posicionamentos das suspensões: a cabine do Pulse é rigorosamente a mesma do Argo.

Haverá mudanças importantes no painel, como já dito acima. O desenho geral da peça, dos difusores de ar, do volante e os comandos do ar-condicionado serão bem diferentes no Pulse, assim como os grafismos do quadro de instrumentos analógico nas versões de entrada.

Ainda de acordo com a Fiat, a estrutura dos bancos também mudará, o que significa que podemos ter novidades quanto à disposição dos assentos e, consequentemente, aos espaços para cabeças e pernas nas duas fileiras. Todavia, no Argo Trekking é possível rodar com quatro adultos de estatura média a bordo sem tanto sofrimento.

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Outro ponto positivo seu é o porta-malas, com bons (pelo menos em relação ao restante do segmento) 300 litros. No Pulse, uma das duas únicas mudanças na parte de estamparia estará justamente na tampa do bagageiro, o que pode acarretar algum ganho de volume.

Já o acabamento é predominado por plástico rígido, embora a Fiat tenha o hábito de apresentar texturizações mais criativas que as da concorrência. No Pulse, porém, o padrão não deve ser tão díspar assim, assim como o do VW Nivus muda muito pouco no comparativo com Polo e Virtus.


Dimensões: comprimento, 3.998 mm; entre-eixos, 2.521 mm; largura, 1.724 mm; altura, 1.568 mm; porta-malas, 300 litros; tanque de combustível, 48 litros; peso em ordem de marcha, 1.130 kg.

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Segurança, tecnologia e equipamentos

Esta deve ser a área em que o Pulse mais vai evoluir a partir do Argo, o que significa que a versão Trekking aqui avaliada tem pouco a contribuir para prevermos o comportamento do SUV.

De tudo que vem de série na versão aventureira do Argo 2022, apenas os controles de estabilidade e tração, o assistente de partida em rampa, os sensores traseiros de estacionamento e o monitoramento de pressão dos pneus devem seguir.

Opcionalmente, num pacote de quase R$ 7.000, o Argo Trekking traz a já mencionada câmera de ré e o revestimento em couro sintético nos bancos, além de chave com sensor presencial e partida do motor por botão (que não estarão presentes na opção mais básica do Pulse), ar-condicionado digital e bancos revestidos em couro sintético.

O ar digital será padronizado no futuro irmão mais novo, porém com outra régua de botões, conforme os flagras mais recentes do modelo revelaram. E a central multimídia terá (felizmente!) uma versão mais atual do sistema UConnect, com 7” nas opções de entrada e 8,4” nas de topo, sempre com projeção de celulares Android e Apple sem fio.

O quadro de instrumentos digital de 7”, vindo da Toro, comporá as versões mais caras, assim como o sistema Fiat Connect Me, Wi-Fi a bordo (pago à parte) e um pacote de assistências semiautônomas que deve incluir frenagem autônoma emergencial, alerta de ponto cego, assistente de permanência em faixa e controle de cruzeiro adaptativo (ou parte desses itens).

No Argo Trekking, o cluster é analógico com computador de bordo digital em tela TFT monocromática de 3,5”, que dá acesso a dados básicos de quilometragem, viagem, sistema de áudio e conectividade com o celular. Já a central UConnect 2 é antiga e problemática, com tela que trava o tempo todo e navegação GPS imprecisa.

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Argo Trekking 1.3 MT 2022 – Principais itens de série

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Visual: aerofólio traseiro na cor preto brilhante; barras longitudinais no teto; caracterização Trekking (adesivos no capô, laterais e tampa traseira, faixa do para-choque e logotipos Fiat em preto); molduras nas caixas de roda; para-choque traseiro exclusivo; ponteira do escapamento trapezoidal; pintura bicolor com teto, aerofólio e retrovisores externos na cor preta; pneus Pirelli Scorpion ATR de uso misto.

Segurança: alarme; alerta de limite de velocidade e manutenção programada; controles de estabilidade e tração; assistente de partida em rampa.

Tecnologia: faróis halógenos com luzes de posição em LED; faróis de neblina halógenos; quadro de instrumentos analógico com computador de bordo digital de 3,5”; central Multimídia UConnect de 7" com Android Auto e Apple Car Play; duas tomadas USB; sistema de som com quatro alto-falantes e dois tweeters; sensores traseiros de estacionamento; câmera de ré com gráfico dinâmico; monitoramento de pressão dos pneus.

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Acabamento e conforto: acabamento interno preto, tecido dos bancos com textura exclusiva e costuras laranjas, e outros detalhes internos exclusivos; volante multifuncional com regulagem de altura; ar-condicionado; banco do motorista com regulagem de altura; banco traseiro inteiriço rebatível; iluminação do porta-malas; limpador de para-brisas com intermitência; retrovisores externos elétricos com luzes de seta integradas e tilt down à direita; travas elétricas incluindo porta-malas, tampa do combustível e indicador de portas abertas; vidros elétricos com um-toque e antiesmagamento.

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Pacote Trekking Full (R$ 6.890): câmera de ré; rodas de liga leve aro 15" com cor exclusiva e pneus 205/60 R15; chave com sensor presencial e partida do motor por botão; ar-condicionado digital; bancos em couro sintético.

Conclusão

O Argo Trekking é um bom carro para quem quer transpor os muitos obstáculos das selvas urbanas brasileiras com boa dose de robustez e agilidade, além de ter um estilo aventureiro em uma medida menos espalhafatosa. Ele já traz características dinâmicas que o Pulse terá, só que por um preço menor e com um pacote de equipamentos bem mais simples.

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