Chevrolet Chevette tinha câmbio automático e assistente de rampa por R$ 14 mil

Compacto era moderno, nasceu da costela do Opel Kadett e fez sucesso no Brasil

LA
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11.09.2024 às 21:11 • Atualizado em 27.11.2024
Compacto era moderno, nasceu da costela do Opel Kadett e fez sucesso no Brasil

Em 1973 foi lançada no Brasil a quarta geração do Opel Kadett. Em época de regime militar, a Chevrolet rebatizou o moderno automóvel de Chevette (nome já usado no exterior para versões do Kadett), a fim de evitar qualquer associação à patente militar.

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Usava um moderno motor 1.4 (para a época) de 68 cv SAE (56 cv ABNT) a 5.800 rpm e 9,8 kgfm de torque a 3.800 rpm, capaz de levar o compacto sedan de 0 a 100 km/h em 19,10 segundos, e a 140,2 km/h de velocidade máxima, números muito bons para o início dos anos 70.

 

Concorrente do VW Brasília, Dodge 1800 e Ford Corcel, o GM fez muito sucesso pelo conforto, estilo e robustez, que foi comprovada com o passar dos anos. Com sua tração traseira, angariou fãs pela facilidade de uso em pisos difíceis, sendo um concorrente direto dos VW a ar, imbatíveis neste tipo de terreno, ou mesmo para manobras mais audaciosas e exibicionistas de alguns motoristas aventureiros.

 

Seu primeiro facelift foi apenas na dianteira em 1978, trazendo linhas mais fluidas e em compasso com os modelos mundo a fora. Em 1979 veio a reformulação de sua traseira com o lançamento da linha 1980 (coisas dos anos 70 e 80), ano em que era lançada a versão Hatch, com um design que agradou bastante, mesmo com sua ineficiente ergonomia, porta-malas pequeno e alto consumo. Nos idos de 1980, foi apresentada a linha 1981 com grandes novidades: o Chevette SR, inaugurando o motor 1.6, e a versão Station GM Marajó.

Em 1982 era apresentada a linha 1983 em uma grande reformulação, onde o modelo ganharia linhas mais modernas e equiparadas ao moderno GM Monza. Com sua frente em cunha e faróis retangulares, o modelo estava alinhado com os demais produtos da marca, e ficava realmente moderno. Nesta época, o Chevette tinha, além do motor 1.4, o motor 1.6, com 78 cv SAE (66 cv ABNT) a 5.800 rpm, 12,4 kgfm de torque a 3.600 rpm, que fazia de 0 a 100 km/h em 17,64 segundos e com velocidade máxima de 149,377 km/h.

(Foto: reprodução/propagandasdecarros.com.br)

Em meados de 1983 foi apresentada a picape Chevy 500, com capacidade de carga de 500 kg e tração traseira. Fez muito sucesso para quem a usava em terrenos difíceis, e ainda é vista rodando (e sempre a trabalho) pelo interior do país. A partir de 1984, o motor 1.4 sai de cena, permanecendo apenas a versão 1.6.

Em março de 1985 era apresentada a linha 86 do Chevette, onde o sedan, hatch, picape e wagon ganhavam conforto de carro médio com a opção de transmissão automática de 3 marchas. Naquele tempo, câmbio automático era privilégio de carros grandes e médios, como Ford Del Rey, GM Monza e VW Santana.

 

O novo opcional dava mais comodidade e status aos compactos, em tempo que as definições de conforto eram outras. Hoje é impossível imaginar um compacto com câmbio automático, sem ar-condicionado ou direção assistida, mas naquele tempo, até mesmo um VW Santana CD, modelo mais luxuoso da linha, poderia ter câmbio automático e não trazer os itens mencionados.

Carro mais vendido em 1983, o Chevette agradou seu seleto público com a transmissão. Sua alavanca tinha o tamanho da alavanca de câmbio comum, mas não atrapalhava o manuseio dos instrumentos ou mesmo das pernas. Com posições P, R, N, 2 e 1, tinha nas seleções 2 e 1 um aliado muito grande para as subidas mais sinuosas de serra: a tração traseira.

(Foto: reprodução/propagandasdecarros.com.br)

Seu andar era elogiado pela suavidade, sem trancos nas trocas de marchas, mesmo com o acelerador pressionado mais fundo. Outra comodidade era a função hoje conhecida como “assistente de rampa”, que a caixa automática já oferecia, mas sem nome técnico na ocasião. Com esta função, nas subidas que exigiriam a coordenação de embreagem, freio e acelerador, o motorista controlava apenas o acelerador, e mesmo em subida muito íngreme, o carro não descia para trás. Ah, hoje essa função é oferecida também em carros de câmbio manual.

Sua agilidade não era comprometida. Com o câmbio automático, fazia de 0 a 100 km/h em 17,66 s, ante 17,64 s da versão manual, e atingia 147,54 km de velocidade máxima, ante 149,37 km/h da versão de 5 marchas.

 

O aumento no consumo era pequeno, afinal, era o preço do conforto. Usando etanol, o automático fazia 6,9 km/l na cidade, contra 7,58 km/l da versão manual. Na estrada, a 100 km/h, fazia 10,66 km/l, contra 12,1 km/l da versão manual.

A frenagem e os demais pontos da linha Chevette não eram comprometidos, permanecendo o conforto e estabilidade de sua elogiada suspensão, o bom acabamento interno com detalhes bem cuidados e baixo nível de ruído. O que permanecia ruim era a ergonomia, com seu banco plano e com pouco apoio nas curvas e volante deslocado à esquerda, graças a uma economia de projeto.

Identificado apenas pelo logotipo “automatic” na traseira, o opcional custava sozinho Cr$ 3.854.442,00, ou R$ 14.162,49 hoje (INPC/IBGE). Foi oferecido até o final da linha do Chevette, e 1993. A marca, desde então, sempre ofereceu opções automáticas, fosse GM Kadett, GM Corsa, ou os já citados modelos médios, sendo uma opção para quem se agradava pela comodidade ou mesmo quem de fato precisava.

 

É certo que nos dias de hoje, o Chevette Automático seria visto com relativa frequência nas ruas, mas àquele tempo, era motivo de piadinhas, sendo taxado de carro de preguiçoso. Ainda bem que os tempos mudaram.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência.  Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.

https://www.instagram.com/autosoriginais

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