Chevrolet Corsa: o carro símbolo da melhor fase da GM no Brasil

Chevrolet Corsa revolucionou não só na GM, mas todo mercado

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01.03.2023 às 11:11 • Atualizado em 12.11.2024
Chevrolet Corsa revolucionou não só na GM, mas todo mercado

Os anos 90 foram, sem dúvidas, os mais competitivos no mercado automotivo nacional, e a categoria dos populares teve disputas acirradíssimas das marcas pela preferência nacional.

Desde a redução de 40% para 20% na alíquota do IPI vigente em 1990, que viabilizou o lançamento do Fiat Uno Mille, em 1990, as marcas competiam ferozmente para ter seu representante do segmento de populares.

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A Chevrolet  foi a segunda a entrar na disputa em 1992, mas com o que ela tinha na prateleira aos 19 anos. Nascia o Chevette Junior, um projeto bastante ultrapassado com tração traseira e com uma potência líquida de dar sono.

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Preciso ser honesto, pois a potência líquida em si era até melhor que a do Uno Mille. Enquanto o Fiat oferecia 48,8 cv a 5.700 rpm e 7,4 kgfm de torque a 3.000 rpm em 994cm³ de cilindrada. O Chevette Junior trazia 50 cv a 6.000 rpm com 7,2 kgfm de torque a 3.500 rpm, mas o resultado em desempenho era péssimo.

A concorrência

O Fiat fazia de 0 a 100 em 17s14, enquanto o modelo da Chevrolet fazia em longos 21s58. A velocidade máxima do Uno era de 136,1 km/h, enquanto o Chevettinho chegava a 131,3 km/h. Em consumo então, a coisa ficou ainda pior para a Chevrolet: 9,26 km/l de gasolina em cidade e 13,77 km/l em estrada ante 10,82 km/l e 14,31 km/l do Fiat, respectivamente. 

A culpa disso era da tração traseira, que graças a seu pesado conjunto mecânico composto por eixo-cardã e diferencial, roubava preciosos 12 cv, e a potência na roda não passava de 38 cv líquidos.

A modo de comparação, o recém-lançado Ford Versailles 2.0i Ghia Royale (nome grande, né?!) tinha motor 2.0 e fazia 9,22 km/l na cidade e 13,41 km/l em estrada, com 120 cv e 17,5 kgfm de torque ao pé do motorista. Não fazia sentido nenhum ter um Chevette Junior, que apesar de ser o popular mais barato do Brasil, bebia muito e não andava nada.

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No final de 1992, o VW Gol 1000 chegava com seu motor AE-1000 (vulgo CHT), 50cv, mais disposição e muito mais moderno, e olhe que seu projeto já estava cansado, com então 12 anos. A Volkswagen já tinha o Gol AB9, vulgo Gol bolinha, no forno, aguardando o momento certo de ser lançado, afinal, estratégia de guerra não faltava nesta época.

Nos idos de 1993, a Ford lançou o Ford Escort Hobby 1.0 com a mesma mecânica do Gol 1000 e um pouco mais de espaço, e graças a uma resolução do governo reduzindo a alíquota de veículos com motor 1.6 boxer e/ou de tração traseira (parece até que alguém foi privilegiado com isso).


A substituição do Chevette Junior

Os veículos com esses motores passaram a ter a chancela de popular, permitindo a volta do VW Fusca, redução do preço da VW Kombi e cogitaram inclusive lançar o VW Gol BX (sim, com motor boxer de 1,6 litro). Com isso, a Chevrolet tratou de substituir o Chevette Junior pelo Chevette L, com motor 1.6 e muito mais disposição.

Mas caro leitor, o mercado consumidor é também modista, e não entendia as vantagens de se ter um carro 1.6 com bom preço, a moda era o 1.0 (!).

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A hora do Chevrolet Corsa de brilhar

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A Chevrolet sabia que o Chevette não era mais competitivo, e já desenvolvia a sua versão do Opel Corsa desde que lançou o Chevette Junior, como em um jogo de xadrez, aguardou o momento certo para fazer sua jogada. 

Os planos eram lançá-lo apenas em 1995, mas com a movimentação da Volkswagen para lançar o Gol bolinha e da própria Fiat, que já desenvolvia o projeto 178 (o Fiat Palio), a Chevrolet antecipou o lançamento do carro em um ano. A primeira unidade foi fabricada em 21 de setembro de 1993, quando o estoque começou a ser formado, e em 10 de janeiro de 1994, era lançado no mercado nacional o Chevrolet Corsa.

Com muita inovação em um mercado saturado e atrasado, o Corsa trazia coisas até então impensadas para um carro popular em nosso mercado: injeção eletrônica, bom nível de acabamento, boa qualidade de construção e design em compasso com as versões do Corsa pelo mundo.

Com a missão de “embelezar a garagem do cliente”, palavras do então vice-presidente da GMB André Beer, o Corsa deu muito trabalho para concorrência, e se deparou até mesmo com a prática de ágio* para quem queria ter um desse na garagem.

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Usando a plataforma A, lançada no exterior em 1982, trazia um design atualizadíssimo e linhas arredondadas, com formato em cunha e ótimo coeficiente aerodinâmico, ou Cx, de 0,35 – contra 0,45 do Gol quadradinho.

O conforto também era inovador, e sua versão de lançamento, a Wind, trazia de série ajuste de altura dos cintos dianteiros, banco traseiro inteiriço rebatível, porta-objetos, retrovisor do lado direito, além de um acabamento primoroso com bancos revestidos em tecido e bastante confortáveis, volante de 2 raios espumado com ótima empunhadura, vidros verdes, além de injeção eletrônica single-point, ou monoponto.

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Como opcionais, a versão oferecia acendedor de cigarros, ajuste interno dos retrovisores, ar quente, banco traseiro rebatível em 1/3 e 2/3, antiembaçante, limpador/lavador do vidro traseiro, para-brisa degradê, pintura metálica ou perolizada, alarme, fiação para sistema de som e trava elétrica das portas.

Seu motor de 1,0 litro era moderno, silencioso, e fornecia 50 cv a 5.800 rpm com 7,7 kgfm de torque a 3.200 rpm que, acoplado a um eficiente câmbio de 5 marchas de relações longas, mas com diferencial curto (4,53:1), faziam do Corsa um carro muito agradável de ser conduzido.

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Fazia de 0 a 100km/h em 19s77, e chegava a 142km/h de velocidade máxima. Imbatível no consumo, trazia números relativamente atuais até mesmo para os dias de hoje: 13 km/l de gasolina na cidade e 15,3 km/l na estrada. Esses números melhoraram ainda mais dois anos depois com a chegada do Corsa Super, com 60 cv e câmbio com diferencial mais longo.

A concorrência se mexeu e logo a Fiat lançou o Uno Mille ELX, “o popular de luxo” como ela mesmo chamava. Com nova frente (igual as demais versões da linha Uno), novo painel, volante de 4 raios espumado, ênfase nas 4 portas e o ar-condicionado (opcionais) e um acabamento bem mais caprichado, o ELX manteve o Mille forte no segmento.

A Chevrolet respondeu com o Corsa GL, sua primeira versão mais luxuosa lançada também em 1994. Tinha motor 1.4 e injeção eletrônica monoponto EFI, regulagem de altura dos cintos de segurança, banco traseiro bipartido 1/3 e 2/3, preparação para som e vidro dianteiro degradê, painel com conta-giros, além de um acabamento ainda mais esmerado, com veludo de boa qualidade nos bancos e muito bonito.

Oferecia como opcionais ar-condicionado, ar quente, vidros elétricos com sistema de "um toque" e antiesmagamento, travas elétricas, alarme antifurto, iluminação no porta luvas e porta-malas, sistema de advertência sonoro dos faróis ligados, antiembaçante, limpador/lavador do vidro traseiro, vidros verdes, sistema de som com toca-fitas e rodas de liga leve aro 13 ou 14 (muito raras), além de pintura metálica.

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Com 60 cv no motor a 5.200 rpm e 11,1 kgfm de torque a 2.800 rpm, fazia de 0 a 100km/h em 15s39, 11,81 km/l de gasolina na cidade e média de 14,48 km/l na estrada.

Meses depois, a VW lançava o Gol geração 2, vulgo “Gol bolinha”, passando a ser o principal concorrente do GM Corsa até a chegada do Fiat Palio, em 1996.

Em 1995, a GM lançava a versão 4 portas para o modelo GL, aumentando ainda mais o conforto de seus viajantes, e as vendas deste grande sucesso dos anos 90. No final do mesmo ano, chegava também no mercado a versão sedan, que seria sua versão mais longeva e de maior sucesso, ao qual eu falarei mais para frente.

Como eu disse no começo: os anos 90 foram, sem dúvidas, os mais competitivos no mercado automotivo nacional, e contarei em breve mais detalhes deste que foi um dos maiores sucessos da GM do Brasil.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em Comunicação Empresarial e Marketing Digital, e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua há 18 anos com gestão e consultoria automotiva, auxiliando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. É criador dos canais Autos Originais e Auto e Autos…

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