Marea bomba, luz de injeção da GM: explicando os memes automotivos

Internautas não perdoam e os veículos viram protagonistas de diversos memes. Mas quais deles são reais e quais exageram na dose?

Renan Bandeira
Por
28.12.2020 às 12:00 • Atualizado em 29.05.2024

A pandemia do novo coronavírus chegou e prejudicou a indústria automotiva brasileira. Lançamentos foram adiados; emplacamentos, prejudicados; fábricas chegaram a parar totalmente; mas uma coisa não parou por aqui: a indústria de memes automotivos.

Quem é amante de carros e faz parte de grupos de veículos nas redes sociais sabe que as brincadeiras não têm fim, principalmente quando o assunto é Fiat Toro, Jeep Renegade, Fiat Marea, luz de injeção da GM e a polêmica geração MK4,5 do Golf.

Publicidade

Mas será que todos eles representam de fato a realidade ou não passam de exagero? A reportagem de Mobiauto foi atrás da resposta. Confira:

Confira o valor do seu carro na Tabela Fipe

Fiat Toro é meme ou picape?

São diversos os posts falando que a Fiat Toro não é picape como as outras do segmento de médias. O principal motivo da brincadeira é sua estrutura monobloco, que a torna menos “parruda” que a de outras picapes médias com chassi de longarina.

Além disso, vídeos do veículo da marca italiana com dificuldades para superar circuitos de terra viralizam. 

Isso faz dela menos picape que as outras? Depende. Sua estrutura monobloco faz o público em geral comparar sua capacidade de carga com as de automóveis convencionais, e as versões 2.0 turbodiesel de 170 cv e 35,7 kgfm de torque provam o contrário, já que podem carregar 1.000 kg.

Quem fica devendo e gera a má fama é a Toro flex. Seu motor ainda é o E.torQ 1.8 de 139/135 cv e 19,3/18,8 kgfm de torque (etanol/gasolina), o mesmo utilizado pela antiga geração da Strada. Além de beberrona, a picape tem capacidade de carga de apenas 550 kg - menos do que pode carregar a nova Strada Cabine Plus: 720 kg.

O motor mais fraco e a tração nas rodas dianteiras das versões de ciclo Otto são os fatores que prejudicam a picape a fazer percursos off-road, tornando ela um meme por conta de sua categoria, afinal, mesmo que tenha proposta direcionada ao perímetro urbano, sempre espera-se que um veículo do tipo tenha DNA aventureiro.

Leia também: Donos do Nivus reclamam de apagão e outras falhas na central VW Play

Renegade honra a marca Jeep?

Este aqui compartilha motor e plataforma da irmã Toro, e também não escapa das páginas de humor automotivo.

A verdade é que a história da Jeep prejudica o Renegade. Sempre que o nome Jeep é mencionado, é comum lembrar dos Wyllis, Wrangler e Rural, por exemplo. A questão é que os avós do Renegade tinham uma proposta completamente distinta.

Eles tinham carroceria, tração 4x4 e reduzida, pouco conforto e muita disposição nas estradas de terra, tanto que o nome da marca virou sinônimo de veículos valentes para o off-road, os populares... "jipes". Já o Renegade é um SUV compacto predominantemente urbano.

Embora carregue a mesma marca e tenha um pouco do DNA de seus antepassados nas versões diesel 4x4, a proposta do modelo é de que seja um veículo para uso prioritário na cidade - assim como explicamos acima no caso da Toro - principalmente quando se trata das opções 1.8 flex.

Sem entender a proposta do modelo, os proprietários acabam utilizando as versões flex na terra ou em dunas de areia. Embora tenha visual aventureiro, as opções falham nas missões off-road e o veículo vira alvo de piadas. Renegade é Jeep, mas não é jipe. Principalmente se for o flex.

Leia também: Novo Hyundai Creta terá visual ainda mais polêmico que o HB20

A luz da injeção GM sempre acende. Fake?

aria-label="Imagem do conteudo da noticia" className='img-news-content'

Qual proprietário de Chevrolet nunca ouviu: “Se seu GM não acender a luz da injeção, é porque a lâmpada está queimada”?

Pois acredite: ver a luz da injeção eletrônica acender nos veículos da marca americana é verdadeiramente comum. Ao que tudo indica, o motivo é a calibração do sistema, que busca manter o motor funcionando o mais próximo da perfeição.

Ou seja, qualquer erro de programação da central eletrônica, problema no bico injetor, nos sensores e até mesmo combustível adulterado podem fazer o painel acender.

Como as demais luzes do painel de instrumentos, sua função é alertar o condutor que há uma anomalia. No caso do sistema eletrônico, um aparelho pode fazer a leitura do problema ao ser conectado à ECU e indicar de forma precisa onde está o erro.

Ou seja, não é fake. Mas vale lembrar que a precisão da calibração, motivo por fazer a luz da injeção acender, é um dos importantes fatores por trás da durabilidade dos motores da marca, já que alerta precocemente que algo está funcionando fora do normal e impede que o defeito prejudique mais seu funcionamento.

O problema é que, se as variáveis são tantas, é comum o motorista ficar perdido e sem conseguir entender qual o possível defeito sempre que a luz calha de acender.

Leia também: VW Golf morre no Brasil após 25 anos. Relembre a trajetória

Golf MK4,5 é Gol versão F?

aria-label="Imagem do conteudo da noticia" className='img-news-content'

Trata-se da geração mais polêmica do hatch médio da Volkswagen (que na verdade é um facelift da geração 4). Diferentemente das outras, esta não foi lançamento mundial e teve suas vendas restritas ao Brasil, como uma forma de suprir a ausência das gerações 5 e 6, que não desembarcaram aqui.

A piada que envolve o modelo está relacionada ao seu motor EA111 1.6, que equipou o veículo até o fim da geração 4,5, em 2013. Herdado da MK4, o motor foi se tornando manco com o tempo, por não acompanhar a evolução dos concorrentes.

Gerando apenas 104 cv de potência, acabou ganhando o apelido de Gol versão F por parte dos internautas. Faz sentido? Nesse caso, se tornou um exagero. Claro que é comum esperar que hatches médios sejam equipados com motores mais potentes do que os veículos de entrada, e a Volkswagen pecou em manter o EA111 sem nenhuma atualização, ainda mais quando ele também era usado pelos primos menores Fox, Polo e Gol.

No entanto, mesmo que Gol e Golf contassem com o mesmo conjunto sob o cofre, o visual, as dimensões e status dos veículos eram bem diferentes. Com isso, o modelo era superior aos outros do catálogo da marca alemã.

Ele fica devendo em comparação com os Chevrolet Astra e Ford Focus, que já possuíam motores 2.0 de 140 e 148 cv, respectivamente, em 2011, enquanto seu 2.0 gerava 120 cv.

Leia também: Oito carros com manutenção mais assustadora que sexta-feira 13

Marea é bomba?

aria-label="Imagem do conteudo da noticia" className='img-news-content'

O Fiat Marea é um dos maiores memes das redes sociais. O sedan médio foi lançado pela marca no Brasil em 1998 com o objetivo de suceder o Tempra por aqui.

Quando surgiu no mercado nacional, tinha atributos suficientes para dominar o segmento: a tecnologia era inovadora, enquanto o bom pacote de itens complementava o design do modelo, que estava à frente de sua época.

Mas, ao que parece, um erro no manual do proprietário fez o tiro sair pela culatra e o veículo pegou a fama de bomba. No documento, a fabricante informava que a troca de fluido deveria ser feita a cada 20 mil quilômetros, igual ao modelo vendido na Europa. 

Mas, alguém esqueceu que, por aqui, a gasolina contava com etanol em 22% de sua composição, o que aceleraria o processo de troca do componente. Dessa forma, tornou-se inevitável a criação de borra, superaquecimento e até incêndios, fazendo do Marea bomba um meme verídico.

VW: cara de um, focinho do outro

aria-label="Imagem do conteudo da noticia" className='img-news-content'

Outro assunto comentado nas redes é o design dos veículos da Volkswagen. Desde que lançou sua primeira linha completa de veículos compactos, a marca deixou claro que seria uma família. A chegada do Gol, em 1980, deu início a tal filosofia de design, termo usado atualmente para justificar as linhas idênticas de modelos de uma mesma marca.

O Gol veio primeiro e compartilhou suas características com a perua Parati, o sedan Voyage e picape Saveiro. Isso foi o início do meme: todos os Volkswagen são iguais!

A marca obteve sucesso com a venda dos modelos e, claro, economia na produção, já que os moldes de estamparia da coluna B até a extremidade do balanço dianteiro eram os mesmos para todo o seu catálogo de compactos.

Se a proposta deu certo, nada mais natural que replicá-la nas gerações seguintes dos modelos, não é mesmo? 

Só que, nos últimos anos, a VW tem adotado basicamente uma mesma identidade visual para todos os seus carros, desde o pequenino Gol até o grandalhão Tiguan, passando por Voyage, Polo, T-Cross, Jetta, Nivus... Há mudanças pontuais, claro, mas os traços sóbrios e a abordagem quase sempre conservadora, repetidas vezes, só reforçaram o meme.

Talvez você também se interesse por:

Citroën C3 enfim muda em 2021 e traz junto SUV e sedan
Por que um motor flex bebe mais com etanol?
Nova Strada Cabine Plus aguenta o tranco como a antiga?
O que o Jeep de 7 lugares herda do Compass 

Mobiauto: um jeito inteligente de comprar e vender carro

 

Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.

Publicidade
Outras notícias
Publicidade