Maverick V8 vira monstro 4x4 com tração de Willys e direção de Omega
Adaptação feita por customizador do Paraná levou 12 anos para ficar pronta e preserva o monobloco original do modelo
“A ideia foi unir a paixão pelo muscle V8 e o poder do 4x4”, disse o customizador de veículos Rodrigo Otávio Nascimento, de Curitiba (PR), proprietário do Ford Maverick Monster, quando questionado sobre o motivo de ter dado ao Mavecão pneus enormes e tração de jipe.
O Ford Maverick chegou ao Brasil em 1973 com a missão de fazer frente ao Chevrolet Opala. Com visual inspirado nos muscle cars americanos - país de origem de sua fabricante -, o modelo ganhou espaço rapidamente no mercado, que era dominado pelos modelos refrigerados a ar da Volkswagen.
Durante sua trajetória por aqui, foi equipado com motores quatro-cilindros 2.3 de 99 cv, seis-cilindros 3.0 de 112 cv e o famoso V8 5.0 de 197 cv. Este último era o destinado a conter a ofensiva dos importados da Dodge. E é justamente ele quem move o protagonista desta história.
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Segundo o customizador, a ideia do projeto veio antes mesmo de adquirir o Ford. O sonho de montar um muscle 4x4 se tornou realidade no início deste século, quando, em 2000, Rodrigo adquiriu o Maverick SL 1976 na cor vermelha.
A cor foi a primeira surpresa do projeto. “Quando comprei já era vermelho, mas descobri que a cor original era amarela”, disse o proprietário. Mas, como pode se ver nas fotos cedidas gentilmente por Pyetra Nascimento - filha de Rodrigo -, o vermelho foi mantido.
No início da construção do Mavecão 4x4, Nascimento tinha apenas 20 anos e utilizava as técnicas aprendidas na mecânica 4x4, em que trabalhava durante o dia, para dar sequência à construção do jipe à noite.
É comum que em customizações para trilha ocorram unindo a carroceria do veículo pretendido a uma estrutura em chassi de longarina que já tenha a caixa da transmissão manual com tração 4x4 e reduzida.
O motivo é simples: robustez. O chassi de longarina - que é base de construção das picapes médias vendidas no Brasil - é mais “parrudo” que o monobloco, que compõe os modelos populares vendidos no mercado nacional. Já o fato de ter a transmissão propícia para o off-road é o facilitador que diminui o número de adaptações durante o processo de fabricação.
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No caso do Maverick, o customizador manteve a estrutura do modelo e fez leves adaptações para encaixar todos seus itens. “Ele não possui chassis [de longarina]. Comprei o carro e, durante a restauração, fui adquirindo as peças para a transformação. Muitas outras partes eu mesmo fui confeccionando”, afirmou.
A primeira etapa foi a funilaria. Depois vieram as adaptações para o carro receber motor, câmbio, tração, suspensão, direção e gaiola de proteção. Esta última, segundo o dono, é a principal responsável por manter o carro seguro e é ligada a toda a estrutura monobloco - que é original.
“Tudo é interligado na gaiola interna, que serviu como subestrutura para reforçar a estrutura do carro. É como se fosse um chassi interno. Desde a frente, na fixação do motor e caixa, até a traseira do carro no ponto de reboque, passando por toda a suspensão”, disse Rodrigo.
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A receita do projeto é suculenta. Começa pelo já citado motor V8 de 197 cv. Essa configuração de propulsor é original dos Maverick da época, mas o motor do Maverick Monster 4x4 veio de um Ford Landau, que também usava os 302 dos chamados "blocos pequenos" americanos.
Ele é aliado à transmissão manual de cinco marchas da Ford F1000 norte-americana - com sistema overdrive no lugar da quinta marcha -, que substitui o tradicional câmbio manual de quatro marchas com acionamento pelo assoalho, original do SL na época.
O sistema de tração e reduzida vem dos jipes da família Willys, mas, para permitir o seu acionamento, Rodrigo fabricou uma falange.
Com isso, o antigo conjunto motriz que fazia o Maverick acelerar de 0 a 100 km/h em 11 segundos deu lugar à força bruta. E um dos principais sinais de que o muscle abandonou as pistas para se aventurar no off road é o sistema de suspensão.
O conjunto com eixo dianteiro independente e o traseiro do tipo eixo rígido com molas helicoidais deu lugar a sistemas fourlink e com feixes de mola, respectivamente. Outra mudança está nos jogos de rodas, que trocaram os tradicionais pneus 235/60 R14 por modelos para uso fora de estrada com incríveis 35 polegadas de diâmetro.
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Os novos conjuntos estão presos aos eixos Dana 44, da Rural Willys, que substituíram os originais do Ford. E se você pensa que acabou, está enganado.
Rodrigo ainda instalou uma embreagem com atuador hidráulico e adaptou a direção hidráulica do Chevrolet Omega para aliviar todo o peso do projeto na hora de guiar na trilha.
Questionado sobre as dificuldades para a montagem do projeto, o proprietário diz que não houve problemas, porque mesmo que as peças utilizadas sejam de veículos diferentes, o encaixe foi feito facilmente.
“Tudo se encaixou como uma luva. Parecia até que o carro já tinha uma preparação para um upgrade desses, mesmo que eu tenha elaborado e desenvolvido todas as partes”, disse Nascimento.
Foram tantas mudanças que o proprietário se perdeu nas contas dos gastos. Questionado sobre o valor do investimento, estima que “hoje não sairia por menos de R$ 100 mil”.
Toda a construção levou 12 anos. Segundo ele, o veículo impressionou por, logo no primeiro teste na terra, ter feito o circuito sem problemas. “Já na primeira viagem, fomos para uma trilha distante e ele se comportou de forma impressionante, sem nenhum problema”, disse.
Com o veículo já montado, os planos para o futuro ficam concentrados em duas questões. A primeira delas é a tão sonhada regularização, que busca há tempos, mas que tem seus empecilhos porque, segundo ele, as modificações feitas no Maverick costumam ser aceitas só em picapes.
O passo seguinte é… vender o Monster 4x4. Isso mesmo! Oito anos após concluir o projeto e utilizá-lo em suas aventuras, Rodrigo acredita que chegou a hora de passar o Mavecão lameiro para frente.
A pedida é R$ 120 mil. E, segundo o dono, “o Maverick se encontra em ordem de marcha. É só acelerar!”
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