Meu primeiro carro automático: o que saber antes de comprar
Cada vez mais presente nos carros novos, a transmissão automática é mais fácil de usar do que você imagina
Por Fernando Vasconcellos
Se num passado não muito distante os carros automáticos eram vistos com desconfiança - principalmente por questões relacionadas ao maior consumo de combustível e manutenção mais cara - hoje eles já representam mais da metade dos emplacamentos de automóveis e comerciais leves no país.
E essa preferência do consumidor brasileiro pela transmissão automática tende a aumentar nos próximos anos, relegando o câmbio manual aos modelos mais populares e, por fim, aos museus.
Segundo um levantamento da consultoria Bright Consulting, ao qual a Mobiauto teve acesso em primeira mão, 55,5% dos carros novos vendidos no Brasil no primeiro semestre deste ano eram automáticos, superando a fatia de 44,5% dos manuais.
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Satisfeita com o seu Jeep Renegade, a dentista Fernanda Ferreira, de São Paulo (SP), faz parte dos consumidores que trocaram o carro manual pelo automático recentemente. “Gostava do meu Volkswagen Fox, mas queria um SUV por ser mais altinho e sempre achei o Renegade bonito. E, ainda por cima, aproveitei a comodidade do câmbio automático”, explica.
Apesar da crescente procura por carros automáticos nos últimos anos, muitos motoristas ainda não têm familiaridade com veículos equipados com esse tipo de câmbio, o que acaba gerando dúvidas sobre a maneira correta de dirigir um veículo que dispensa a troca de marchas por parte do motorista.
O funcionário público aposentado José Ronaldo da Silva, também morador da capital paulista, é um exemplo de motorista que, por receio de não se adaptar à “novidade”, levou algum tempo para se convencer a trocar o seu Honda Fit manual por outro mais novo com transmissão automática.
“Sempre gostei de dirigir, e pensava que ia achar o carro automático sem graça. Em pouco tempo me acostumei com o [câmbio] automático pela comodidade e, principalmente, pelo conforto no trânsito, pois não preciso trocar de marchas o tempo todo”.
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O que preciso saber antes de ter um carro automático?
Se você nunca dirigiu um carro com caixa automática, é importante saber como funciona esse tipo de transmissão. Apesar de terem o mesmo conceito, existem diferentes tipos de câmbio que dispensam a intervenção do condutor na hora de trocar as marchas.
O tipo mais presente na maioria dos carros é o câmbio epicíclico, composto por um conjunto de engrenagens planetárias e um conversor de torque hidráulico, que realiza função parecida com a da embreagem para transmitir a força do motor para a transmissão. Uma central eletrônica define as trocas de marchas de acordo com a rotação do motor, pressão no pedal do acelerador e velocidade do veículo.
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Outra variante de transmissão automática bastante utilizada pelos fabricantes é CVT (sigla em inglês para transmissão continuamente variável). Ela substitui as engrenagens por um par de polias de diâmetros variáveis, ligadas por uma correia metálica de alta resistência. Uma das polias é ligada ao motor do carro por meio do conversor de torque, enquanto a outra é conectada ao diferencial para transmitir a força do motor às rodas.
Conforme o diâmetro de uma das polias diminui, o da outra aumenta. Dessa forma, a relação de transmissão dos eixos é alterada. A relação do diâmetro entre as polias e a variação da velocidade de rotação definem a força enviada às rodas, fazendo o motor trabalhar quase sempre no giro ideal.
Há também as transmissões automatizadas. Elas têm operação semelhante à das caixas automáticas, mas a sua construção é diferente, uma vez que utilizam uma ou mais embreagens para transmitir a força do motor ao câmbio. Atualmente, no Brasil, só existem modelos automatizados de dupla embreagem.
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Como dirigir um carro automático?
Existem diferenças no modo de conduzir um carro manual e um automático. A primeira delas é a ausência do pedal de embreagem, no segundo caso. O câmbio troca o número de marchas por funções definidas por letras. Veja abaixo o significado de cada uma delas:
· P (Park): usada somente para estacionar o veículo, uma vez que bloqueia a transmissão;
· R (Reverse): é a marcha à ré, acionada em manobras;
· N (Neutro): é o ponto morto do câmbio automático;
· D (Drive): aplica a primeira marcha e movimenta o veículo para frente, executando também as trocas de marchas;
· L (Low): marcha de maior força, indicada para subidas íngremes com o veículo carregado ou para aproveitar mais o freio-motor em descidas.
Algumas caixas automáticas ainda possuem as funções S (Sport), que estica as marchas para priorizar o desempenho numa condução mais esportiva, e M (manual), que permite ao condutor fazer trocas ascendentes (+) ou descendentes (-) na própria alavanca ou em aletas no volante, conforme já explicado.
Há ainda câmbios automáticos com números, que definem a marcha limite de operação. Por exemplo: se o motorista colocar a alavanca no número 2, a transmissão vai trabalhar apenas até a segunda marcha. Essa função é utilizada em situações que exigem mais força do veículo, como reboques e atoleiros (no caso de picapes e utilitários), ou para otimizar o freio-motor.
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Agora que você já sabe o significado das letras do câmbio automático, veja a seguir algumas instruções de como dirigir um carro equipado com esse tipo de transmissão. Antes de tudo, acomode-se no banco do motorista como se fosse dirigir um carro manual. Ajuste os espelhos retrovisores, o banco e afivele o cinto de segurança.
- Partida: Antes de ligar o motor do carro, pise no pedal de freio e certifique-se que a alavanca do câmbio está na posição “P”.
- Use apenas o pé direito: Para não se confundir, pelo menos inicialmente, esqueça o pé esquerdo. Você precisará apenas do direito para acelerar e frear o carro (como já faz em um veículo manual). Uma dica é deixar a perna esquerda dobrada até se acostumar a usar somente a direita para controlar os pedais do carro.
- Solte o freio devagar: Após dar a partida no motor e colocar o câmbio na posição “D” e liberar o freio de estacionamento, vá soltando o pedal de freio suavemente. O carro vai começar a se movimentar lentamente. Para ganhar a velocidade, acelere progressivamente até atingir a velocidade desejada.
Geralmente, as manobras em marcha à ré exigem apenas o controle da velocidade por meio do pedal de freio, pois o carro já se movimenta sozinho sem precisar de aceleração.
- Estacionando: A maioria dos motoristas coloca a alavanca do câmbio na posição “P” logo depois de estacionar. Mas esse procedimento pode reduzir a vida útil da transmissão, uma vez que o peso do carro ficará apoiado no câmbio. Para evitar esse problema, após parar o veículo no local desejado, mantenha o pedal de freio pressionado, coloque a alavanca na posição “N”, acione o freio de estacionamento e libere o pedal de freio. Após o veículo “assentar”, finalmente leve a alavanca para a posição “P”.
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Vantagens do câmbio automático
- Conforto: o motorista não precisa se preocupar em pisar na embreagem nem trocar as marchas na alavanca, pois o câmbio faz isso sozinho. Isso contribui para reduzir o cansaço do condutor, principalmente em congestionamentos.
- Funcionamento mais suave: os carros com câmbio manual estão sujeitos a trancos a cada troca de marcha. No caso dos automáticos, a transmissão realiza mudanças de maneira mais suave e precisa, favorecendo o conforto dos ocupantes. De quebra, ele costuma fazer o motor operar a rotações mais baixas que um CVT nas arrancadas, fazendo o motor “berrar” menos.
- Durabilidade: os câmbios automáticos são feitos para funcionar da maneira mais eficiente possível. Isso contribui para a durabilidade dos componentes, uma vez que o sistema opera dentro de parâmetros definidos pelo fabricante - vale lembrar que o modo como o motorista dirige também influencia.
Ele costuma ser mais durável que uma caixa automatizada, ao mesmo tempo em que suporta cargas maiores de torque que um CVT. Por isso é costumeiramente usado por picapes médias e grandes, seja com motor a gasolina, flex ou diesel.
Um câmbio automático epicíclico tem vida útil de, pelo menos, 100 mil quilômetros, prazo que pode ser estendido por muito mais quilômetros se o motorista respeitar os prazos de manutenção (revisão, troca de fluido) especificados pelo fabricante.
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Desvantagens do câmbio automático
- Maior valor de compra: embora o câmbio automático tenha se popularizado nos últimos anos, ele ainda é mais caro (às vezes a diferença passa de R$ 5.000) quando comparado com a transmissão manual do mesmo modelo de veículo. É, inclusive, mais caro que caixas CVT e automatizados de dupla embreagem com caixa seca.
- Maior consumo de combustível: por ser mais pesado e exigir maior força do motor que a transmissão manual, o câmbio automático afeta o consumo do veículo, inclusive em relação a caixas do tipo continuamente variáveis. No entanto, caixas mais modernas combinadas a motores mais eficientes já são capazes de atingir médias de consumo próximas às do câmbio manual.
- Maior custo de manutenção: embora sejam confiáveis e não demandem substituição de componentes por desgaste natural, como a embreagem das caixas manuais, os câmbios automáticos são consideravelmente mais caros na hora de fazer a manutenção.
Por conta de tecnologias mais complexas, as transmissões com conversor de torque demandam profissionais preparados e oficinas bem equipadas para fazer qualquer reparo. Isso torna os custos mais caros do que caixas manuais e também CVT ou automatizadas.
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