Por que a GWM não cumpriu promessa de fazer uma picape híbrida flex no Brasil

GWM Poer seria a rival ideal para a BYD Shark, mas ficou na saudade

Diego Dias
Por
05.10.2024 às 20:53

A Great Wall Motor, conhecida mais pelas iniciais GWM, acabou recalculando a rota em sua estratégia no mercado brasileiro depois de algumas questões pelo caminho. A marca chinesa desembarcou em 2022 no Brasil, quando anunciou um investimento de R$ 10 bilhões no país e o primeiro veículo que seria produzido por aqui: a GWM Poer, que acabou subindo no telhado.

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São vários os motivos pelo qual a picape GWM Poer, que seria o primeiro produto a ser fabricado no Brasil, não foram para frente. A picape, que tem dimensões um pouco maiores que picapes médias convencionais como Toyota Hilux e Chevrolet S10 (algo similar à BYD Shark), foi preterida. Assim, a promessa do início da produção na fábrica da GWM em Iracemápolis (SP) a partir de 1º de maio deste ano, não foi cumprida.

Os planos da GWM para o mercado nacional começaram a ser frustrados a partir do momento em que o Governo Federal retomou o imposto de importação para veículos híbridos e elétricos, algo que atingiria diretamente a picape Poer. A volta do imposto está em vigor desde julho e aumentará a cada ano, sendo que atualmente a alíquota é de 12% para híbridos, 12% para híbridos plug-in e de 10% para elétricos. Tal alíquota alcançará 35% até julho de 2026, último ano com aumento.

Outra questão que complicou a vida da GWM Poer no mercado nacional foi porque a marca chinesa não tem outro veículo que seja capaz de compartilhar a plataforma/chassi e demais tecnologias, algo que seria essencial para redução de custos de desenvolvimento e projeto.

Em conversa com a Mobiauto no começo deste ano, André Leite, diretor do grupo das submarcas Haval e Ora no Brasil, confirmou que a ordem dos lançamentos foi invertida. “A picape [Poer] em vez de vir primeiro, vem depois”. Além disso, o executivo revelou que o primeiro produto feito no Brasil passaria a ser um Haval, algo que acabou se confirmado depois. Em agosto, a marca revelou que o Haval H6 será fabricado em Iracemápolis (SP) no método CKD, aos moldes da Caoa Chery e BMW no Brasil.

O foco da GWM em iniciar a produção “made in Brazil” com o Haval H6 não é toa. Isso porque atualmente o SUV médio-grande é o veículo mais vendido da marca no país, que atualmente tem nada menos do que 15.893 unidades emplacadas até setembro. Nesse bolo, a marca contabiliza toda a família, ou seja, o híbrido H6 HEV, e os híbridos plug-in H6 PEHV19, H6 PHEV34 e o SUV cupê Haval H6 GT. A marca chinesa iniciará sua produção em regime CKD na fábrica de Iracemápolis (SP) a partir do primeiro semestre de 2025.

A escolha pelo Haval H6 seu deu pela sua aceitação no mercado, onde hoje é o 30º mais vendido no país entre os automóveis, segundo a Fenabrave. Além disso, sua base pode dar origem a outros modelos, como o GWM H4, que compartilha a plataforma LMN com o Haval H6, inclusive a motorização 1.5 turbo híbrida com potência combinada de 243 cv do H6 HEV.

Com todos esses fatores, a GWM acabou tirando de seu planejamento a produção da Poer em terras tupiniquins. Mas como temos a nova BYD Shark chegando no Brasil, a GWM ainda estuda trazer sua picape mesmo importada.

Como é a GWM Poer?

A GWM Poer é uma picape média com medidas um pouco avantajadas para categoria, tal qual como a BYD Shark, mas é construída em estrutura chassi e cabine. A motorização híbrida plug-in flex é a esperava para o modelo, que contaria até então com um motor 2.0 quatro-cilindros 16V turbo de ciclo Miller chamado Hi4-T, o mesmo do SUV GWM Tank 500.

Considerando apenas o motor a combustão, a picape entrega bons 255 cv de potência e 38,7 kgfm de torque. Mas vale lembrar que, somado ao propulsor 2.0 turbo, a Poer ostenta motores elétricos que rendem 163 cv de potência. Com isso a potência combinada chega a generosos 408 cv e o torque em 76,5 kgfm. Outro apelo é a autonomia utilizando somente o motor elétrico, que chega a 100 km no ciclo NEDC.

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