Renault Captur terá sobrevida de mais um ano no Brasil
Segundo a Quatro Rodas, fabricante importará lote de peças do extinto Kaptur russo para evitar que SUV saia de linha mais cedo do que o esperado
O destino do Renault Captur parecia selado no Brasil. Conforme a Mobiauto contou em primeira mão em agosto, a guerra entre Rússia e Ucrânia, que promoveu o fechamento da fábrica da marca francesa no gigante euroasiático e sua entrega à Autovaz, seria o vetor de aceleração do fim de linha do modelo em nosso mercado.
Antes previsto para ser descontinuado entre o fim de 2023 e meados de 24, o Captur teria a morte antecipada por falta de peças importadas da Rússia, país no qual a Renault produzia um irmão gêmeo de nosso SUV, chamado Kaptur. Com o conflito na Ucrânia e sua saída do solo russo, o Kaptur morreu e deixou nosso Captur desprovido de componentes que eram produzidos lá e trazidos para cá para serem usados pelo nosso.
Por isso, desde maio, os índices de emplacamento do Captur nacional vinham despencando. Caíram de quase 600 unidades naquele mês para menos de 70 em setembro. O produto foi retirado do sistema de vendas diretas da marca e concessionárias já vinham oferecendo unidades de test-drive para clientes.
Porém, ao que tudo indica, o modelo derivado do Duster terá uma sobrevida – curta, é verdade – de mais um ano no Brasil. Segundo a Quatro Rodas, a Renault conseguiu negociar a importação de um lote com mais de 30 componentes do extinto Kaptur russo para usar na produção do nosso Captur.
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Transição entre os “carros de valor”
O volume deve servir para suprir a produção do SUV até o fim do ano que vem. O esforço certamente custará algum dinheiro à fabricante francesa e aumentará o custo de produção do modelo, mas valerá a pena do ponto de vista de estratégia de marca. E isso mesmo que as vendas continuam em um patamar baixo.
Acontece que, atualmente, o Captur é o produto de maior valor agregado da Renault no Brasil, considerado o “carro-chefe” em termos de design e tecnologia. Embora o consumidor prefira o Duster e seu melhor custo-benefício – conforme contamos neste outro artigo –, o Captur aumenta a valoração da marca e de seus produtos.
A Renault prepara para 2023 o lançamento de dois modelos importantes, que virão importados e passarão a ocupar essa função no portfólio. O primeiro é o já confirmado Mégane E-Tech, um crossover elétrico que será lançado no segundo trimestre do próximo ano.
O segundo é o SUV cupê híbrido Arkana E-Tech, revelado pela Mobiauto em primeira mão em janeiro deste ano e que, agora, começou a ser aventado por outros veículos da imprensa especializada – tendo, inclusive, sido recentemente flagrado pelo Autos Segredos em testes de homologação na região de Curitiba (PR). Este último deve chegar no final de 2023.
Até o princípio de 2024, a Renault também terá outro produto nacional para oferecer, o projeto HJF (cujo design revelamos em primeira mão em junho deste ano). Quando todos eles chegarem e as concessionárias tiverem novos “carros-chefe” para exibir nos showrooms, aí sim o Captur brasileiro poderá descansar em paz.
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Por que peças do Duster foram nacionalizadas e do Captur não
Se é assim, então por que a Renault não nacionalizou a produção dos componentes do Captur que antes vinham da Rússia? De acordo com nossas apurações, a fabricante também trazia de lá peças para Sandero, Stepway, Logan e Duster, mas buscou rapidamente uma solução local.
A questão é o ciclo de vida do modelo mais a projeção de vendas. Fornecedores pouco teriam se interessado em produzir partes do modelo em pouca quantidade e por tão pouco tempo.
Diferente do Duster, cujos planos são de longo prazo por aqui, e do trio Sandero/Stepway/Logan, produtos que compartilham muitos componentes e, portanto, contam com volumes produtivos mais atraentes mesmo para contratos de curta duração – afinal, eles também estão previstos para sair de linha entre 2023 e 24.
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