VW Gol C foi a versão de frotista substituta do Gol BX

Configuração ficou marcada pelo acabamento simples e a oferta reduzida de equipamentos

LA
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09.10.2024 às 22:28 • Atualizado em 27.11.2024
Configuração ficou marcada pelo acabamento simples e a oferta reduzida de equipamentos

O Volkswagen Gol é o carro mais vendido do mercado nacional. Ao todo, vendeu mais de 8.500.000 unidades no Brasil e em alguns países do mundo em seus 42 anos de fabricação. A primeira geração, lançada em 1980 sob a plataforma BX, teve 3 remodelações, sendo a primeira em 1984 com o lançamento do Gol com motor refrigerado a água para a linha 1985, em 1986 quando foi apresentada a linha 1987 e 1990 com a apresentação da linha 1991.

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Para contar a história do Gol C, precisamos entender alguns cenários econômicos da época. O Brasil estava afundado em uma crise econômica sem precedentes, e os brasileiros viviam a esperança dos novos tempos após o término do regime militar. O presidente eleito através de voto indireto pelo colégio eleitoral Tancredo de Almeida Neves não chegou a assumir a presidência, se seu vice, José Ribamar Ferreira de Araujo Costa, vulgo José Sarney, tomou posse em 15 de março de 1985.

 

O país vivia uma inflação galopante, quando em 28 de fevereiro de 1986, o então presidente, anunciou o Plano Cruzado. “O plano congelou preços e salários e substituiu a moeda corrente, o velho cruzeiro, pelo cruzado, sendo que o cruzeiro correspondia a um milésimo do cruzado", recorda o professor de economia Luiz Roberto Azevedo Cunha, decano da PUC-RJ e que atuou como secretário de Abastecimento e Preços nos primeiros meses do plano. Foi desastroso, e para se prover um reajuste, a única saída era apresentar novos produtos.

 

A linha VW tinha os modelos BX, Furgão, S, LS, Plus e GT, sendo o BX o modelo de entrada, usando o motor 1600 refrigerado a ar e câmbio de 4 velocidades, com 51 cv* a 4.400rpm e 10,5 kgfm de torque a 3.000 rpm. Esta mecânica era compartilhada também com o Gol Furgão.

 

Os modelos S, LS e Plus usavam o motor 1.6 AP-600 e câmbio de 4 velocidades, com 85cv* a 5.600 rpm e 12,65 kgfm de torque a 3.000 rpm, e a estrela GT, primeiro modelo da linha Gol a usar o motor refrigerado a água, usava o motor 1.8 AP-800 e câmbio de 5 velocidades, com 99cv* declarados a 5.400 rpm e 14,96 kgfm de torque a 3.200 rpm. No caso do GT, para pagar menos imposto, a VW sacrificava a ficha-técnica, mas seu motor tinha 106 cv.

 

Ainda em 1986 foi apresentada a linha 87 e a linha Gol recebia o segundo facelift, mantendo seu interior intocado. Usando a brecha do plano Cruzado, a VW renomeou seus produtos e, criando assim, “novos carros”.

 

O Gol BX foi descontinuado em novembro, substituído pelo Gol C, o S virou CL, o LS virou GL, o Plus também foi descontinuado, e o GT virou GTS. Os modelos Gol C e Gol Furgão ganhavam enfim o motor AP-600, que agora fornecia 90 cv* a 5.600 rpm e 13 kgfm de torque a 2.600 rpm e mantinha o câmbio de 4 velocidades. Os modelos CL e GL ganhavam enfim o câmbio de 5 velocidades, e o GTS não sofria alterações mecânicas.

 

O Gol C, modelo de entrada, era extremamente espartano, e compartilhava seu acabamento com o Gol Furgão. Seus bancos tinham acabamento em vinil, e seu câmbio, como dito acima, era de 4 velocidades. O painel trazia apenas as informações básicas como velocímetro até 190 km/h, odômetro total até 99.999 km, marcadores de temperatura e combustível, luzes-espia e iluminação com reostato de intensidade.

 

O modelo não tinha os frisos externos, e trazia ventilação em 3 velocidades, quebra-vento nas janelas, rodas aro 13 tala 4,5 usada anteriormente pelo Gol BX e pneus 155SR13. Como opcionais, encosto de cabeça nos bancos dianteiros, retrovisor externo do lado direito, com regulagem manual e rádio AM/FM.

O CL tinha um pouco mais de conteúdo, bancos dianteiros forrados com tecido comum, além de câmbio 5 marchas, frisos externos, ventilação em 3 velocidades, quebra-vento nas janelas e calota central de metal nas rodas de aço de 13 polegadas tala 5 (as mesmas da linha Voyage) e pneus 155SR13. Como opcionais, rádio AM/FM, ar quente, banco traseiro bipartido, retrovisor do lado direito, desembaçador do vidro traseiro, e pintura metálica.

 

O Gol C era figurinha rara, sendo adquirido exclusivamente por empresas destinado a frotas, e o modelo CL era o modelo de entrada do consumidor comum. Ambos foram os principais responsáveis pelo marco de carro mais vendido no ano de 1987, algo que se repetiria por 27 anos consecutivos. Neste mesmo na, era apresentada a linha 1988, e os modelos ganhavam enfim novo interior.

 

O interior da linha Gol era reformulado no modelo 1988, recebendo novo painel, em plástico injetado, e tinha um design atraente para seu tempo. Seu painel de instrumentos, o mesmo do Golf MK2, e fornecia apenas as informações básicas: velocímetro até 200 km/h, odômetro total até 99.999 km, marcadores de temperatura e combustível, iluminação verde com reostato de intensidade e luzes-espia no centro, em LED, que eram um show à parte.

 

Neste ano o Gol C e o Gol Furgão ficavam ainda mais espartanos, pois perdiam o quebra-ventos, substituído por uma janela fixa no local, vista anos depois no CL básico 1992 (link) e no Gol 1000 1992/1993 (link), e as saídas de ar laterais do painel eram substituídas por tampas. Sua lista de itens de série permanecia a mesma, assim como a lista de opcionais. O Gol CL não tinha alterações em seu conteúdo.

O modelo das fotos, de propriedade do Fábio Garcia, é um raro exemplar fabricado em 1987. De cor bege, mantém seu interior imaculado, com os bancos de acabamento em vinil, volante de plástico duro, painel sem recortes para instalação de rádio, bem como as rodas e suas características externas. Possui retrovisor externo do lado direito (opcional), e uma revisão mecânica, mantendo-se 100% operacional. Foi utilizado em uma viagem de 1.000 km, como o próprio Fábio diz, supertranquila, mantendo a média de 110 km/h, com bastante vigor e sem forçar seu conjunto mecânico.

 

A versão C foi descontinuada em 1989, permanecendo apenas a versão furgão como modelo mais espartano, e o CL se consolidou, até a chegada da versão 1000 em 1992, como o modelo de entrada do carro mais vendido do Brasil.

*dados das versões movidas à etanol.

Fotos: reprodução/Fábio Silva

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência.  Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.

https://www.instagram.com/autosoriginais

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