16 carros tão irmãos gêmeos quanto Peugeot Partner Rapid e Fiat Fiorino
Esses modelos só mudam praticamente a marca e sequer se preocupam em esconder o parentesco. Muitos deles são inclusive rivais diretos
Por Felipe Oliveira, com Leonardo Felix
Com chegada prevista para a próxima quinta-feira (12), o novo Peugeot Partner Rapid já vem sendo chamado de “Fiat Fiorino francês”. Isso porque o furgão é praticamente idêntico ao modelo da Fiat, exceto pela grade com a identidade visual da marca, além de emblemas Peugeot espalhados por volante e outros pontos da carroceria e da cabine.
Imagens do veículo já em estoque nas concessionárias indicam que ele será mesmo praticamente idêntico ao Fiorino. E de acordo com os amigos do Autos Segredos, será vendido em versão única de acabamento, assim como o irmão gêmeo da Fiat, com o mesmo nível de equipamentos e preço igual: R$ 104.990.
A prática pode ter espantado muito, mas é mais comum do que se imagina na indústria automobilística. Dentro da Stellantis mesmo, pegando apenas a antiga ala PSA, temos as vans Peugeot Expert e Citroën Jumpy, que são basicamente o mesmo veículo, trocando apenas as insígnias entre as duas fabricantes francesas.
Montadoras, especialmente aquelas de um mesmo grupo, acabam rebatizando veículos para conseguir ingressar ou ganhar espaço em um segmento específico do mercado sem precisar investir muito.
Em outros casos, um mesmo modelo é vendido em outro país com outro emblema e nome, de acordo com a força que cada marca possui em cada um desses mercados. A Mobiauto relembra abaixo veículos que são gêmeos de outros comercializados por diferentes marcas. Esquecemos de algum? Mencione nos comentários!
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Peugeot Partner Rapid e Fiat Fiorino
Como dito acima, o novo Partner Rapid será um Fiorino da Peugeot. O grupo Stellantis, conglomerado que surgiu da fusão entre Fiat Chrysler (FCA) e Peugeot (PSA), anunciou que será o primeiro produto Peugeot a utilizar “plataforma Stellantis” (leia-se Fiat), com produção em Betim (MG).
Nascerá já com o facelift visual aplicado ao próprio Fiorino no fim do ano passado, incluindo motor 1.4 Fire flex de 84/86 cv (gasolina/etanol) e 11,8/12,2 kgfm, câmbio manual de cinco marchas, tração dianteira e 650 kg de capacidade de carga (250 kg a menos que seu antecessor).
Com isso, o conglomerado aumenta a gama de utilitários oferecidos pela Peugeot no Brasil, que já conta com Expert e Boxer, produzidos no Uruguai, além do elétrico e-Expert.
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Peugeot Expert e Citroën Jumpy
Outro exemplo vindo da Stellantis, desta vez 100% da ala Peugeot-Citroën. Na prática, ambos são o mesmo utilitário, com carroceria e mecânica idênticas. O propulsor é o 1.6 HDi turbodiesel de 115 cv e 30,6 kgfm, com câmbio manual de seis marchas. Até as configurações elétricas, e-Expert e e-Jumpy, se equivalem mecanicamente.
Fiat Freemont e Dodge Journey
Outro caso famoso dentro da atual Stellantis, antiga FCA, antes mesmo de ser formalizada uma fusão entre Fiat e Chrysler. Em 2011, o Dodge Journey ganhou um irmão gêmeo da marca italiana no Brasil, o Fiat Freemont.
A diferença é que, enquanto o Dodge trazia um motor V6 Pentastar de 280 cv, o Fiat contava com um 2.4 quatro-cilindros Tigershark de 172 cv, bem mais manso. O câmbio era sempre automático de seis marchas, mas nenhum deles fez o sucesso esperado.
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Peugeot Landtrek e Kaicene F70
O Partner Rapid não foi o primeiro gêmeo do portfólio da Peugeot. Apresentada no México e com previsão para chegar no Brasil ainda este ano, a picape média Landtrek é derivada diretamente de um projeto chamado Kaicene F70, criado pela fabricante chinesa Changan em parceria com a antiga PSA.
Aqui, a Landtrek será lançada ainda este ano, com um conjunto motriz inédito em relação a outros mercados, formado pelo motor 2.0 Blue HDi turbodiesel de 180 cv e 40,8 kgfm, com câmbio automático de seis marchas.
VW Up!, Seat Mii e Skoda Citigo
O VW Up! já foi até aposentado no Brasil, mas o carro também possui irmãos gêmeos espalhados em outros países. Isso se dá porque, quando o projeto foi concebido, deu origem a modelos de outras duas marcas de baixo custo do Grupo Volkswagen na Europa.
A espanhola Seat lançou o Mii, enquanto a tcheca Skoda apresentou o Citigo. Os três veículos vêm equipados com a motorização 1.0 MPI, além de o design ser praticamente o mesmo. A única diferença notável está na grade dianteira e no símbolo das marcas.
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Chevrolet Cobalt e Ravon R4
Se o Chevrolet Cobalt teve a produção no Brasil paralisada em março de 2020, o mesmo não pode ser dito de seu irmão gêmeo Ravon R4, que segue firme e forte no Uzbequistão. O carro é produzido por lá pela estatal UzAuto Motors, que chegou a formar uma parceria com a General Motors.
Toyota Hilux e Volkswagen Taro
Bem antes de lançar a Amarok, em 2010, Vokswagen fez algo parecido com o que a Peugeot faz agora com o Partner Rapida, a fim de ingressar no difícil segmento de picapes médias. A montadora firmou parceria com a Toyota no final dos anos 1980 para fabricar, na Alemanha, uma picape irmã gêmea da Hilux, mas rebatizada como VW Taro.
Apesar de não ter feito lá muito sucesso, o modelo foi produzido e comercializado durante oito anos, entre 1989 e 97.
Fiat Gand Siena e Dodge Vision
Comercializado no México entre os anos de 2008 e 2018, o Dodge Vision nasceu de uma parceria com a Fiat e era idêntico ao nosso nacionalíssimo Fiat Grand Siena. Quer dizer, quase idêntico, já que o logotipo central que vinha na grade frontal do veículo foi alterado para o da marca americana.
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Fiat Toro e Ram 1000
Mais um intercâmbio do atual grupo Stelantis, desta vez envolvendo uma picape fabricada no Brasil. A Toro é comercializada em outros mercados da América Latina como Ram 1000, sendo que, em vários deles, ainda preserva o motor 1.8 E.torQ flex, já descontinuado na Toro aqui vendida.
Já o propulsor 2.0 turbodiesel é o mesmo em todos os mercados, além dos itens de série muito similares entre os dois modelos. O principal diferencial entre os veículos está, claro, na troca do logotipo Fiat pelo da Ram na grade frontal, tampa de caçamba e cabine.
Fiat Strada e Ram 700
Por falar em parceria entre Fiat e Ram, outra picape que possui uma irmã gêmea pela América Latina é a Fiat Strada. Carro mais comercializado no Brasil atualmente, a picape é comercializada no México desde 2014, mas com o nome de Ram 700.
A Ram, inclusive, é uma das marcas do conglomerado Fiat Chrysler e é reconhecida pela produção de picapes de grande porte.
Fiat Fiorino e Ram Rapid
O próprio Fiorino, vejamos só, é exportado a outros mercados da América Latina, incluindo o México, como Ram Rapid. O conjunto mecânico é, inclusive, o mesmo que estará presente no Peugeot Partner Rapid.
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Fiat Fullback, Ram 1200 e Mitsubishi L200
Este não é um caso envolvendo marcas do grupo Stellantis, mas a Fiat adquiriu junto à Mitsubishi o direito de aproveitar toda a estrutura da picape média L200 Triton para criar a Fulback, uma picape fabricada na Tailândia e comercializada em diversos mercados de Ásia, África e Oriente Médio.
Sua vida foi curta, com produção ocorrida apenas entre 2016 e 2019. Em alguns países árabes, a FCA optou por dar ao modelo outra marca e outro nome: Ram 1200.
Chevrolet Celta e Suzuki Fun
O Chevrolet Celta caiu nas graças do brasileiro e chegou a estar entre os veículos mais vendidos do país. Contudo, após cerca de 15 anos de produção a marca decidiu parar de produzir o carro por aqui, em 2015.
Mas o compacto, que chegou a atingir a marca de mais de 1,5 milhão de carros vendidos, tinha outro nome e marca na Argentina. Brasileiros que viajavam para lá costumava se estranhar ao ver no país vizinho o Celta com o logotipo da marca japonesa Suzuki.
Fruto de uma parceria entre as fabricantes, o Suzuki Fun não era diferente do nosso Celta só na logotipia. Enquanto por aqui o veículo era majoritariamente 1.0, por lá trazia um motor 1.4.
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Chevrolet Tracker e Suzuki Grand Vitara
Outro exemplo de intercâmbio entre GM e Suzuki são os modelos Grand Vitara e Tracker de primeira geração, ambos derivados de um projeto Suzuki, com motor 2.0 turbodiesel de origem Mazda, com 87 cv de potência e 22 kgfm de torque. E ambos eram jipes bem off-road com tração 4x4.
Ford Verona e Volkswagen Apollo
Após Ford e Volkswagen se associarem e formarem a Autolatina, que atuou no mercado sul-americano entre 1987 e 1996, as marcas decidiram criar os gêmeos Ford Verona e Volkswagen Apollo.
Derivado do Escort, os veículos eram quase idênticos do lado de fora, mas tinham suas diferenças, como o nicho da placa traseira e o spoiler na tampa do porta-malas, que davam ao Apollo um caráter ligeiramente mais esportivo. Internamente, também havia particularidades, como bancos Recaro e teto solar. Suspensões, motor e câmbio também eram exclusivos.
O problema é que o Apollo custava bem mais caro, ainda se parecia demais com o Verona e ainda apresentava problemas mecânicos que o irmão da Ford não tinha. Logo, foi um tremendo fracasso de vendas.
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Volkswagen Santana/Quantum e Ford Versailles/Royale
O histórico dessas duas famílias de carros gêmeos é o mesmo de Verona e Apollo, só que invertida: a Ford aproveitou o projeto do Santana de segunda geração e de sua perua, a Quantum, para criar os modelos Versailles (sedan) e Royale (perua).
Já que estamos falando de gêmeos, mudar a roupa e a maquiagem sempre dá aquela diferenciada. Pois o Versailles fez isso ao incluir alguns componentes externos que o diferenciavam do Santana, tais quais para-choques, faróis, grade, lanternas e acabamento interno, sempre no intuito de parecer mais conservador e elegante.
Contudo, era impossível esconder que a nova família de médios da Ford nascera da mesma costela que os VW. Até porque os motores (1.8 e 2.0 AP) eram os mesmos, assim como a produção era conjunta na fábrica da Volkswagen (!) em São Bernardo do Campo (SP).
Citroën Berlingo e Peugeot Partner
Sim, o mais novo irmão gêmeo da Fiat Fiorino já esteve em outra família. Nos anos 1970, Peugeot e Citroën se uniram e deram origem ao Grupo PSA. Essa parceria rendeu alguns irmãos gêmeos, entre eles os furgões Berlingo e Partner, sendo que o Partner era comercializado apenas como furgão, enquanto o Berlingo era destinado a passageiros.
Artes: Kleber Silva/Mobiauto
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