Avaliação: Jeep Compass 4xe anda forte e por quase 1.000 km, mas o preço...
Versão híbrida plug-in do SUV é muito potente e faz 25 km/l fácil, desde que você use o motor elétrico
O Jeep Compass lidera o ranking de vendas dos SUVs compactos-médios com sobra no Brasil. No ano passado, emplacou 70.906 unidades e só vendeu menos que o irmão menor, Jeep Renegade.
De cara nova há um ano, o modelo terá agora uma versão híbrida do tipo plug-in - aquela com recarga externa na tomada, diferentemente do Toyota Corolla Cross, que usa apenas a energia do motor térmico ou regenerativa das frenagens para alimentar a bateria.
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O Compass S 4xe a ser vendido no Brasil tem versão única de acabamento, equivalente à Série S T270, mas com adição dos sistemas elétricos. Virá importado da Itália e chega como o primeiro híbrido da marca no Brasil.
Por isso, é bem mais potente do que qualquer Compass nacional e, também, bem mais caro. Com 240 cv e custando mais de R$ 300.000, quer passar longe da briga com o Corolla Cross para ser um produto mais nichado.
A sigla 4xe é um trocadilho bem sacado e mistura a expressão 4x4, que indica a tração nas quatro rodas, com a letra “e”, apontando que um dos eixos - no caso, o traseiro - é tracionado por um motor elétrico. Curioso para saber como roda o SUV da Jeep com esse conjunto motriz?
A Mobiauto avaliou rapidamente o carro durante sua pré-apresentação e conta como e como anda o Jeep Compass 4xe.
Preço Jeep Compass S 4xe: R$ 349.990.
De acordo com a Stellantis, o Compass 4xe será vendido em 40 concessionárias, que terão vagas exclusivas com carregadores para o SUV. A venda do primeiro lote com 80 unidades começa nesta segunda-feira (4), e o primeiro comprador de cada um desses pontos de venda ganhará um carregador wallbox.
Visual e acabamento interno
Logo no primeiro contato com o Compass híbrido, já notamos um ponto importante: o nível de acabamento das unidades vendidas no Brasil é o mesmo das comercializadas na Europa.
Como dissemos acima, a configuração com motor elétrico adicional vem importada da Itália e é uma referência genuína para avaliar o produto nacional.
Como a versão 4xe mantém o visual e o acabamento interno do Compass Série S vendido aqui, incluindo as molduras laterais externas na cor da carroceria, convidamos o leitor a ler este outro artigo da Mobiauto sobre a versão. Lá, detalhamos tudo sobre a estética dessa versão.
De diferente, o 4xe acrescenta a portinhola para abastecimento da bateria no para-lama traseiro esquerdo, os comandos dos modos de condução elétrico, híbrido ou só a combustão no painel, à esquerda do volante, e letreiros “Jeep” e “4xe” contornados em azul.
Outra mudança é que o porta-malas perde capacidade e leva 420 litros medidos com água nessa opção. São 56 litros a menos que nas versões nacionais turboflex ou turbodiesel. Tudo culpa do conjunto de baterias.
Leia também: Avaliação: Jeep Compass T270 dá alguma brecha a Taos e Corolla Cross?
Motorização e desempenho
Antes de apertar o botão “Start”, precisamos dizer que quem não se atentar ao detalhe dos emblemas em azul confundirá o Compass 4xe com qualquer unidsde da versão S. Basta dar a partida, porém, para sentir a diferença. Afinal, é o motor elétrico que se aciona nesse momento. Não há ruído e a cabine fica o tempo todo silenciosa.
Silêncio, aliás, é rotina comum no 4xe. No modo de condução “Hybrid”, por exemplo, o motor 1.3 turbo a gasolina (o mesmo do nosso SUV T270, mas sem preparação para receber etanol) começa a trabalhar apenas em acelerações mais fortes ou com a bateria em carga baixa. Para rodar na cidade, por exemplo, o motor elétrico está quase sempre ajudando a tracionar o SUV.
Nesse modo é que o Compass entrega o melhor de si. O motor 1.3 turbo a gasolina de 180 cv e 27,5 kgfm traciona o eixo dianteiro, enquanto o elétrico de 60 cv e 25,5 kgfm movimenta o traseiro. Com isso, o 4xe tem uma potência combinada de 240 cv - a Stellantis não divulga um torque combinado do modelo, apenas o pico de 27,5 kgfm gerado pelo propulsor térmico.
Motor a combustão: 1.3, dianteiro, transversal, gasolina, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: 183 cv a 5.750 rpm
Torque: 27,5 kgfm a 1.750 rpm
Motor elétrico: traseiro, transversal
Potência: 60 cv
Torque: 25,5 kgfm
Potência combinada: 240 cv
Torque combinado: não divulgado
Peso/potência combinada: 7,95 kg/cv
Peso/torque a combustão: 69,38 kg/kgfm / Peso/torque elétrico: 74,8 kg/kgfm
Câmbio: automático de seis marchas
Tração: integral
0 a 100 km/h: 6,8 segundos
Velocidade máxima: 206 km/h
O conjunto tem muita força. É no modo híbrido que o SUV acelera de 0 a 100 km/h em apenas 6,8 segundos, 2,3 s a menos do que um Compass Série S T270. Sobra fôlego. E olha que, devido às baterias e ao motor elétrico traseiro, o 4xe pesa 319 kg a mais.
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Além disso, é trabalhando com os dois motores que o SUV promete entregar 25,4 km/l de autonomia na cidade, segundo o Inmetro, e impressionantes 927 km de autonomia. Sim, são quase 1.000 km, mesmo com um tanque de combustível similar ao de um Renault Kwid, com só 36,5 litros de volume.
Esse Compass tem outros dois modos de condução: “Electric” (100% elétrico no eixo traseiro) e “e-Save” (100% a combustão). Em ambos, seu desempenho fica mais contido.
No primeiro, ainda há agilidade nas acelerações, mas o alcance é de apenas 44 km, sendo bom para poupar combustível em momentos estratégicos (como em trajetos curtos dentro da cidade), mas não o suficiente para um vida zero-emissão.
Já o “e-Save” interrompe a tração do eixo traseiro a fim de recarregar as baterias, usando para isso parte da energia do 1.3 turbo e as frenagens regenerativas. Com ele, o Compass 4xe anda mais como o convencional. Na verdade, um pouco pior.
O motor 1.3 GSE T4 a gasolina sofre um pouco para tirar as quase 2 toneladas em ordem de marcha do lugar, e aqueles 25 km/l de consumo marcados no computador de bordo começam rapidamente a baixar para menos de 10 km/l. Depois que o carro embala, até que vai bem.
Outra semelhança entre o Compass híbrido importado e o térmico nacional está na direção elétrica. Mesmo sendo mais potente r pesado, o 4xe mantém o vício daquela assistência intrusiva demais, deixando o volante excessivamente leve e anestesiado, e ainda apresentando muitos rebotes em pavimentos com ondulações.
Dimensões: 4.404 mm de comprimento, 2.636 mm de entre-eixos, 1.819 mm de largura, 1.645 mm de altura, 420 litros de porta-malas, 36,5 litros do tanque de combustível, 1.908 kg de peso em ordem de marcha.
Pelo menos a dinâmica de condução ficou mais interessante. Os quilos extras deixam o Compass 4xe mais colado ao chão e a carroceria arrasta ainda menos nas curvas, tornando a condução prazerosa. E ele preserva o modo Sport, que, quando acionado pelo seletor no console central, muda o mapeamento de acelerador e câmbio, fazendo o motor térmico trabalhar a giros mais altos e deixando o desempenho mais solto.
Não podemos esquecer do sistema de regeneração das baterias através da energia cinética dissipada nas frenagens, que se mostrou bem eficiente. Desacelerar para passar por lombadas ou valetas significa recuperar 1% da carga no mostrador do quadro de instrumentos.
Além disso, ele demonstrou se dar bem na lama. Claro que não teve a mesma aptidão para o off-road como as versões turbodiesel, principalmente por causa do pneu que não era de uso misto e fazia o SUV dar uma escapada na lama, mas ainda assim desenvolveu bem nos trechos fora de estrada.
Infelizmente, o contato com o Compass híbrido foi curto e incipiente para avaliar seu comportamento dentro da cidade, por exemplo. Quando tivermos contato maior com ele, entraremos nesse tópico, até porque seu verdadeiro habitat é o perímetro urbano.
Dados técnicos: direção elétrica progressiva, suspensões McPherson (dianteira e traseira), freios a disco ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira), 11,3 m diâmetro de giro, Cx 0,35, 201 mm vão livre do solo, ângulo de ataque 20°, ângulo central 16°, ângulo de saída 28°, carga útil 400 kg, pneus 235/45 R19.
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Recarga externa
Como dissemos, o Compass 4xe é um híbrido plug-in, permitindo a recarga das baterias com 11,4 kWh de capacidade. E acredite: manter o conjunto carregado é crucial para obter a eficiência energética que faz com que esta versão tenha o mínimo de sentido.
A má notícia é que não há opção de recarga rápida. O dono do Compass pode configurar a tensão em níveis de um (mais baixo) a cinco (mais alto) pela central multimídia e otimizar a recarga. Com o nível cinco escolhido, em tomadas comuns de 220 V, são necessárias 5 horas para ir de 0% a 100%. Já em um wallbox de 7,4 kWh, o SUV leva cerca de 1h40.
Tecnologia e itens de segurança
Assim como o visual, o pacote de tecnologias do S 4xe é bem parecido com o do nosso Série S - os itens de série estão logo abaixo. Além da adição do sistema híbrido, o novato traz uma câmera 360° de auxílio a manobras, inexistente no modelo nacional e que lembra o sistema multiview do Renault Duster. O som da Alpine com oito alto-falantes também é inédito.
A versão híbrida tem, ainda, um pacote Adventure Intelligence mais avançado, com a função Alexa in car, como vemos no Jeep Commander. A plataforma, obviamente, recebe ainda novos recursos para monitoramento do sistema elétrico, como nível de carga das baterias e configurações de carregamento.
Leia também: Freio regenerativo de carro elétrico: entenda o que é e como funciona
Jeep Compass 4xe 2022 - Itens de série
Visual: teto e capas dos retrovisores pintados na cor preta; molduras nas caixas de roda na cor da carroceria; rodas de liga leve aro 19 pintadas de preto; acabamento interno do teto na cor preta.
Conforto: partida do motor por botão; volante multifuncional em couro com regulagem manual de altura e profundidade; vidros elétricos com função um-toque e antiesmagamento; freio eletrônico de estacionamento; aletas para trocas de marcha atrás do volante; auto hold; ar-condicionado automático digital de duas zonas; limpadores de para-brisa automáticos; som Alpine com 8 alto-falantes e subwoofer; bancos revestidos em couro; banco do motorista com regulagem elétrica; abertura e fechamento do porta-malas por sensor de presença; tomada auxiliar de 127V; teto solar elétrico e panorâmico.
Tecnologia: Alarme; sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista); retrovisores externos elétricos e antiofuscantes com rebatimento automático; retrovisor interno antiofuscante; monitoramento de ponto cego; frenagem autônoma emergencial com detecção de pedestres, ciclistas e motociclistas; leitor de placas de trânsito; detector de fadiga; controle de cruzeiro adaptativo; assistente ativo contra mudança involuntária de faixa; câmera 360º; Alexa in car; Adventure Intelligence.
Segurança: chave com sensor presencial e partida remota do motor; faróis full-LED com luzes diurnas, acendimento automático e farol alto automático; faróis de neblina de LED; lanternas traseiras de LED; assistente autônomo de estacionamento; quadro de instrumentos 100% digital de 10,25”; modo de condução Sport; duas entradas USB tipo A e uma tipo C; central multimídia de 10,1” com Android Auto e Apple CarPlay sem fio; carregador de celular por indução.
Conclusão
O principal questionamento sobre o Compass 4xe é o seu preço. Usando como referência o Série S, o cliente pagará - grosseiramente falando - R$ 140.000 a mais por um sistema híbrido. Quem vai querer pagar?
Sim, a nova versão entrega desempenho muito mais empolgante, consumo muito mais eficiente e autonomia de quase 1.000 km, o que é ótimo, mas convenhamos: ainda é uma etiqueta bastante elevada para a realidade brasileira.
Afinal, não estamos falando de um modelo premium. E tudo isso só faz sentido com a recarga externa, que não pode ser feita de modo rápido. Enfim, diferentemente do Corolla Cross, que vem ajudando a popularizar a eletrificação, o Compass 4xe ficará restrito a um nicho muito menor de compradores.
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