Avaliação: Jeep Renegade Sport é mais caro com motor turbo. Vale o preço?
SUV teve um bom salto de desempenho e ganhou novos equipamentos na linha 2022, mesmo na versão de entrada, mas ela custa R$ 14.000 a mais
O Jeep Renegade sempre foi um sucesso de vendas, mas também alvo de muitas críticas, especialmente relacionadas ao desempenho das versões 1.8 flex. Na linha 2022, ele trocou o velho E.torQ por um propulsor 1.3 turboflex da família GSE, com 40 cv a mais de potência e bem mais torque, para colocar um ponto final nos haters.
Além disso, ganhou um leve tapa no visual sem perder o design característico, e novos itens de série. Tantas novidades deixaram o Renegade mais caro, mesmo em sua variante mais básica. A versão de entrada, Sport, por exemplo, viu seu preço saltar em R$ 14.000, chegando a quase R$ 125.000.
Com motor turbo e tração apenas 4x2 dianteira, o que tira do modelo a capacidade off-road, mas o deixa ainda mais esperto e eficiente, será que o Renegade Sport 2022 vale o preço mais salgado? É o que vamos analisar neste artigo.
Preço: Jeep Renegade Sport T270 (R$ 123.908) + pintura metálica (R$ 1.565). Total: R$ 125.473.
Visual e acabamento interno
A cara de Renegade não muda. O SUV até passou uma nova maquiagem, ganhando pára-choques e grade com novos desenhos, além de faróis e lanternas full-LED com arranjos internos renovados. Porém, o jeitão de jipe quadradinho foi mantido, o que é um ponto positivo - como a Mobiauto já contou em detalhes aqui.
No interior, a Jeep deu ao Renegade 2022 um novo volante, igual ao de Compass e Commander, e seguiu econômica nas mudanças. Tanto que o quadro de instrumentos analógico com computador de bordo é parecido com o dos primos da Fiat - o cluster digital vem apenas nas versões de topo.
A tela do sistema multimídia segue centralizada no console, o que é um ponto negativo. Afinal, para olhar o mapa, por exemplo, o motorista tira completamente os olhos da pista, algo que não acontece com centrais flutuantes.
Os bancos são macios e revestidos em tecido com texturas e costuras claras. Os painéis de portas e apoia-braço recebem o mesmo acabamento e deixam o interior bonito, embora simples.
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O espaço interno segue o mesmo, com bons vãos para joelhos, ombros e cabeça, graças ao formato de caixote. Apenas o porta-malas que segue com 320 litros em medição VDA (ou 385 litros, na medição com sacos de água), um dos menores da categoria.
Dimensões: 4.268 mm de comprimento, 2.570 mm de entre-eixos, 1.805 mm de largura, 1.696 mm de altura, 385 litros (de água) de porta-malas, 55 litros de tanque de combustível.
Desempenho e condução
O motor 1.3 turboflex GSE se tornou a principal novidade do Renegade na linha 2022. Nas versões de entrada, ele substitui o contestado 1.8 E.torQ, que carregava a fama de manco e beberrão. O problema de desempenho, de fato, acabou, pois o Renegade T270 é bem esperto para andar.
Com 27,5 kgfm de torque entregues antes de o motor atingir os 2.000 rpm, o SUV arranca bem e retoma velocidade com facilidade. Tanto que ficou 2,4 segundos mais rápido que a antiga versão Sport 1.8 no 0 a 100 km/h. Além disso, tem velocidade final maior, passando dos 182 km/h para 210 km/h.
Em relação às configurações 4x4, são quase 200 kg a menos de peso. Vai-se a capacidade off-road mais extrema - esqueça o bloqueio eletrônico de diferencial dianteiro, ele ajuda pontualmente em situações muito pontuais de falta de aderência -, vem a agilidade de um 0 a 100 km/h mais de 1 segundo mais rápido.
Motor: 1.3, dianteiro, transversal / quatro cilindros em linha / 16V / turbo / flex / eixo comando de válvulas: um no cabeçote / injeção direta de combustível / taxa de compressão 10,5:1
Potência (G/E): 180/185 cv (E/G) a 5.750 rpm
Torque (G/E): 27,5 kgfm (E/G) a 1.750 rpm
Peso/potência: 8,1 kg/cv
Peso/torque: 53,8 kg/kgfm
Câmbio: automático, seis marchas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h (G/E): 8,7/8,8 (E/G) segundos
Velocidade máxima: 208/210 km/h (G/E)
As suspensões independentes do tipo McPherson nos dois eixos são ajustadas para entregar mais conforto. Na estrada, em curvas de alta, por exemplo, a carroceria inclina bastante. Porém, trabalham muito bem na cidade, enfrentando lombadas, valetas e imperfeições das vias sem chacoalhões na cabine.
O conforto interno é aprimorado com os bancos, que têm um bom volume de espuma, além de pneus 215/70 com flancos largos. Além disso, o bom isolamento das portas deixa o habitáculo vedado contra boa parte dos ruídos externos, incluindo o próprio ronco do motor.
Como o Renegade é mais leve que Compass, Commander e Fiat Toro, o 1.3 turbo não precisa berrar tanto a giros mais altos nas acelerações e tomadas. Ufa.
As frenagens é que assustam um pouco. Por questões de custo, os freios a disco nas quatro rodas possuem a mesma especificação das versões 4x4 - que, como falamos, pesam quase 200 kg a mais. No Renegade Sport, eles acabam superdimensionados: é preciso calibrar bem o pé para não frear bruscamente.
Dados técnicos: direção elétrica / suspensão dianteira: McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores com geometria triangular, barra estabilizadora e molas helicoidais e suspensão traseira: McPherson com rodas independentes, links transversais/laterais, barra estabilizadora com molas helicoidais / Freios dianteiros a disco ventilados e traseiros a disco sólido / Diâmetro de giro: 10,8 m / vão livre do solo: 186 mm, ângulo de ataque: 21°; ângulo central: 22°; ângulo de saída: 31° / peso em ordem de marcha: 1.468 kg / carga útil: 400 kg
Consumo - Inmetro e Mobiauto
Lembra da fama de beberrão? Ela não deve mudar muito. O Renegade Sport T270 está um pouco mais econômico que o velho 1.8 flex, mas segue pior do rivais como Hyundai Creta, VW T-Cross, Nissan Kicks e Chevrolet Tracker.
Consumo Renegade Sport T270 (Inmetro): 7,7 km/l com etanol e 11 km/l com gasolina, na cidade; 9,1 km/l com etanol e 12,8 km/l com gasolina, na estrada.
Consumo Renegade Sport 1.8 flex (Inmetro): 6,9 km/l com etanol e 10 km/l com gasolina, na cidade; 8,6 km/l com etanol e 12 km/l com gasolina, na estrada.
Durante a avaliação, rodamos 800 km com ar-condicionado ligado, em ciclo 70% urbano e 30% rodoviário e o Renegade fez 8,5 km/l, abastecido com etanol. Seus quase 1.500 kg de peso em ordem de marcha ainda prejudicam na hora de entregar uma eficiência melhor.
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Tecnologias e segurança
Embora seja uma versão de entrada do Renegade 2022, a Sport traz um pacote de itens de série bem interessante, principalmente quando falamos de tecnologia e segurança. A central multimídia de 7 polegadas é a mesma usada nos Fiat e tem conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay.
São seis airbags de série, e ele ainda carrega importantes itens como frenagem autônoma de emergência e alerta de mudança de faixa com correção. Durante a avaliação, a frenagem autônoma não entrou em ação - ufa! -, mas o alerta de mudança de faixa atua bem, com correções sutis e sem assustar o motorista, como acontece no Compass.
A sensibilidade desses itens, inclusive, pode ser regulada pela central multimídia. Pelos quase R$ 125.000 pedidos, faltou um cluster com tela digital maior e ar-condicionado digital, para realmente posicionar o Renegade acima dos concorrentes. Esses itens equipam a versão intermediária Longitude, mas ela parte de R$ 138.000.
Por fim, as entradas USB do tipo C agradam, pois já estão adequadas aos carregadores de smartphones mais modernos.
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Jeep Renegade Sport T270 - Itens de série
Visual: rodas de liga leve de 17 polegadas, lanternas de LED, tapete dianteiro e traseiro, faróis full LED.
Conforto: travas elétricas para portas e porta-malas, retrovisores externos elétricos, tomada 12V, banco do motorista com regulagem de altura, banco traseira bipartido 60/40 e rebatível, ar-condicionado, vidro elétrico nas quatro-portas com sistema um-toque, apoia-braço dianteiro, ajuste de altura e profundidade da coluna de direção, direção elétrica, iluminação no porta-malas.
Tecnologia: central multimídia de 7 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, câmera de ré, sistema de som com seis alto falantes, portas USB do tipo C, tela de 3,5 polegadas para computador de bordo multifuncional, Jeep Traction Control+, sistema start-stop.
Segurança: assistente de partida em rampa, alerta de limite de velocidade, controle de estabilidade e tração, controle de cruzeiro, alarme, freio de estacionamento eletrônico, detector de fadiga do motorista, controle eletrônico anticapotamento, seis airbags, sensor de monitoramento de pressão de pneus, frenagem autônoma de emergência, Isofix, alerta de mudança de faixa com correção.
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Conclusão
Usando como referência os concorrentes, que nas suas versões de entrada já estão na faixa dos R$ 120.000, o Renegade Sport 2022 vale o que pede. O motor 1.3 turboflex garantiu um excelente salto de desempenho e até uma dose interessante de economia de combustível em relação ao 1.8 flex.
O interior simples e o painel com desenho antigo pesam contra, mas a lista de equipamentos interessante e com bons assistentes ao motorista compensam isso. Além do mais, o SUV mais vendido no Brasil nos últimos anos atualizou o visual sem perder a personalidade, que é um de seus pontos mais fortes.
Fotos: Murilo Goes/Mobiauto
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