Ford Maverick: as boas sacadas e algumas mancadas da picape a R$ 240.000

Ford Maverick faz bonito no desempenho, mas pode colocar tudo a perder com a falta de itens triviais e preço alto

Camila Torres
Por
16.02.2022 às 12:00 • Atualizado em 29.05.2024

A Ford Maverick foi lançada oficialmente no Brasil em versão única, Lariat FX4, por salgados R$ 239.990 na última terça-feira (15). Ela chega ocupando um nicho quase vazio, que é o de picapes compactas-médias urbanas.

A Maverick promete se destacar graças ao motor mais forte que o de quase todas as suas rivais, diretas e indiretas. Por outro lado, a lista de série desfalcada garantirá algumas polêmicas.

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A Ford terá que mostrar muito jogo de cintura para administrar as críticas e se adaptar às necessidades dos consumidores, para que a picape não tenha o mesmo destino que o irmão Territory. O que seria lastimável, pois a Maverick tem uma proposta interessantíssima para o segmento.

Nós já passamos um final de semana com nova picape antes de seu lançamento, e inclusive já é possível conferir a avaliação da Ford Maverick aqui e o vídeo com mais detalhes no canal da Mobiauto no YouTube.

Sem mais delongas, a Maverick agrada em vários aspectos, mas decepciona em alguns outros. Para ajudar os nossos leitores a conhecê-la melhor listamos as boas sacadas e as grandes mancadas da nova picape do mercado, confira:


As boas sacadas da Ford Maverick

1. Desempenho

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O desempenho é o ponto alto da Ford Maverick. Como este costuma ser um dos quesitos mais importantes na compra de um carro, dá a ela uma boa vantagem em relação à concorrência. O motor 2.0 EcoBoost turbo a gasolina entrega 253 cv e 38,7 kgfm de torque, o que faz dela uma picape ideal para pegar estradas. 

Leia também: Ram, Amarok, Hilux, Toro: as picapes mais rápidas do Brasil

A Ford Maverick não é só mais potente que sua rival mais próxima a Fiat Toro, mas também que picapes a diesel como a irmã Ranger 3.2 de 200 cv, a Toyota Hilux 2.8 de 204 cv e a Chevrolet S10 2.8 de 200 cv.

Nesse quesito, a Maverick fica atrás apenas da VW Amarok V6 e seus 258 cv. Ainda assim, é mais rápida no 0 a 100 km/h, precisando de apenas 7,2 segundos oficiais contra 7,4 segundos da picape média da Volkswagen. 

Além disso, a dirigibilidade da Maverick é extraordinária para uma picape. É tão confortável quanto um SUV, esperta como a gente gosta e mais estável que picapes médias, devido às suas medidas relativamente baixas e à estrutura monobloco.

Quer saber como a Ford Maverick anda? Confira a avaliação aqui.


2. Consumo

Um consumo de 8,8 km/litro na cidade e 11,1 km/litro na estrada com gasolina para uma picape compacta-média com um motor de 253 cv é realmente elogiável. A Fiat Toro, por exemplo, faz 9,4 km/litro na cidade e 10,8 km/litro na estrada com o motor 1.3 turboflex de 185 cv, quando abastecida com o mesmo tipo de combustível. 

No consumo combinado, a Toro é pouquíssima coisa mais econômica: enquanto ela faz 10,1 km/litro, a Maverick faz 9,9 km/litro, porém entregando 68 cv e 11,2 kgfm a mais de potência e torque do que sua principal concorrente. 

Leia também: As picapes mais econômicas do Brasil em 2022


3. Isolamento acústico 

Parece um pequeno detalhe, mas o isolamento acústico contribui significativamente para uma viagem mais confortável e até mesmo para diminuir o estresse do trânsito diário da cidade. 

Além disso, o ronco do motor 2.0 EcoBoost TGDi a gasolina é bem suave, seja em ruído ou vibrações, se comparado com os propulsores a diesel de picapes médias, o que contribui para uma viagem ainda mais silenciosa.


4. Abertura das portas por senha

Esse é um dos itens mais interessantes da Ford Maverick, principalmente para pessoas que sempre esquecem a chave ou a perdem dentro da própria bolsa ou mochila. Também é útil para uma trilha ou para quando se está na praia e quer ir só com a roupa do corpo para o mar.

A picape tem uma régua com números, como num cofre, para que o proprietário digite uma senha para bloqueio e outra para o desbloqueio. Basta digitá-la no teclado que fica na lateral da porta do motorista e pronto.

Vale lembrar que é importante usar essa função apenas em lugares mais seguros e movimentados, pois basta quebrar o vidro para levar o carro com todos os pertences a bordo e ainda ter a chave para facilitar a fuga.

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5. Porte 

A Ford Maverick é uma picape compacta-média um pouco maior que a Fiat Toro, mas ainda bem menor que uma Toyota Hilux. Os centímetros a mais em relação à Toro são de grande serventia para uma viagem mais confortável para todos os passageiros.

Já os centímetros a menos que a Hilux são de grande valia para achar uma vaga no shopping, no condomínio ou na rua.

Outro ponto elogiável são os porta-objetos, realmente pensados para uma “picape de família”. Sob o assento do banco traseiro há até um bagageiro para objetos maiores, servindo para guardar aqueles itens mais delicados que não são aconselháveis de se colocar na caçamba.

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6. Espaço interno

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Por conta do das dimensões, a Maverick consegue oferecer uma cabine com espaço interno generoso para cinco passageiros, mais do que a Toro. A quantidade de porta-objetos é igualmente generosa e há até um vidro traseiro com abertura central, permitindo o acesso à caçamba.


7. Freios a disco nas quatro rodas e freio de estacionamento eletrônico 

Abaixo, listamos alguns itens que a Maverick fica devendo, principalmente em relação à Fiat Toro. Mas a picape da Ford também leva vantagem em alguns equipamentos, como o uso de freios a disco nas rodas traseiras, enquanto os da rival ainda são a tambor, e o freio de estacionamento eletrônico com auto hold.


8. Nicho de atuação

A Ford parece ter uma estratégia bem acertada em relação ao pensionamento da Maverick. Em proporções, ela está acima da Toro, mas a Ford mirou na versão topo de linha do modelo da Fiat. Ela só pesou a mão no preço, o que a fará esbarrar nas versões de entrada de picapes médias.

Fica um tanto explícito que não são necessariamente os consumidores da Fiat Toro que a Ford deseja alcançar, mas sim potenciais clientes que viram o nariz para ela, mas topariam investir mais de R$ 200.000 em uma das versões mais caras do Jeep Compass.

Durante a apresentação, executivos da marca frisaram várias vezes as características em comum entre a Maverick e um SUV, como porte, dirigibilidade e conforto. Confira mais detalhes aqui

Considerando que muitos consumidores de SUVs e sedans querem migrar para uma picape, mas acham uma Hilux ou Chevrolet S10 grandalhonas e desengonçadas demais.

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Grandes mancadas da Ford Maverick 

1. Capota marítima

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A Ford simplesmente ficou devendo um item crucial para uma picape no posicionamento da Maverick: a capota marítima. O equipamento é oferecido como acessório. A fabricante oferece ainda opção de capota rígida manual e capota rígida elétrica.


2. Sensores de estacionamento 

Os sensores de estacionamento já se tornaram item de série esperados até em carros de entrada. Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Fiat Strada são alguns modelos que já oferecem o equipamento. As versões mais completas fazem um casamento desse item com a câmera de ré. 

Pois a Ford resolveu oferecer apenas a câmera para auxiliar nas manobras de estacionamento, como marcas japonesas costumavam fazer tempos atrás. Com isso, deixou o sensor junto com a capota marítima na lista de acessórios.


3. Assistentes de direção

Assistente de permanência em faixa, alerta de ponto cego e controle de cruzeiro adaptativo não são oferecidos na Ford Maverick nem como itens de série, nem como opcionais, muito menos como acessórios.

Isso dá à rival Fiat Toro uma grande vantagem em termos tecnológicos, já que o modelo da Stellantis oferece todos os assistentes de direção semiautônoma de fábrica, e por um preço bem mais atraente que o da Maverick.

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4. Central antiga

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A central multimídia da Ford Maverick é o modelo Sync 2.5 de 8 polegadas, uma versão anterior ao sistema usado pelo irmão de plataforma, Bronco Sport e até na comparação com o extinto EcoSport em seus últimos anos de vida. 

Diferente da maioria dos carros que estão sendo lançados, a central da Maverick não é flutuante, mas sim grosseiramente encaixada em uma peça de plástico no meio do painel. Além do mais, a conectividade tanto via Apple CarPlay como via Android Auto é somente por cabo.  

Leia também: Avaliação: Toyota Hilux, o que a picape tem para fazer tanto sucesso?


5. Carregador sem fio 

Inclusive, é até bom que a conexão seja via cabo, assim o proprietário não corre o risco de esquecê-lo e não ter como carregar o celular. Isso porque o carregador por indução é mais um dos itens que ficou de fora da lista da Maverick.


6. Acabamento interno

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O interior não parece nem de longe o habitáculo de um veículo de R$ 240.000. O plástico duro é abundante e está evidentemente por toda parte. O centro do painel parece de uma picape de cinco anos atrás e a caixa de plástico com porta-objeto ao lado de onde se encaixa a central multimídia é de certo mau gosto.

O que salva o interior é o acabamento dos bancos em couro marrom, trazendo um pouco de sofisticação juntamente com os detalhes acobreados nas portas e painel. É o que contribui para dar um ar mais atual a nova picape compacta-média da Ford.

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7. Capacidades off-road

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Seria lindo se a Maverick tivesse um sistema de transmissão sofisticado como o do Bronco Sport, com tração 4x4 inteligente, dotada de bloqueio de diferencial e com sete modos de condução. 

Na picape, porém, o conjunto é simplificado, assim como o diferencial e a suspensão traseira, totalizando cinco modos de condução. Saem os modos Eco, Sport e Pedra, entra o modo Reboque.

O vão livre do solo anunciado é de quase 22 cm, até maior que o da Toro, mas os ângulos (20,6° de ataque; 18,1° central; 21,2° de saída) e a capacidade de imersão (450 mm) são piores, o que significa que a picape da Ford é ainda menos afeita ao barro do que a da Stellantis. 


8. Preço 

Seria mais fácil relevar a maioria dos itens acima se a Maverick não custasse R$ 240.000. Ainda sabendo que este é só seu preço de lançamento, mais alguns reajustes e logo ela custará R$ 250.000.

Está claro que a Ford tem interesse nos clientes que torcem o nariz para a Toro ou os que estão migrando de segmento, mas será que eles estarão dispostos a pagar um valor que já é cobrado por versões intermediárias de picapes como Toyota Hilux, Chevrolet S10 e até da própria irmã Ranger?


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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.

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