A diferença entre tração 4x4 e integral
Por Guilherme Silva
É muito comum as pessoas confundirem tração integral com 4x4 quando nos referimos a veículos dotados do sistema que distribui, simultaneamente, a força gerada pelo motor às rodas dianteiras e traseiras.
Apesar de esses conceitos terem a finalidade de aumentar o controle do carro em pisos escorregadios e melhorar a capacidade de transposição de terrenos acidentados, existem diferenças no seu funcionamento.
Independentemente do tipo de sistema, a tração nas quatro rodas é essencial a veículos que rodam em condições adversas, como estradas de areia ou terra, lamaçais ou vias cobertas de neve, no caso de regiões onde o inverno é mais rigoroso.
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Também podem servir a modelos de caráter esportivo, a fim de melhorar a estabilidade, a aderência e o controle do carro no contorno de uma curva rápida, por exemplo. É o caso da tração quattro dos Audi.
O que é tração?
Antes de entender as diferenças entre os sistemas integral e 4x4, é preciso saber que tração é a força que o motor envia às rodas motrizes do veículo por meio da transmissão e dos diferenciais.
Há pelo menos 50 anos, a maioria dos carros de passeio é dotada de tração apenas dianteira, ou seja, esses modelos são movidos apenas pelas rodas da frente. É uma solução mais simples e barata para as fabricantes, porque dispensa o prolongamento do sistema de transmissão até as rodas traseiras, e costuma funcionar bem em ambiente urbano.
No entanto, em situações de uso mais extremo a tração dianteira apresenta limitações. E isso pode acontecer até mesmo dentro da Cidade. Vamos pegar como exemplo um motorista que tenha de subir uma ladeira íngreme em dia de chuva com o seu carro de tração dianteira.
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É provável que, na arrancada, os pneus dianteiros percam aderência e até derrapem durante a aceleração, uma vez que as rodas do eixo da frente são as responsáveis pela locomoção do veículo, enquanto as traseiras serão apenas “puxadas”.
Com um veículo equipado com tração integral ou 4x4 isso não aconteceria, pois a força do motor é transferida para todas as rodas ao mesmo tempo, proporcionando um desempenho superior e mais seguro em superfícies com pouca aderência.
Já a tração apenas traseira atualmente está mais presente em carros esportivos, por questões dinâmicas e de dirigibilidade, por tornar a condução mais desafiadora (e divertida) em pistas fechadas.
Ainda assim, marcas como as alemãs BMW e Mercedes-Benz mantêm a tradição e continuam utilizando a tração traseira em alguns modelos convencionais.
Nos carros que não têm proposta esportiva, esse sistema pode até proporcionar uma dirigibilidade mais agradável, com a contrapartida de exigir um número maior de componentes (que pode elevar o custo de manutenção) e ainda reduzir o espaço interno pelo fato de o eixo de transmissão ficar acomodado no túnel central do assoalho do veículo.
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Tração 4x4 vs tração integral
A tração nas quatro rodas pode ser temporária ou permanente. A temporária, popularmente chamada de 4x4, é mais utilizada em jipes, picapes e utilitários.
Quando não estão em condições que exigem maior aderência ou capacidade de transposição de obstáculos, esses veículos geralmente rodam somente com tração traseira e só passam a enviar parte da força do motor às rodas dianteiras após o acionamento de uma caixa de transferência – que pode ser feito por alavanca, botão eletrônico ou no próprio cubo das rodas da frente.
Existe também o sistema 4x4 sob demanda, como o utilizado nos Jeep Renegade e Compass e na Fiat Toro com motorização turbodiesel, por exemplo. Esses modelos são movidos a maior parte do tempo pelas rodas dianteiras.
Em trechos acidentados e escorregadios, um diferencial de acoplamento viscoso entra em ação para tracionar as rodas traseiras quando identifica a necessidade de maior aderência na condução do veículo.
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É importante lembrar que não é indicado o uso da tração 4x4 no asfalto. Uma vez acionado, o sistema passa a girar as quatro rodas na mesma velocidade, elevando o desgaste de peças e pneus, além do risco de quebra de componentes e o aumento no consumo de combustível.
No caso da tração integral (ou permanente), as quatro rodas tracionam o veículo o tempo todo. Para evitar danos ao sistema, um diferencial central compensa as diferenças de rotação entre os eixos para repartir a força do motor entre eles. A tração integral controla automaticamente a distribuição de torque entre todas as rodas, conforme a necessidade.
Enquanto nos SUVs e utilitários leves a tração integral tem a função de melhorar as capacidades em condições adversas fora do asfalto, nos carros esportivos esse sistema utiliza um diferencial de acoplamento viscoso para aumentar a estabilidade em curvas e proporcionar maior tração em pisos escorregadios.
Superesportivos como o Audi R8 e o novo Porsche 911 Turbo possuem sofisticados sistemas de gerenciamento de tração, que enviam a força do motor às rodas do carro de acordo com a condição de uso.
Esse controle é útil para aumentar o nível de segurança durante a condução do veículo em vias públicas (principalmente sob chuva) ou elevar o nível de dificuldade de pilotagem em autódromos.
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