A empresa que transforma Fusca, Celta e outros populares em conversíveis
A ideia de modificar carros, muito comum nas décadas de 1970 e 1980, não morreu com a abertura das importações nos anos 1990.
Pelo menos não para a Trocar Autos e Antigos, localizada em Campinas (SP), que é uma oficina especializada em restauração de carros antigos e converte veículos convencionais em conversíveis há mais de 30 anos.
De acordo com o designer da Trocar, Bruno Bertoli, tudo começou há mais de 40 anos quando seu pai e fundador, Laércio de Almeida, abriu uma tapeçaria e ganhou fama por colocar a mão na massa em carros “difíceis de mexer”.
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“Na época, as pessoas tinham medo de mexer em carros caros como Ford Maverick, Chevrolet Bel Air etc, mas meu pai, não. Ele começou a pegar esses carros que davam maiores lucros e ganhou fama na cidade”, conta Bertoli.
Naquele momento, além de fazer serviços de tapeçaria, que era sua especialidade, Laércio abriu o leque e começou a aceitar trabalhos de outras áreas de restauração. Uma delas era a de produção de capotas, que foi o pontapé inicial para as conversões.
“Meu pai comprou um Fusca que estava cortado e fez a capota, mas logo veio um interessado e comprou. Em seguida, comprou outro Fusca, cortou o teto e fez a capota. Não teve jeito: vendeu novamente. A partir disso ele começou a confeccionar Fusca conversível”, relatou o designer.
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Depois do Fusca, até Opala perdeu teto
Com o passar dos anos, Laércio aprimorou a técnica e expandiu para outros veículos. Bruno contou à nossa reportagem que além de Fusca, a Trocar já converteu Opala, Maverick, Astra, Celta “e todos os outros carros que levavam até a loja” em versões conversíveis.
Atualmente, esses modelos não são mais fabricados. Uma mudança na legislação, que cobra mais segurança dos veículos modificados para autorizar o licenciamento, reduziu o portfólio da Trocar, que focou na produção de Fusca e Karmann-Ghia com capota.
Atualmente, a oficina é a única do Brasil homologada para fazer conversões desses clássicos e entregá-los já com o Certificado de Adequação a Legislação de Trânsito (CAT). Esse documento garante que o proprietário não terá problemas no momento do licenciamento, mesmo com o carro modificado.
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Sem teto, mas com responsabilidade
No entanto, conseguir o CAT não é tão simples e demanda todo um reforço na carroceria. Depois de fazer as medições e realizar o corte do teto para iniciar o processo de conversão, a oficina instala chapas de aço no assoalho, caixas de ar, em toda parte estrutural para deixar o carro seguro.
“O carro sem teto é como uma caixa de sapato sem tampa, fica todo mole. Então tem que ser feito todo o reforço estrutural, que é testado e aprovado pelo Inmetro”, esclarece Bruno.
Só após esse reforço que é confeccionada a capota para os veículos. Essas podem ser do tipo manual, mais comum e indicada pela oficina, ou com o acionamento elétrico. Ter um Fusca ou um Karmann-Ghia conversível demora em média cinco meses e o custo de uma conversão parte de R$ 25 mil.
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Seguindo os passos das concessionárias
Durante os 30 anos de conversão, a Trocar já produziu mais de 1.000 conversíveis e tem uma média anual de 60 pedidos. A oficina segue os passos de concessionárias como Sulam, Dacon, Souza Ramos entre outras, que nas décadas de 70 e 80 produziam versões fora de série de carros populares.
Infelizmente não tem mais como fazer um Celtinha conversível, mas a loja mantém vivo o sonho de uma réplica do Fusca Hebmüller, uma versão sem teto do lendário Besouro produzida entre 1949 e 1951 na Alemanha.
Imagens: Trocar Auto Antigos
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Gerente de conteúdo
Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.