Chevrolet Montana com cara de Agile morre e mata base do Corsa de 1994
A Chevrolet Montana de segunda geração enfim deixou a linha de montagem. Embora o modelo ainda conste no site oficial da marca, a produção foi encerrada no fim de abril, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul (SP). Resta apenas queimar o estoque remanescente.
Com dez anos de mercado e sem nenhuma renovação de visual, o adeus já era esperado, e ganhou ainda mais força no ano passado, quando a fabricante enxugou a gama de opções da picapinha para apenas uma versão, a LS 1.4.
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A Montana surgiu no mercado nacional em 2003, como sucessora da Chevrolet Corsa Pick-Up e com visual da segunda geração do Corsa, aproveitando a base 4300 utilizada pelo hatch.
A picapinha tinha visual mais acertado que sua antecessora, com traços europeus da Opel - que ainda era parte do cabide da GM - e inspirados no irmão maior Astra.
Ela era empurrada pelo acertado 1.4 flex naturalmente aspirado da Família I da GM, com 99/105 cv de potência e 13,2/13,4 kgfm de torque.
Ainda havia versões com o beberrão 1.8 flex naturalmente aspirado - também da Família I -, que de início oferecia 105/109 cv e 17,3/18,2 kgfm, mas este foi recalibrado para oferecer 112/114 cv e 17,7 kgfm (para os dois combustíveis). O câmbio era sempre manual de cinco marchas.
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Embora a Montana I recebesse críticas quanto ao acabamento interno, que era carregado de plástico rígido e com pouca evolução em relação à Corsa Pick-Up, além de sofrer um problema crônico de infiltração nos faróis dianteiros, ela tinha maior robustez e capacidade de carga que a antecessora e fez relativo sucesso.
Uma das versões mais lembradas é a Sport 1.8. Com faróis escurecidos, saias laterais, faróis de neblina, rodas de liga leve e rack de teto na cor da carroceria, que davam um ar mais esportivo para a picape e um pacote mais generoso de itens de série, agradando também o público mais jovem.
Em 2010, a Montana ganhou a segunda geração - a mesma que ficou no mercado até os tempos atuais. O projeto era derivado do Agile, um projeto nascido um ano antes e que marcou uma fase de dinheiro escasso para a GM logo após a crise de 2008.
Por isso mesmo, o Agile e, consequentemente, a nova Montana, aproveitavam a velha plataforma 4200 do Corsa B, lançado no Brasil em 1994 e que depois daria vida a Corsa Sedan, Corsa Pickup, Celta e Classic.
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Ou seja: a Montana de segunda geração usava a base do Corsa de geração anterior à plataforma do Corsa usado como base para construir a Montana de primeira geração. Parece papo de maluco, não é mesmo? Coisas do mercado brasileiro.
Além da estrutura que não era das mais confiáveis e que representava bem a época das vacas magras da montadora, a picapinha adotou o visual controverso do hatch altinho e abandonou o motor 1.8, sendo oferecida apenas com o 1.4 de 97/102 cv e 13,2/13,5 kgfm, acoplada a uma caixa manual de cinco marchas.
A nova receita fez a Montana regredir e perder apelo junto ao público jovem. Nem mesmo o retorno da versão Sport surtiu efeito. Dessa forma, seu mercado ficou restrito às vendas diretas, ganhando espaço no orçamento de quem buscava um veículo pequeno com boa capacidade de carga, já que ela suportava até 700 kg.
A vida da última geração foi assim, sem prestígios. Mas a Montana tinha seus méritos: foi ela, por exemplo, quem criou o conceito maxcab, uma espécie de cabine simples levemente estendida, copiada pela nova Fiat Strada Cabine Plus.
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O Agile morreu em 2014, mas a Montana aguentou firme e forte por mais sete anos, sem que a GM caísse na tentação de criar uma terceira geração baseada no Chevrolet Onix.
No entanto, sem forças para lutar contra a concorrência e com o mercado de compactas-médias enchendo mais os olhos da indústria automotiva, a Chevrolet optou por encerrar o ciclo da Montana como picape compacta no Brasil, e prepara uma geração mais encorpada, nascida da costela do SUV Tracker.
Internamente, engenheiros e funcionários da empresa chamam a sucessora da Montana pelo mesmo nome, mas a cara de Agile, a base de Corsa, o porte compacto e a rivalidade com VW Saveiro e Fiat Strada serão deixados de lado.
A nova geração chega para brigar com Fiat Toro, um degrau de cima, com a plataforma GEM do Tracker, de quem também deve herdar boa parte da identidade visual.
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Gerente de conteúdo
Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.