Como funciona a manutenção de um carro blindado
O custo para manter um carro blindado é um dos fatores que mais preocupam os consumidores que pensam em ter um automóvel à prova de bala. E a manutenção mais complexa, por si só, é a principal responsável pela desvalorização mais acelerada de carros desse segmento.
Isso porque o peso extra promove um desgaste prematuro das peças, o que faz com que o proprietário desembolse um valor maior do que gastaria com um carro sem blindagem para manter alguns componentes em funcionamento perfeito.
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O Brasil é o país que tem mais carros blindados no mundo, segundo dados da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem). Mesmo assim, é normal que quem nunca possuiu um automóvel blindado tenha muitas dúvidas sobre a manutenção ou até mesmo os cuidados para evitar despesass maiores.
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Para tirar as principais dúvidas sobre o assunto, conversamos com quatro blindadoras: Avallon Blindagens, Safer e SR Blindagens localizadas em São Paulo (SP) e a Prestige Blindagens de Fortaleza (CE). Confira as recomendações:
Com que frequência deve-se fazer a revisão de um carro blindado?
O ideal é seguir o período estipulado pela empresa em que foi feita a blindagem, pois os prazos podem variar de uma blindadora para outra. Fábio Raymundo, gerente de pós-venda da Avallon Blindagens, recomenda que as revisões sejam feitas com um ano ou 10.000 km rodados.
Já o gerente Sérgio Antoniette, da SR Blindagens, diz que em sua empresa o período informado aos clientes é de quatro em quatro meses. Na Safer, segundo o gerente Thiago Pereira, é a cada seis meses.
Já na Prestige Blindagens o processo é diferente. Segundo o gerente de pós-vendas, Renato dos Santos, lá os veículos blindados realizam a primeira revisão com um mês e a segunda com seis. A partir da terceira, a visita ocorre de ano em ano.
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Para quem comprou um carro blindado usado, a dica é perguntar ao antigo proprietário onde foi realizada a blindagem. Os que não querem se prender a uma blindadora específica podem recorrer àquela que mais lhe apetecer. No entanto, é importante se atentar ao histórico da empresa.
A revisão é o que garante que a blindagem e os itens do carro estarão em dia, de forma que a segurança dos ocupantes seja garantida, assim como a vida útil do carro. Por isso, é imprescindível, apesar do valor elevado. Os valores de revisões consultadas por nossa reportagem variaram entre R$ 650 e R$ 1.200.
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O que é conferido na revisão?
Normalmente, as blindadoras verificam os mesmos itens, com pequenas variações de uma para a outra, porque cada empresa tem sua forma de trabalhar. Na Prestige, os itens conferidos na revisão são:
● Ruídos provenientes da blindagem;
● Borrachas integrantes do serviço de blindagem;
● Vidros e sistemas de acionamento;
● Lubrificação das calhas das janelas ativas;
● Regulagem das portas e lubrificação de fechaduras e maçanetas;
● Revisão elétrica;
● Molas e amortecedores trocados por ocasião da blindagem;
● Fixação dos revestimentos internos;
● Teste de infiltração de água
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Quais itens no carro blindado requerem mais manutenção?
Os vidros foram o componente mais citado pelos representantes das quatro blindadores que entrevistamos. Isso porque, depois de algum tempo, que pode variar de acordo com o modelo, tipo e qualidade do material da blindagem, e também os cuidados tomados pelo proprietário, os vidros sofrem um processo chamado delaminação.
Isso pode acontecer após três, cinco ou até uma década de uso. Atualmente, já há blindadoras que oferecem dez anos de garantia. A delaminação acontece quando há um deslocamento das lâminas de vidro ou do policarbonato que compõe a proteção balística, gerando bolhas de ar nos vidros ou até fazendo-os perder a transparência.
Ainda relacionado aos vidros, o motor elétrico que faz as janelas subirem e descerem normalmente é trocado quando o carro é blindado, pois o peso extra pede um motor mais potente. Mesmo assim, com o passar do tempo, manutenções são necessárias.
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Afinal, imagine ter um carro blindado, mas, ao descer o vidro para tirar um tíquete no guichê eletrônico de um estacionamento, ele acaba não fechando por falta de manutenção? Com o vidro aberto, toda a proteção vai por água abaixo.
Pastilhas de freios também estão entre os itens que mais precisam de cuidados extras. Devido ao peso extra causado pela blindagem, que pode chegar a até 200 kg, as pastilhas se desgastam a uma velocidade maior do que em um carro sem a proteção balística.
Muito se fala que a blindagem da carroceria é vitalícia, mas ela não está livre de manutenções. Por isso, na revisão, as empresas costumam fazer testes de infiltração e de alinhamento, por exemplo.
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Sérgio Antoniette, da SR Blindagens, cita ainda amortecedores e molas como itens que requerem atenção. Assim como os freios, eles sofrem com o peso a mais do carro.
O gerente Fábio Raymundo, da Avallon, recomenda que a cada 40.000 ou 50.000 km rodados os amortecedores das portas e porta-malas sejam trocados. Verificar o alinhamento das portas também é outra prática constante que se deve ter com o carro blindado.
Cuidados com o carro blindado no dia a dia
Carro na sombra: evite deixar o carro exposto ao sol ou ligar o ar-condicionado assim que entra no veículo em dia quente e a cabine parece uma estufa. Isso ajuda a prolongar a vida útil dos vidros e do para-brisa. Quem não tem uma garagem coberta e deixa o carro muito tempo estacionado na rua tem mais chances de sofrer delaminação.
Portas fechadas: essa dica é bem básica e fácil de cumprir. Deixar as portas abertas mais do que o necessário para entrar em sair do carro vai acelerar o processo de desalinhamento ou empenamento das portas, devido ao peso.
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Vidros fechados: outra regrinha básica, afinal não faz sentido blindar um carro para andar com os vidros abertos. Mas o motivo principal desta fica não é esse. Se você esquece os vidros abertos e bate a porta do carro, pode causar uma avaria. Vidros abertos, além de deixar os ocupantes expostos, tornam-se mais suscetíveis a danos. Só fechados eles são verdadeiramente à prova de bala.
Imagens: Prestige Blindagens
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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.