Fiat 45 anos: 10 grandes sacadas que transformaram o mercado
Os 45 anos da Fiat no Brasil são marcados por uma história de diversas sacadas. Qual foi o primeiro automóvel a álcool? Um Fiat. E o primeiro carro com motor “mil” do mercado brasileiro? Outro Fiat.
A primeira picape compacta cabine estendida e cabine dupla? A primeira de três e de quatro portas? São todas Fiat, Fiat e Fiat. Esses são apenas alguns exemplos que reverberam o pioneirismo da montadora italiana ao longo dessas quatro décadas e meia de história no Brasil.
A fabricante sempre esteve atenta às necessidades dos consumidores do mercado automotivo, principalmente nos segmentos mais populares. Isso lhe deu por muitas vezes vantagem em relação à concorrência.
Quando os rivais lançavam suas novas apostas para disputar mercado com modelos da Fiat, eles já estavam maduros no mercado e com a confiança dos consumidores conquistada.
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Neste dia 9 de julho, a fabricante tem mais do que o seu aniversário de 45 anos de inauguração das operações no Brasil para comemorar. Em meio a uma crise pandêmica, os modelos da Fiat viraram fenômenos de venda.
Nos últimos três meses, seus automóveis lideraram o ranking. Em maio, três Fiat ocuparam os três primeiros lugares do pódio entre os carros mais emplacados no país, e a picapinha Strada é o veículo leve mais emplacado no acumulado de todo o semestre.
Quem diria que a fabricante italiana, que chegou tímida ao Brasil na década de 70, iria tão longe? Para relembrar a sua história, listamos as dez maiores sacadas da marca ao longo desse período e convidamos nossos leitores para uma viagem no tempo de 1976 a 2021.
Acomode-se, afivele o cinto, pegue sua bebida favorita e buon viaggio, signore e signori!
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Como as sacadas da Fiat transformaram o mercado
1. Fiat 147 – 1976
Primeiro carro nacional com motor dianteiro transversal: o pequeno Fiat 147 marcou a história da indústria automotiva brasileira ao ser o primeiro carro produzido aqui com motor dianteiro transversal.
Até então, independentemente do porte e segmento, o motor era sempre longitudinal e, muitas vezes, traseiro, o que comprometia muito o espaço do carro. Sabe esses automóveis antigos com o capô super esticado? Antes de virar o nariz e caçoar do designer que o projetou, lembre-se que a culpa era do motor longitudinal.
Se hoje em dia temos automóveis com proporções equilibradas (alguns nem tanto) e maior aproveitamento de espaço interno, é graças ao Fiat 147.
O hatch chegou ao Brasil em 1976 e foi o modelo responsável por estrear a linha de montagem na fábrica da Fiat em Betim (MG). Com o sucesso do projeto, outros contemporâneos da marca também adotaram o motor transversal, como o sedan Oggi, a perua Paronama, o furgão Fiorino e a picape 147 Pick-up.
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2. Fiat 147 Pick-up - 1978
Primeira picape compacta: é de longa data o sucesso da Fiat com as picapes. A 147 Pick-up foi uma das grandes sacadas da Fiat por dois motivos: por ser a precursora das picapes compactas no mercado brasileiro e por ser a primeira do seu segmento a aderir ao motor transversal.
Depois dela, a concorrência correu para colocar na vitrine aquelas que viriam a ser as rivais da versátil 147 Pick-Up: Volkswagen Saveiro (1982), Ford Pampa (1982) e Chevrolet Chevy (1983).
A Fiat 147 Pick-up também inovou em outros quesitos. Já repararam na abertura do seu porta-malas? Nada convencional. Em vez de a tampa abrir para baixo, como nas picapes maiores, ela abria para o lado.
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3. Fiat 147 Cachacinha - 1979
Primeiro carro movido a álcool: essa sacada da Fiat foi em nível mundial, pois o Fiat 147 foi o primeiro carro a álcool vendido no Brasil e o primeiro automóvel a álcool produzido em série no mundo.
A novidade chegou em um momento muito propício, já quem o mundo vivia a famosa “crise do petróleo”, que levou o preço dos combustíveis fósseis a ficar até 400% mais caros. Em 1975, a resposta do Brasil ao cenário caótico foi criar o chamado Proálcool, programa que estimulava o uso do álcool como combustível de nossos veículos.
Na época, o governo oferecia incentivos fiscais e empréstimos com baixa taxa de juros para produtores de cana-de-açúcar e fabricantes de automóveis que quisessem investir no desenvolvimento de carros movidos a etanol.
Foi uma longa série de acertos, erros, testes, frustações, êxitos e uma corrida contra o tempo que trouxeram o motor a álcool da Fiat ao mundo. No final, deu certo, e o álcool se popularizou por aqui. Tanto que a maioria de nossos carros hoje é flex.
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4. Fiat Uno Mille - 1990
Primeiro carro 1.0 do país: quem nunca teve um Uno Mille com certeza conhece algum parente ou amigo que teve. O primeiro carro 1.0 ou com “motor mil” do mercado brasileiro é mais uma sacada da Fiat que ditou a história automotiva brasileira.
O Fiat Uno já era sucesso no Brasil desde que foi lançado, em 1984. O modelo chegou a ter uma versão com motor 1.050 de 52 cv, o mesmo do 147, mas este logo foi trocado por um propulsor 1.3. O que parecia ter sido uma ideia mal executada era na verdade uma carta na manga da Fiat que seria usada em breve.
Tudo foi meticulosamente calculado para dar certo. Na época, o presidente Fernando Collor de Mello lançou um plano de redução tributária para automóveis com motorização de 800 a 1.000 cm³.
O que a Fiat fez? Simplesmente encurtou os pistões do velho propulsor 1.050 e criou um motor de 994 cm³ com 48 cv. Dois meses depois, o Uno Mille foi lançado como que por encomenda, popularizando o conceito do “carro popular 1.0”.
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5. Fiat Tempra - 1993
Primeiro carro nacional com quatro válvulas por cilindro: o sedan médio agradava na estética, mas isso não era o suficiente para vender que nem água. O manso motor 2.0 carburado de 8 válvulas era belo na vitrine, mas não fazia bonito quando pegava uma estrada.
Foi daí que a Fiat teve a brilhante ideia de projetar um motor de 16 válvulas e injeção eletrônica multiponto, algo até então inédito em nossa indústria e que seria responsável por transformar a cultura dos motores 2.0 no Brasil.
Foi uma boa evolução: enquanto o Fiat Tempra 2.0 8V carburado entregava 99 cv e 16,4 kgfm, indo de 0 a 100 km/h em 12,3 segundos, o 2.0 16V com injeção eletrônica rendia 127 cv e 18,4 kgfm, precisando de 9,8 s para ir de 0 a 100 km/h. São números considerados bons até para os dias de hoje, e melhores ainda na década de 90.
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6. Fiat linha Autonomy - 1996
Primeira linha voltada a clientes PCD: antes de se popularizar os incentivos para clientes PCD, como a isenção de IPI e ICMS na compra, a Fiat já criara sua linha pensando nas pessoas com mobilidade reduzida. Os Fiat Palio e Tempra 96, por exemplo, foram os primeiros carros no Brasil que já podiam sair de fábrica adaptados.
Dentre as adaptações, os modelos contavam com bancos dianteiros giratórios para facilitar a entrada e saída de motorista ou passageiros, pedais invertidos, alavanca de freio vertical, embreagem eletrônica, porta traseira corrediça, acelerador e freio manuais.
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7. Linha Adventure - 1999
Moda dos carros aventureiros: tudo começou em 1999, quando a finada Fiat Weekend ganhou a versão Adventure. Esta foi a responsável por popularizar o estilo aventureiro mesmo em carros que não chegam nem perto de um off-road pesado.
A febre dos aventureiros se instaurou de vez nos anos 2000, com modelos cheios de protetores plásticos, quebra-matos e faróis auxiliares que de nada serviam no meio da cidade, e até estepe pendurado na tampa do porta-malas.
A Fiat se aproveitou muito bem da onda e colocou a picapinha Strada, o monovolume Idea e a até minivan Doblò na linha Adventure. Chegou, inclusive, a criar um bloqueio do diferencial dianteiro, o Locker, que foi evoluído e segue presente até os dias de hoje, como eLocker, em Strada e Fiat Toro.
Apesar de parecer que a Fiat descobriu a roda, dessa vez foi mais uma sacada de sorte mesmo. Quem diria que um kit aventureiro que normalmente inclui molduras de plástico nas laterais e caixas de roda, mais um pouco de plástico duro na traseira, rack de teto e alguns adesivos iria agradar ao público por tanto tempo?
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8. Fiat Strada cabine estendida e dupla - 1999 e 2009
Primeira picape compacta cabine dupla: 23 anos! Já faz 23 anos que a Fiat Strada chegou. Parece que o tempo está enganando a gente. Mas é isso mesmo, a Stradinha, derivada do Palio de primeira geração inicialmente e, agora, do Mobi, já está há mais de duas décadas sendo “pau pra toda obra”.
A história toda da picape é interessante. Em 1999, ela foi a primeira picape compacta no país a ter uma configuração Cabine Estendida, com espaço atrás dos bancos dianteiros para depositar objetos que não podiam viajar soltos na caçamba.
Dez anos mais tarde, a Fiat saiu disparadamente na frente da concorrência ao lançar a primeira picape compacta cabine dupla no mundo. As concorrentes - leia-se VW Saveiro -, só foram ter um modelo assim anos depois.
A sacada da Fiat veio de estar atenta às necessidades do público. Muitos se interessavam pela picape, mas desistiam da compra por ela comportar apenas duas pessoas. Aí, recorriam a outro segmento.
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9. Fiat Strada 4 Portas - 2020
Primeira picape compacta cabine dupla com três e, depois, quatro portas: quando se trata de picape compacta, a Fiat sabe como se destacar.
Se a sua cabine dupla já era muito bem aceita pelo público, a versão de três portas da Strada, lançada em 2013, mostrou-se uma ideia um tanto mal executada. A porta, estilo suicida, tinha abertura complicada, quase sempre fazendo o pé do passageiro enroscar no cinto de segurança.
Além disso, eliminava a coluna B do lado do passageiro, que ali existe para aumentar a rigidez e a segurança contra impactos laterais. A Fiat entendeu a rejeição e mostrou mais uma vez que é capaz de entregar o que o público quer antes da concorrência.
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Lançada em 2020, a segunda geração da Fiat Strada com quatro portas foi uma decisão mais que assertiva. As picapes nunca estiveram tão em alta no Brasil: se antes esse segmento era usado para fins comerciais, agora também serve tranquilamente como “carros de passeio”.
A nova Strada, agora com design mais sofisticado e encorpado, e com uma certa pegada Fiat Toro, tem atraído clientes de outros segmentos e só este ano já foi líder vendas em abril e em junho.
10. Fiat Toro - 2016
O projeto: a Fiat já mostrou que não tem medo de arriscar. Embora seja alvo de muitas críticas pelos consumidores mais tradicionais, a Fiat Toro é um fenômeno de vendas, a ponto de seu conceito estar sendo copiada por diversas rivais no Brasil e até mesmo nos EUA, um mercado no qual a picape compacta-média nem atua (ainda).
A Toro chegou em 2016 com proporções muito particulares e ocupando um nicho até então inexistente: não era uma picape compacta como a Strada, nem média como uma Toyot Hilux. Se fosse no Poker, a aposta da Fiat se equipararia a um verdadeiro all-in.
Sua audácia só poderia levar ao êxito ou à total rejeição, que é o caso de sua concorrente mais próxima em tempos atuais, a Renault Duster Oroch, que ficou à míngua. Mas o destino da Fiat Toro foi a primeira opção.
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Nos últimos anos, ela foi mais vendida que qualquer picape média e só perdeu para a prima Strada em volume de emplacamentos.
Mas a concorrência não vai deixar a Fiat ficar com todas as fichas. Logo mais, as novas Chevrolet Montana e Renault Oroch, além das inéditas Ford Maverick, Hyundai Santa Cruz e Volkswagen Tarok, chegarão para chamar a Toro para uma nova partida. A briga promete ser boa.
Só que a Fiat não ficou sentada esperando as rivais surgirem. Neste ano, a nova Toro já foi apresentada para impor ainda mais respeito.
Mais forte do que nunca, a picape retocou a maquiagem, disse adeus ao motor 1.8 que lhe dava fama de manca (pelo menos nas versões intermediárias) e o substituiu por um propulsor 1.3 turbo com fôlego novo e usado também no Jeep Compass. Agora, além de status, desempenho também não lhe falta.
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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.