10 maneiras de usar os números de um carro para te iludir

“Capacidade de 700 kg na caçamba” ou “500 litros no porta-malas”. Números ajudam a convencer, mas podem ser mentirosos...
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25.04.2022 às 13:36 • Atualizado em 29.05.2024
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“Capacidade de 700 kg na caçamba” ou “500 litros no porta-malas”. Números ajudam a convencer, mas podem ser mentirosos...

Para vender carro, vale tudo. Muitas fabricantes adoram usar números como argumento irrefutáveis de vend, mas até esses números podem estar distorcidos.

Conteúdo em parceria com o Auto Papo

1. Carro mais vendido pode não ser o mais comprado

O modelo é anunciado como o mais vendido do mercado, forte argumento estatístico para convencer o freguês. Foi o caso da Fiat Strada em 2021

Mas é apenas meia-verdade: o campeão de vendas engloba não apenas o número de unidades adquiridas pelo consumidor final, mas também as chamadas vendas diretas, centenas de milhares de carros vendidos para frotistas e locadoras. Explico melhor no vídeo abaixo:

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2. IPI reduzido, preços aumentados

“Aproveite a redução do imposto para levar seu zero-km”. Muitas vezes não passa de “conversa para boi dormir”. O governo reduziu recentemente a alíquota em 18,5%, na média, mas o preço do carro aumentou. 

Como assim? A explicação marota do fabricante: “Já estava previsto um aumento de 7% na tabela. Com a redução do imposto, nós aumentamos apenas 3%”…

3. Consumos irreais de carros híbridos e elétricos

“Capacidade de 700 kg na caçamba” ou “500 litros no porta-malas”. Números ajudam a convencer, mas podem ser mentirosos...

Aferir consumo num motor a combustão não é tarefa simples. No Brasil, já existe uma padronização, implantada pelo Inmetro. Mas as coisas se complicam com a entrada de modelos híbridos e elétricos no mercado. 

Até porque, existem diferentes padrões de medição. O mais usado hoje é o WLTP, muito usado na Europa, mas o primeiro foi o NEDC, menos rigoroso, bem comum na China (e que resulta em números absurdos, como 100, 200 km/l, ou alcances de 600 km que nunca se concretizam na prática). Nos EUA, usa-se o EPA, o mais rigoroso de todos.

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4. A capacidade de carga das picapes

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Fundamental no caso de picapes, as fábricas costumam praticar verdadeiro malabarismo nas mensagens publicitárias. 

Caso famoso foi no lançamento da Ford Courier: a fábrica exibiu um vídeo com um caixotão (“700 kg” pintado em corpo garrafal) sendo colocado na caçamba. Sim, este era realmente o peso admitido pela Courier. Mas o total, incluindo motorista e passageiro…

5. As “marchas virtuais” do câmbio CVT

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Uma das caixas automáticas mais comuns aplicadas atualmente é a CVT, cuja sigla significa, em inglês, “transmissão continuamente variável”. Como o nome diz, ela não tem marchas definidas, pois a relação varia continuamente. 

Mas o motorista pode bloquear o sistema em alguns pontos, o que passou a ser chamado de “marchas virtuais” ou “marchas simuladas”. A fábrica pode decidir quantas: três, quatro, nove, dez, 20, 30…

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6. Garantia de muitos anos, mas não para tudo

Marcas adoram anunciar carros com garantias de três, cinco e até seis anos. O que a fábrica não explica é que vários componentes não estão incluídos neste prazo. 

Em alguns outros, recorre-se ao nebuloso argumento do “mau uso” para se isentar de responsabilidade. E sobra sempre para o dono do carro, que imaginava dormir tranquilo ao comprar um “0 km na garantia”.

7. O percentual de escurecimento da película

Há uma regulamentação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) que limita o escurecimento dos filmes que se aplicam sobre os vidros. O que não fica bem explicado para o dono do carro é que, além do percentual gravado na película, deve-se somar o do próprio vidro. 

Se o filme tem 28% e o vidro sai de fábrica com 10%, passa a valer a soma: 38%. Se o policial estiver munido do aparelho de medição, chamado luxímetro, é possível configurar a infração e o motorista pode ser autuado.

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8. O golpe da redução da dívida

Novo golpe na praça é anunciar a possibilidade de se obter um bom desconto na dívida por atraso nas prestações do financiamento: “50% de redução” é o que anuncia a quadrilha que entra em contato com o dono do carro sem que a instituição financeira credora saiba como os marginais obtiveram o valor, nome, endereço e telefone da vítima. 

Cobra uma taxa para reduzir a dívida e o dono do carro só percebe que caiu no “conto do vigário” quando o oficial de justiça bate à porta.

9. Carro de entrada fantasma

“Capacidade de 700 kg na caçamba” ou “500 litros no porta-malas”. Números ajudam a convencer, mas podem ser mentirosos...

Algumas fábricas sequer enrubescem ao anunciar um modelo que jamais existirá: é o tal “básico dos básicos”, desprovido de qualquer equipamento ou acessório e oferecido por um valor bem atrativo. 

Mas é uma versão que só existe na lista de preços, jamais será produzida, e apenas cumpre o papel de atrair o interessado à concessionária. Lá, só encontrará versões mais equipadas e caras.

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10. O método de medição do porta-malas

“Capacidade de 700 kg na caçamba” ou “500 litros no porta-malas”. Números ajudam a convencer, mas podem ser mentirosos...

Volume de bagagem admitida no porta-malas é uma característica importante para o motorista que viaja com frequência e carrega uma razoável tralha. Mas há diversas formas de se medir (e anunciar) este volume. 

A mais mentirosa é a que se utiliza de saquinhos de água para avaliar quantos litros ele comporta. Só que estes saquinhos se acomodam em qualquer espaço que, a rigor, jamais terá utilidade para coisa alguma. Existe uma norma (VDA) para aferir este volume mais precisamente, preenchendo o porta-malas com blocos de um litro (1 dm³).

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.  

Imagens: Divulgação e Murilo Góes/Mobiauto

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