14 carros que morreram no Brasil tão rápido quanto o Caoa Chery Tiggo 3X
Por Felipe Oliveira
O lançamento de um novo carro é um grande marco para uma fabricante e costuma atrair a atenção dos consumidores. Quando um modelo inédito chega ao mercado, é teoricamente resultado de anos de estudo e desenvolvimento. Surge, portanto, com intuito de permanecer por longos anos.
Porém, seja por erros de estratégia, mudanças de mercado ou simplesmente porque o produto não caiu nas graças das pessoas, a empolgação do lançamento acaba durando pouco e alguns desses veículos saem rapidamente de linha, muito antes do que o planejado.
O exemplo mais recente disso é o Caoa Chery Tiggo 3X, cuja fabricação foi interrompida pela sociedade sino-brasileira apenas um ano após sua chegada às lojas, com direito à estreia de um motor 1.0 turboflex.
A Mobiauto separou alguns carros que saíram de linha pouco tempo após serem lançados e entrarem no mercado. Confira logo abaixo. Esquecemos de mencionar algum modelo? Cite-o nos comentários.
Caoa Chery Tiggo 3X
Lançado há menos de um ano, em maio de 2021, o Caoa Chery Tiggo 3X saiu de linha mesmo sendo um dos carros mais vendidos da marca no país.
A fabricante informou que a razão para tirar o carro de linha em tão pouco tempo foi um investimento na modernização da fábrica em Jacareí, interior de São Paulo (SP). Mas há algo mais por trás disso: o Tiggo 3X não cumpriu a missão de emplacar mais de 1.000 unidades por mês. Sem volume, um modelo de menor valor como este não se justifica.
Em nota, a fabricante afirmou que a planta do interior paulista “passará por mudanças para adequação dos processos produtivos que permitirão a introdução de novos produtos concebidos a partir de plataformas de última geração, equipados com propulsores híbridos ou 100% elétricos”.
Leia também: Avaliação: Caoa Chery Tiggo 3X é rival à altura do VW Nivus?
Kia Rio
Outro veículo que teve trajetória curta no Brasil foi o Kia Rio. Lançado em janeiro de 2020, meses antes da pandemia de covid-19, ele teve as importações para o Brasil encerradas, apenas um ano e meio depois, devido à crise dos condutores e a alta demanda pelo carro no México.
Espécie de primo do Hyundai HB20, o carro chegou ao país com duas versões, mas obteve índices pífios de emplacamentos. Em comunicado enviado à imprensa quando decidiu tirar o carro de circulação, a Kia disse que “foi suspensa a importação temporariamente (do Kia Rio) pois o câmbio não está permitindo a comercialização.
Geely GC2 e EC7
Os Geely GC2 (subcompacto) e EC7 (sedan compacto) desembarcaram no Brasil em 2014 (um em setembro, o outro em março), marcando o início da operação chinesa no Brasil, representada pelo Grupo Gandini (o mesmo importador da Kia).
Conhecido como Panda (pelas formas baseadas no urso), o GC2 era montado pela Nordex no Uruguai antes de chegar ao solo nacional. Já o pequeno sedan vinha da China. Contudo, as vendas foram ínfimas e duraram pouco, sendo encerradas já no primeiro semestre de 2016.
SsangYong Tivoli
Outro carro asiático que desembarcou por aqui e quase não foi notado foi o SsangYong Tivoli. O SUV compacto foi lançado em setembro de 2017 pelas mãos da Venko Motors, do Grupo JLJ, o mesmo responsável por introduzir a chinesa Chery no mercado nacional antes de a própria fabricante chinesa assumir as operações.
Seria a reestreia da marca sul-coreana em nosso mercado, mas não houve tempo sequer para formar uma rede de revendas e lançar outros produtos. Já no ano seguinte, a Venko Motors já desistiu de importar os veículos.
Para se ter uma ideia da baixa procura, em 2019, apenas 39 veículos da marca foram emplacados no país, segundo a Fenabrave (associação nacional dos concessionários). A meta inicial da empresa era comercializar 3 mil unidades.
Lifan X60 CVT e X80
Lançado no Brasil em dezembro de 2018, por R$ 132.000, o Lifan X80 chegou chamando atenção com seus 4,82 m de comprimento e 1,93 m de largura, capazes de comportar até sete passageiros, o que o tornava o SUV mais barato com essa capacidade.
Porém, já naquela época, a marca chinesa enfrentava duas crises. Uma no Brasil, onde a operação ia mal, e outra na própria China, onde ela já enfrentava dificuldades financeiras. Desde outubro daquele mesmo ano a marca chinesa vinha em processo de recuperação judicial em seu país de origem.
Assim, a fábrica uruguaia da Nordex deixou de montar carros da marca já em fevereiro de 2019 e apenas um lote do do modelo foi produzido. Outro prejudicado foi o SUV compacto-médio X60, que ganhara facelift e câmbio CVT em meados de 2017.
VW UP! de 4 lugares
O VW Up! chegou ao mercado nacional fazendo muito barulho e chamando atenção em 2014. A promessa era se tornar o carro-chefe de vendas da marca alemã no país, com potencial de substituir de uma vez os veteranos Gol e Fox. Tanto que chegou a ser chamado de “Fusca do século XXI” por executivos da empresa.
Por conta dos preços e da rejeição brasileira ao visual tão diferente, ele nunca fez o sucesso esperado e jamais esteve entre os modelos mais vendidos no país. Assim, o Up! foi perdendo espaço e, no final de 2020, teve sua homologação alterada de cinco para quatro passageiros, com direito a um bizarro símbolo visual avisando sobre isso na posição central do encosto lombar do banco traseiro.
O Up! de quatro lugares foi apresentado em dezembro de 2020, mas já em abril de 2021 a VW confirmaria o encerramento de suas vendas no país. Ou seja, a configuração durou menos de quatro meses em vida.
Leia também: Cinco qualidades do VW Up! que nenhum outro carro popular teve
Honda WR-V facelift
Em julho de 2022, o Honda WR-V passou por um discreto facelift no Brasil. O SUV derivado do Fit já estava no mercado desde 2017 e aquela era sua primeira renovação. Mas ela durou pouco tempo. No fim do ano passado, a marca japonesa anunciou o fim de linha do modelo em nosso mercado, embora ele continue sendo produzido em Itirapina (SP) para exportação.
O anúncio se deu logo após a Honda anunciar o lançamento da nova família City, que chegou como sedan de nova geração e um inédito hatch, este um substituto direto do Fit. A morte do WR-V se deu por conta das novas normas de emissões de poluentes, o Proconve L7, que passaram a valer a partir de janeiro deste ano.
O velho motor 1.5 16V sem injeção direta não estaria em conformidade com a legislação e a Honda não quis investir em mudanças. Em vez disso, preferiu descontinuar as vendas do SUV em nosso país.
Leia também: Honda mata WR-V e deixa HR-V na geladeira até nova geração chegar
Honda Accord e:HEV
O Honda Accord e:HEV foi o primeiro de uma sequência de três produtos híbridos importados da linha e:HEV que a Honda lançará no Brasil até o ano que vem. Os outros dois ainda estão por chegar e serão as novas gerações de Civic e CR-V, ambos importados.
O sistema e:HEV tem a peculiaridade de não permitir o funcionamento conjunto dos motores elétricos e a combustão no tracionamento das rodas. Ou é um, ou é outro. O primeiro opera em momentos de arrancada, retomadas mais fortes e ladeiras.
Já o segundo, apenas a velocidades de cruzeiro, sendo acoplado diretamente ao diferencial através de uma engrenagem. Por isso, não há uma caixa de câmbio convencional. Porém, numa manobra difícil de compreender, o Accord e:HEV saiu de linha apenas seis meses após o lançamento.
Chevrolet Agile facelift
O Chevrolet Agile foi lançado no mercado nacional em 2009, pouco depois de a marca anunciar que renovaria sua linha de quatro em quatro anos. Baseado na plataforma do Corsa B, a primeira fase do carro durou de 2009 até 2013.
Após anos de piadas em relação a seu visual controverso, veio um facelift em 2013 e deixou o hatch muito melhor, com grade dianteira menor, faróis mais afilados, para-choques redesenhados e outros detalhes. Mas a evidente evolução acabou chegando tarde demais, pois o Agile saiu de linha no ano seguinte.
O principal motivo foi o gigante crescimento de vendas do Onix, um modelo de porte similar e produzido localmente, enquanto o Agile vinha da Argentina.
VW Pointer
Buscando um hatch com apelo esportivo para rivalizar com o Ford Escort, a Volkswagen lançou o Pointer em outubro de 1994. Com design atraente, o carro chegou nas versões CL e GL 1.8 de 88 cv e 2.0 de 116 cv. A esportiva GTi 2.0, de 116 cv, começou a ser comercializada na sequência.
Mas o tempo de vida do modelo foi curto. Em 1996, a Autolatina, joint venture formada entre Volkswagen e Ford, foi rompida, o que acabou selando o destino do Pointer. O carro acabou sua jornada no Brasil tendo apenas 32.746 unidades vendidas.
Chevrolet Sonic
O Chevrolet Sonic surgiu no Brasil em 2012 com a proposta de ser um compacto premium para brigar com. Importado da Coreia do Sul no início, mas trazido do México logo após o lançamento, nas carrocerias hatch e sedan, o modelo chegou para concorrer com Ford New Fiesta, VW Polo e a dupla Honda Fit e City.
Mas o destino do Sonic foi parecido com o do Agile e sua continuidade foi impactada pelo desempenho do Onix. As vendas do Sonic hatch também influenciaram negativamente, tendo registrado apenas 4.426 unidades emplacadas.
Já a configuração três-volumes foi impactada pelo Cobalt, que também agradou bem mais ao consumidor. Com o passar do tempo, a Chevrolet foi diminuindo a quantidade de carros importados do México até encerrar a vida do Sonic por aqui.
Novo Chevrolet Malibu
Outro Chevrolet de vida curta no Brasil, o Malibu foi lançado no Brasil para se posicionar entre o Omega e o Vectra. Considerado um sedan grande por aqui, chegou em 2010 e foi um dos primeiros modelos da marca a contar com a nova identidade da marca no Brasil.
Mas o carro acabou não fazendo frente aos concorrentes Ford Fusion e Hyundai Azera, tendo emplacado apenas 1.382 unidades em seu primeiro ano cheio de vendas (2011). Mesmo com o fracasso, a Chevrolet insistiu e trouxe uma segunda geração em 2012, com o carro sendo apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo.
Contudo, a alta expressiva do dólar fez a GM abortar a ideia e, no mesmo ano, decidiu deixar de importar o carro para o Brasil, após trazer um lote com pouco mais de 100 unidades. Na época, o Malibu tinha preço tabelado em R$ 100.000.
Fiat Tipo nacional
Trazido da Itália em 1993, o Fiat Tipo se transformou em um fenômeno de vendas, ficando atrás apenas do Volkswagen Gol e do Fiat Uno em vendas. Com tanto sucesso, a marca italiana começou a produzir o carro por aqui, apresentando uma versão nacional com motor 1.6 8V a gasolina, aposentando os motores 2.0 e 1.6 importados.
Mas o carro nacional acabou pegando uma fama muito ruim, devido a uma sequência de incêndios provocados pelo rompimento da mangueira de fluido hidráulico, que derramava o líquido sobre o motor quente e gerava o fogo.
Com o recém-chegado Código de Defesa do Consumidor, os proprietários decidiram fundar a Associação das Vítimas do Tipo, o que trouxe uma repercussão ainda maior e fizeram as vendas despencarem. Em 1997, menos de dois anos após começar a ser produzido no Brasil, o carro saiu de linha, sendo aposentado no Brasil.
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