Conheça as marcas que mais ganharam (e perderam) em 2021
Por Zeca Chaves, Colunista da Mobiauto*
Fim de ano é uma época que evoca lembranças recorrentes: reuniões de família, peru assado, fogos de artifícios e a tradicional retrospectiva nos canais de TV, que resumem em pouco tempo como foi o ano que está findando.
Para não fugir dessa tradição, vale a pena relembrarmos quais foram as montadoras que mais ganharam (e perderam) neste ano, marcado pela crise mundial de semicondutores, que provocou uma escassez de componentes que paralisou linhas de produção pelo mundo todo, inclusive no Brasil.
Ford perdeu mais de 70% do mercado
O mês de janeiro não havia chegado à metade quando uma notícia abalou não somente a indústria automotiva, mas o Brasil inteiro: a Ford anunciava que fecharia suas três fábricas no país e passaria a ser apenas uma importadora de veículos, após mais de 100 anos de operação em solo brasileiro – em 1919 a Ford já montava o Modelo T com kits importados semiprontos em um galpão em São Paulo.
Responsável por mais 80% das vendas, as linhas Ka e EcoSport deixariam de ser fabricados em Camaçari (BA), assim como seus motores não sairiam mais da unidade de Taubaté (SP). O resultado é que, mesmo com a estreia de mais lançamentos, a Ford não conseguiu se segurar no ranking de vendas.
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Começou o ano como a 5ª maior marca do mercado brasileiro, porém chegou ao mês de novembro na 13ª posição. A queda nas vendas no acumulado de 2021 foi de impressionantes 71,4% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Para piorar o cenário, o fim da Ford como fabricante nacional também levou ao fundo do poço a simpática Troller, que estava sob seu controle desde 2006: a direção da empresa americana decidiu também fechar a fábrica de Horizonte, no Ceará, e não vender a marca brasileira de jipes a outros interessados.
Chevrolet afetada pela falta de peças
O ano de 2021 tinha tudo para ser a consagração da GM. Depois de fechar 2020 na liderança do mercado brasileiro com relativa folga sobre Fiat e Volkswagen, o horizonte indicava que a GM poderia crescer ainda mais com o sucesso comercial de Onix, Onix Plus e Tracker.
Mas no meio do caminho havia uma pedra. Ou melhor, uma crise, a dos semicondutores. A escassez de componentes eletrônicos impactou a produção de veículos no Brasil como um todo, mas alguns fabricantes sofreram mais do que outros.
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E nesta situação estava a GM, que precisou fechar sua fábrica de Gravataí (RS) por cinco meses e a de São Caetano do Sul (SP) por quase dois meses. O resultado é que suas vendas neste ano caíram 29,7%. Em dezembro do ano passado, ela era líder do mercado com 18,1% de participação; em julho deste ano, já havia despencado para a 7ª colocação no ranking das marcas, com apenas 5,8% das vendas.
Stellantis é a grande vencedora do ano
Grupo formado por fabricantes como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, a Stellantis conseguiu a proeza de alavancar as vendas de todas suas marcas no Brasil apesar da falta dos chips que paralisou diversas fábricas no país.
No ranking de crescimento de vendas das 20 maiores marcas, a Peugeot liderou com um notável aumento de 125,7%, ao saltar dos 11.538 veículos comercializados nos 11 primeiros meses do ano passado para 26.044 unidades neste ano. No 3º lugar desse ranking, ficou a Citroën, que passou de 12.604 unidades em 2020 para 20.267 neste ano, uma evolução de 60,8%.
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Claro que podemos argumentar que é mais fácil obter um expressivo aumento nas vendas quando a base é relativamente pequena, como é o caso das duas francesas. Mas a Stellantis foi mais longe e fez o mesmo trabalho com suas marcas de grande volume. A Jeep foi a 4ª desse ranking, com um acréscimo de 42,3% (subiu de 95.308 veículos para 135.598), e a Fiat ficou na 5ª colocação com 40% (de 282.094 para 395.581).
Parte da explicação desse êxito deve-se ao modo que Stellantis enfrentou a escassez de peças. Enquanto a maioria dos fabricantes reduziram os pedidos aos fornecedores no auge da pandemia, a Fiat manteve parte dos planos.
Mesmo quando a falta de peças no mundo se agravou, ela mandou trazer componentes de avião, buscou alternativas em materiais e equipamentos, pagou mais caro por alguns insumos e procurou fornecedores em mercados de menor tradição ou em países mais distantes.
Caoa Chery só tem a comemorar
Os leitores mais atentos devem ter percebido no texto acima que as marcas da Stellantis conquistaram 4 das 5 primeiras posições do ranking de aumento de vendas. Pois saibam que o fabricante que ficou faltando é a Caoa Chery, na 2ª posição.
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A empresa mezzo chinesa mezzo brasileira cresceu 113,2% no acumulado deste ano, quando comercializou 36.048 carros, contra apenas 16.910 do ano passado.
Sua expansão está apoiada em três pilares: investimento massivo em publicidade (o maior entre as montadoras), estratégia de lançamentos focada em novos SUVs e preocupação em produzir todos seus veículos localmente – da sua linha de nove modelos, o único importado atualmente é o sedã elétrico Arrizo 5e.
Ranking das marcas que mais cresceram
Para conhecer o desempenho das demais marcas no Brasil, confira a seguir o ranking do crescimento de vendas em 2021 comparado ao ano anterior, segundo os números da Fenabrave entre janeiro e novembro.
1º) Peugeot: 125,7%
2º) Caoa Chery: 113,2%
3º) Citroën: 60,8%
4º) Jeep: 42,3%
5º) Fiat: 40%
6º) Toyota: 26%
7º) BMW: 22,3%
8º) Mitsubishi: 17,6%
9º) Hyundai: 14,3%
10º) Volvo: 9,8%
11º) Nissan: 8,4%
12º) Land Rover: 5,7%
13º) Honda: -0,2%
14º) Renault: -2,5%
15º) Volkswagen: -5,3%
16º) Audi: -8%
17º) Kia: -17,8%
18º) Mercedes-Benz: -22,7%
19º) Chevrolet/GM: -29,7%
20º) Ford: -71,4%
*Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto
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