Em 23 anos, Ford Ka mudou de porte, foi esportivo e até blindado

Modelo vai deixar o mercado ainda em seu auge. Sem agonizar, morre com dignidade e em um único golpe
Camila Torres
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14.01.2021 às 21:31 • Atualizado em 29.05.2024
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Modelo vai deixar o mercado ainda em seu auge. Sem agonizar, morre com dignidade e em um único golpe

Em 23 anos de história no Brasil, o Ford Ka teve três gerações e várias edições especiais. Chegou conquistando o público com seu porte pequeno e urbano, além de design simpático e arredondado, embora controverso e com espaço interno minúsculo. 

Depois, na terceira geração, conquistou novamente o consumidor pela sua estética agradável, robusta e que se mantém atual até os dias de hoje. 

O subcompacto promovido a compacto já oscilou muito pelo ranking de vendas, caindo e escalando posições. Nos últimos anos, porém, manteve-se firme entre os carros mais populares do país. Fechou 2018 como o terceiro carro mais vendido no Brasil, subindo para vice-líder em 2019 e caindo para sexto no ano passado.  

Mesmo com sua última geração sendo de 2014, o modelo continuou páreo para brigas com versões de entradas de Chevrolet Onix e Hyundai HB20, ambos atualizados em 2019. Mas o modelo chegou em um ponto no qual já não dava mais para postergar uma atualização mais profunda sem impactar o preço (ou as vendas). 

Dentre as opções de lançar uma nova geração, deixar o modelo definhar até morrer ou declarar o fim sem dó nem piedade, a Ford escolheu a terceira. 

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Assim, diferentemente de outros modelos, que vão perdendo espaço e versões no mercado gradativamente até morrerem, o Ka chegou a 2021 com sete versões na carroceria hatch e seis na sedan. Todas extinguidas pelo mesmo golpe, deixando zonzos desde funcionários da fábrica a concessionários e clientes. 

O Ford Ka marca sua história no Brasil, não como um desses carros que têm diversos fã clubes, mas por ser um modelo que soube se reinventar por mais de duas décadas, acompanhando as demandas do público, pelo caráter honesto, ao ser um dos carros de entrada com melhor custo-benefício, e pelo carisma sempre esboçado em seu visual. 

Apesar de nunca ter sido tratado como um ícone automotivo, o Ka se vai deixando um ar saudoso em que já o teve nas mãos. Antes mesmo de dizer adeus definitivo, afinal, o modelo continuará sendo comercializado até durarem os estoques (saiba negociar caso queira comprar um). Vamos, então, relembrar quem foi o Ford Ka. 

História, gerações, detalhes e curiosidades sobre o Ford Ka

Modelo vai deixar o mercado ainda em seu auge. Sem agonizar, morre com dignidade e em um único golpe

Nascimento: o conceito do Ford Ka foi apresentado no salão de Genebra, em 1994. O modelo de pequeno porte trazia uma proposta urbana e racional aliada a uma estética ousada, composta de carroceria, faróis e lanternas com traços arredondados. 

Concorrência: a Ford criou o Ka com objetivo de oferecer um carro popular, econômico e de baixo custo para concorrer diretamente com o Renault Twingo, que já estava no mercado havia dois anos e era um fenômeno de vendas.

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Retoque no visual: a Ford desejava que o Ka fosse mais que um modelo fofinho ou carismático, mas também atraente, então alguns retoques foram feitos para a versão de produção. 

Os faróis, que antes eram redondos, ganharam um formato quase triangular. A grade dianteira ficou mais fina e esticada. As janelas ganharam formato pontudo nas extremidades. O modelo foi munido do motor 1.3 Endura de 60 cv já usado no Escort 1968.

Modelo vai deixar o mercado ainda em seu auge. Sem agonizar, morre com dignidade e em um único golpe

Egito: de visual renovado, essa versão foi conhecida por usar um estilo de pirâmide, que combinava muito bem com seu nome de origem egípcia, que significa ‘alma’ ou ‘espírito’.

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Brasil: o Ford Ka chegou ao Brasil em março de 1997 e era produzido na fábrica de São Bernardo do Campo. O Ka brasileiro, por incrível que pareça, era idêntico ao europeu: usava as mesmas calotas e painel, e preservava até as mesmas dimensões. 

Espaço: apesar do pequeno porte, o Ford Ka tinha 2,45 m de entre eixos, um centímetro a mais que o Fiesta. Quem ia atrás, apesar de não ter espaço para esparramar as pernas, tinha espaço suficiente para uma viagem minimamente confortável. O maior problema nas viagens era realmente o porta-malas, de apenas 182 litros.

Motor: em pouco tempo, o Ford Ka ganhou mais uma calibragem de motor, a 1.0 de 53 cv e 7,8 kgfm de torque, que fazia 12,7 km/l na cidade e 16,8 km/l na estrada. 

No ano 2000, o modelo ganhou o motor 1.0 Zetec Rocam de 65 cv e 8,9 kgfm de torque, que fazia 9,2 km/l na cidade e 15 km/l na estrada. Na sequência, veio a versão XR, com roupa esportiva e motor 1.6 Zetec Rocam de 95 cv e 14,2 kgfm de torque.

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Versão esportiva: lançada em 2001, a versão XR, além de contar com o motor 1.6 da família Zetec Rocam, tinha entrada de ar no para-choque, aerofólio e saias laterais. 

Versão blindada: também em 2001, o Ford Ka ganhou uma série especial e com opção de motorização 1.0 ou 1.6. O carro passava a ter bancos com acabamento em couro, ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, pintura apenas em preto e podia ser até blindado se equipado com o motor 1.6.

Primeira reestilização: em 2002, o modelo recebeu sua primeira reestilização, que foi marcada por mudanças pontuais nas lanternas traseiras, que ficaram mais estreitas e altas. A placa ganhou um lugar na tampa do porta-malas e, no interior, novo porta-objetos no teto e tomada 12V. 

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Segunda reestilização: finalmente algumas mudanças são feitas na frente do veículo em 2004. A grade dianteira ganhou formato de colmeia e os para-choques também foram trocados. O que fez com que o modelo ganhasse mais edições especiais, como a MP3, oferecendo aparelho de CD.

Segunda geração: em 2007, o Ford Ka teve que dizer adeus ao visual europeu. A segunda geração do modelo, que na verdade aproveitava boa parte da estrutura do antecessor, passou por mudanças na grade dianteira e faróis. O vidro traseiro ficou maior e as lanternas passaram a ser horizontais. 

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O modelo teve um aumento de 20 cm no comprimento, passou a ter lugar para cinco ocupantes e o porta-malas teve um ganho significativo com a expansão do balanço traseiro, indo de 182 para 263 litros.

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Motor bicombustível: outra novidade na linha 2008 foram os motores 1.0 e 1.6 Rocam passarem a ser bicombustíveis, os populares flex. A versão 1.0 abastecida com etanol fazia 7,4 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada; com gasolina, fazia 9,6 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada. Já a versão 1.6 abastecida com etanol fazia 7 km/l na cidade e 9 km/l na estrada, já com gasolina fazia 9,1 km/l na cidade e 13 km/l na estrada. 

Ford Ka europeu: na Europa, um novo Ka também era apresentado, mas este era feito sobre a base do Fiat 500, o que mostra como o modelo teve rumos diferentes em cada continente. Se aqui o Ford Ka cada vez se popularizava mais, do outro lado do oceano o modelo pertencia a outro segmento.

Terceira geração: sete anos depois, a Ford ofereceu aos consumidores o que eles tanto desejavam: um Ka de quatro portas e até mesmo uma versão sedan. A terceira geração do Ka hatch oferecia uma estética mais robusta e condizente com os rivais da época, mas sem deixar de ser agradável. 

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E o modelo de três volumes, com nome de Ka+ (que, depois, viraria Ka Sedan), se mostrava um bom substituto para o Fiesta Sedan. O modelo chegou com duas opções de motorização: 1.0 de 85 cv e 10,7 kgfm, e 1.5 de 110 cv e 14,9 kgfm. Ambos seriam produzidos em Camaçari (BA), junto do EcoSport.

Sedan mais econômico: atualmente o Ford Ka Sedan é o três-volumes mais econômico à venda no Brasil. As versões SE e SE Plus, ambas com motor 1.0 aspirado e câmbio manual, abastecidas com etanol fazem 9,3 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada. Abastecidas com gasolina, fazem 13,3 km/l na cidade e 15,6 km/l na estrada. 

Modelo vai deixar o mercado ainda em seu auge. Sem agonizar, morre com dignidade e em um único golpe

Mais retoques: o Ka+ é rebatizado Ka Sedan em 2017 e, no ano seguinte, a família Ka ganha novos para-choques dianteiros e traseiros, central multimídia mais moderna, de 7 polegadas, e o tão desejado câmbio automático. 

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Hatch bom de briga: o Ford Ka foi um dos hatches mais vendidos no Brasil nos últimos tempos. Mesmo com a última geração datando de 2014, continuou dando trabalho para Chevrolet Onix e Hyundai HB20, que trocaram de geração em 2019. Inclusive, o Ford Ka foi o terceiro carro mais vendido no Brasil em 2018 e segundo em 2019.

Queda nas vendas: tanto a configuração hatch como na sedan do Ford Ka passou por maus bocados em 2020, ano marcado pela pandemia do coronavírus. O modelo, que vinha em uma onde crescente de vendas desde 2016, teve quase 40 mil emplacamentos de desvantagem comparando 2019 com 2020. Caiu, assim, de segundo para sexto no ranking geral.

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Ford Ka morre: em janeiro de 2021, a Ford declara que fechará suas três fábricas remanescentes no Brasil e declara o fim de todos os seus modelos de produção nacional, incluindo a família Ka, o SUV compacto EcoSport e o jipe Troller T4. 

A marca continuará suas operações no mercado nacional como importadora e se dedicará à produção de automóveis de maior porte, como SUVs e picapes. 

Histórico de vendas do Ford Ka de 2004 a 2020

* Fenabrave não tem histórico de emplacamentos do Ford Ka de 1997 até 2003

1997: sem histórico na Fenabrave
1998: sem histórico na Fenabrave
1999: sem histórico na Fenabrave
2000: sem histórico na Fenabrave
2001: sem histórico na Fenabrave
2002: sem histórico na Fenabrave
2003: sem histórico na Fenabrave
2004: 22.048
2005: 17.032
2006: 19.834
2007: 29.327
2008: 64.878
2009: 83.947
2010: 84.877
2011: 63.762
2012: 56.931
2013: 26.252
2014: 43.834
2015: 90.187
2016: 76.615
2017: 94.893
2018: 103.285
2019: 104.331
2020: 67.491

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Histórico de vendas do Ford Ka Sedan 2015 a 2020 

2014: 7.067
2015: 34.060
2016: 24.647
2017: 27.647
2018: 39.027
2019: 51.260
2020: 25.743
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