Os curtos-circuitos da Chevrolet na corrida pelo carro elétrico

Sucessão de fracassos com a eletrificação deixou a marca norte-americana como 'lanterninha' nesse segmento que é o futuro do automóvel
BF
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06.09.2022 às 11:00 • Atualizado em 29.05.2024
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Sucessão de fracassos com a eletrificação deixou a marca norte-americana como 'lanterninha' nesse segmento que é o futuro do automóvel

A General Motors tentou ser a pioneira na nova fase do carro elétrico na década de 90, mas deu tudo errado. E mais dois fracassos em 2012 e 2016. Só agora, 30 anos depois, quando milhões de eletrificados de marcas chinesas, coreanas, japonesas e europeias já rodam pelo mundo, a GM entra como player no pedaço.

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EV-1

Sucessão de fracassos com a eletrificação deixou a marca norte-americana como 'lanterninha' nesse segmento que é o futuro do automóvel

Lançado em 1993, o EV-1 só lhe deu dor de cabeça e um colossal prejuízo no caixa e na imagem da empresa. Tinha atributos interessantes como o baixo peso (1360 kg) e coeficiente aerodinâmico (0,19) entre os mais baixos do mundo. Boa performance, chegando a 130 km/h (limite eletrônico) e cravando 0-100km/h em 8 segundos. Apesar de considerado à frente do seu tempo, o EV-1 falhou em vários aspectos:

  • Incêndio durante recarga;
  • Bateria de conceito antigo (chumbo-ácido);
  • Baixa autonomia (150 km, depois 200 km);
  • Custo elevadíssimo (atualizado, de US$ 60      mil);
  • Dificuldade de recarga.

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De bandeja…

Foram produzidas apenas 1.117 unidades, comercializadas exclusivamente pelo sistema de leasing. Mas a produção foi encerada três anos depois (1996) e a fábrica pediu a devolução de todos os carros antes mesmo de vencer os contratos. Algumas unidades foram entregues para museus e universidades, e todas as demais sucateados.

A GM perdeu assim a excepcional oportunidade de se tornar a grande pioneira mundial dos elétricos. Entregou o título – de bandeja – para Elon Musk da Tesla.

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Volt

Sucessão de fracassos com a eletrificação deixou a marca norte-americana como 'lanterninha' nesse segmento que é o futuro do automóvel

Na segunda tentativa, em 2011, a empresa projetou um modelo puramente elétrico. Mas corrigiu em tempo e acabou lançando um híbrido, com motor a combustão para recarregar um volume menor de baterias, reduzindo custos e aumentando a autonomia.

Chamado de Ampera na Europa, quando terminava sua autonomia de cerca de 60 km, o motor a combustão era acionado para recarregar as baterias. Uma ideia inteligente, mas que sucumbiu pelo elevado preço: US$ 41 mil, US$ 10 mil mais caro que o Toyota Prius. Produção abortada em 2019.

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Bolt

Depois das duas derrapadas, partiu para nova tentativa em 2016. Puramente elétrico, algumas unidades vieram para o Brasil em 2018, mas a empresa voltou a ter problemas, desta vez pelos riscos de incêndio nas novas baterias de ion-litio, produzidas pela LG na Coreia. A GM imaginou que o problema estaria apenas nestas e para uma nova geração do Bolt, lançada em 2020, passou para a bateria da LG produzida em Michigan (EUA).

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Entrada proibida!

A GM fez um recall de todos os Bolts produzidos até 2019 com baterias da LG da Coréia. Mas não demorou a perceber que também as produzidas nos EUA poderiam provocar incêndios. O recall foi então estendido para todos as 141 mil unidades produzidas de 2016 a 2022. O único no mundo que envolveu toda a produção de um modelo.

Era tamanho o risco de fogo que a GM recomendou não recarregar o carro dentro de casa nem em estacionamentos. Aliás, teve estacionamento nos EUA que chegou a proibir a entrada do Bolt.

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Relançamento

Sucessão de fracassos com a eletrificação deixou a marca norte-americana como 'lanterninha' nesse segmento que é o futuro do automóvel

A empresa anunciou seu relançamento no Brasil em setembro de 2021, com pré-venda no valor de R$ 317 mil. Mas, com o novo perrengue das baterias que fez interromper sua produção nos EUA no ano passado (as novas foram destinadas para o recall), adiamento por um ano e nova apresentação feita agora para o mercado brasileiro. Nos EUA, o preço foi reduzido de U$ 32 mil para U$ 26 mil (cerca de R$ 130 mil). No Brasil, aumentado em R$ 17 mil para 329 mil. 

A GM trocou o fornecedor da bateria? Não: continua arriscando com a LG, embora a empresa jure, de pés juntos, que está definitivamente eliminado qualquer risco de incêndio. (Eu não colocaria a mão no fogo….)

Por via das dúvidas, está na hora de a GM cruzar os dedos. Ou trocar seu time de engenheiros eletricistas* em Detroit.

(*) Sou candidato, pois tenho este título…

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

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