Por que o próximo item em extinção nos carros será o pedal do freio
Não me esqueço do meu primeiro carro antigo, um Ford Modelo T de 1926. Este carro inaugurou a linha de montagem no mundo, produzido de 1908 a 1927. Sua mecânica era muito simples e, por isso, muito resistente, verdadeira obra-prima de funcionalidade de Henry Ford.
No Brasil (foi também montado aqui) era chamado “Ford Bigode” ou “Ford Pedal”. Porque seu grande diferencial em relação aos outros carros da época era ser semiautomático. Como assim?
Eram três pedais: à direita (acelerador nos demais), ficava o do freio. O central (freio até hoje) era a marcha à ré. E o da esquerda (hoje embreagem) engatava a primeira (quando mantido apertado no fundo), ponto morto (no meio do curso) e segunda marcha quando não acionado. Era “prise direta” mesmo, virabrequim conectado ao eixo cardã
Terceira? Não tinha. Embreagem? Também não. Alavanca de mudanças? Não, só a do freio de mão. Nem bombas de água (termo-sifão) ou de gasolina (esta descia por gravidade).
Alguém percebeu que na descrição de pedais não apareceu o do acelerador? Ele não era acionado pelo pé, mas sim por uma alavanca na coluna, sob o volante, à direita. E a da esquerda, para avançar o distribuidor. Por isso o apelido “Bigode”.
Tudo isso porque Henry Ford era contra o câmbio manual e sempre imaginou o automático. Mas entregou os pontos com o sucessor do “T”: o modelo A (1928) tinha caixa de marchas convencional, com alavanca e… Pedal de embreagem.
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Novas tecnologias… E menos comandos
Com o passar dos tempos e novas tecnologias, as coisas caminharam de forma surpreendente, principalmente com a eletrônica. E os comandos convencionais estão todos sendo eliminados.
O primeiro pedal a ir para o espaço foi o da embreagem. O câmbio automático apareceu nos EUA entre as décadas de 1930 e 1940 – corre história de ter sido invenção brasileira, com patente vendida para a GM.
Vários sistemas de câmbio automático foram surgindo e o mercado norte-americano, absorvendo a novidade rapidamente. Ao contrário do brasileiro, que só recentemente aderiu ao carro sem embreagem, nos Estados Unidos mais de 95% das vendas são de carros automáticos. Câmbio manual? Só em alguns esportivos.
Outro pedal que está na corda bamba é o do freio, pois o sistema regenerativo do carro elétrico é tão poderoso que quase o dispensa. Basta tirar o pé do acelerador que o “freio” entra em ação. Aliás, em alguns já existe o one-pedal-drive que permite ao motorista usar quase exclusivamente o pedal do acelerador. O do freio, só em emergências.
Imagens: Leonardo Felix/Mobiauto, Divulgação/Ford e Auto Papo
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
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Jornalista Automotivo