Como a Fiat Toro ganhou coração dos brasileiros e até mesmo da Ram
A Fiat Toro chegou ao nosso mercado em 2016 construída sobre a plataforma Small Wide 4x4. Ela foi apresentada pouco depois de a Renault Oroch chegar por aqui, e se tornou o principal pilar do segmento, que dará vida a modelos da Volkswagen, Toyota, Nissan e que fez a Ford trazer ao Brasil a Maverick.
Desde então, são mais de 550 mil unidades vendidas em todo o Brasil. A Fiat Toro, vale lembrar, já foi vendida com motores flex 2.4 de até 186 cv de potência e 24,9 kgfm de torque e 1.8 de até 139 cv e 19,3 kgfm de torque. Atualmente, usa propulsores 1.3 turbo flex de até 185 cv de potência e 27,5 kgfm de torque e 2.0 turbo diesel de 170 cv e 35,7 kgfm.
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No próximo ano, o modelo deve ter como novidade o motor Multijet 2.2 no lugar do atual 2.0, assim como aconteceu com a Ram Rampage. A novidade será por causa do Proconve L8, novas regras de emissão que entram em vigor no início do ano que vem, e a boa notícia é que o novo motor tem 200 cv de potência e 45,9 kgfm de torque, sendo mais rápido, menos beberrão e menos poluente. A informação foi dada pelo colega João Brigato, do AutomaisTV.
Entre os grandes diferenciais da Fiat Toro, desde sua chegada, temos justamente as capacidades de um SUV, e a estrutura também. A picape é construída em plataforma monobloco, mesma de carros de passeio e diferente das usadas em picapes médias e seus SUVs derivados.
Isso traz mais conforto para quem vai no veículo. Afinal, a capacidade de torção da carroceria construída em um único bloco é melhor que a de estrutura chassi-cabine, que tem dois corpos torcendo de maneiras diferentes por causa de suas propriedades distintas de materiais.
Menos chacoalhões internos é a receita para ter uma picape mais próxima de um SUV. Pena que não há milagre para o espaço interno. Mesmo com seus 5 metros de comprimento e quase 3 metros de entre-eixos, a caçamba toma boa parte das medidas do veículo e o espaço da cabine é comedido.
Para passageiros adultos, falta espaço interno para pernas e ombros – para a cabeça é mais tranquilo, afinal os números de altura são bons. No entanto, sua medida é uma das melhores para se rodar em grandes centros. Diferente de modelos de porte médio, ela é completamente usável no dia a dia, e o apelido de “picape de shopping” até poderia soar mal, mas caiu bem.
A Fiat Toro é uma picape urbana, coisa que Ford Ranger, Toyota Hilux e Chevrolet S10, por exemplo, têm dificuldades de ser por causa das dimensões e características.
Não só isso, a Toro tem preço acessível. Ela é basicamente a ponte entre Fiat Strada e Volkswagen Saveiro para modelos de porte médios citados acima. Atualmente, a picape custa entre R$ 151.990 e R$ 219.990 - e divide peças estruturais com Renegade, Compass e Commander, por exemplo, que ajudam no barateamento da manutenção e facilidade para encontrar esses itens.
Produzida em Goiana (PE), chegou a ter uma sigla única, chamada de SUP, ou Sport Utility Pick-Up, uma variação da sigla SUV, que é basicamente o que a picape é. A Fiat Toro faz sucesso por ser robusta estruturalmente, ter opções de motor flex e diesel com preços bem mais baixos que de picapes médias, boas medidas para uso urbano, boas capacidades (pode levar até 1 ton. na caçamba) e visual sofisticado.
Justamente isso que fez a picape ganhar espaço no Brasil, e também uma chance com a Ram. Os mais atentos vão se lembrar que a Ram Rampage usa como base a Fiat Toro, que foi lançada ano passado no Brasil.
Atualmente, está posicionada acima da picape da Fiat no catálogo da Stellantis, usa motores mais potentes, mas a plataforma é a mesma Small Wide 4x4, que ganhou ajustes para segurar o torque e potência a mais das novas usinas. Ela também é mais completa em lista de equipamentos e tem melhor acabamento interno.
A Rampage é a picape mais potente fabricada na América do Sul por causa de seu motor Hurricane 4, um 2.0 turbo a gasolina de 272 cv de potência e 40,8 kgfm de torque. O motor a diesel é 2.2 e entrega 200 cv e 45,9 kgfm.
Algo que vale ressaltar é que a Rampage é a primeira picape da Ram desenvolvida e fabricada fora dos Estados Unidos. Méritos da autonomia que a Stellantis tem no Brasil, principalmente por causa da atuação de sucesso da Fiat no Brasil nas últimas décadas, que a fizeram ter força para dar luz a um novo segmento de picape e surgir a Toro.
Muito dessa autonomia, claro, vem de boas decisões, como a de não ter versões mais equipadas e sofisticadas da Fiat Toro e dar oportunidade de a Ram ganhar mais espaço no Brasil com a sua própria Toro, que é a Rampage, que cobra mais caro para sair da loja.
Convencer a Ram de produzir um veículo no Brasil com estrutura monobloco e porte reduzido não deve ter sido tarefa fácil. E é por isso que temos um modelo tão mais sofisticado que a Toro. No entanto, não há como negar que se não fosse a apresentação da picape da Fiat lá em 2016, e todo o legado que ela construiu nesses últimos oito anos, a Ram Rampage não existiria hoje – pelo menos não dessa forma.
Gerente de conteúdo
Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.