BYD Dolphin Mini ganha suspensão de Corolla para acabar com efeito gelatina

Hatch elétrico ganhou dirigibilidade próxima ao de um Chevrolet Tracker, segundo proprietário
Diego Dias
Por
04.07.2024 às 13:45
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Hatch elétrico ganhou dirigibilidade próxima ao de um Chevrolet Tracker, segundo proprietário

Desde que desembarcou no Brasil o BYD Dophin Mini foi motivo de polêmica por várias questões. A primeira foi o preço de lançamento, que acabou ficando acima do esperado (algo na casa dos R$ 100 mil), depois foram os pneus de medidas pouco comuns para o mercado e agora mais recentemente as críticas para a sua suspensão traseira.

Vale lembrar que o BYD Dolphin Mini foi lançado no final de fevereiro, assim seu primeiro mês cheio de vendas foi em março e desde então as unidades adquiridas em pré-venda e posteriormente nas lojas foram sendo entregues. Na medida que cresceram seus emplacamentos, também aumentaram relatos de reclamações sobre sua suspensão traseira.

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Pipocam críticas sobre a suspensão do BYD Dolphin Mini, principalmente por conta do seu efeito “pula-pula”. Na semana passada mesmo publicamos uma gambiarra na suspensão traseira do elétrico, que consiste na instalação de um kit buffer.

Na prática, o acessório funciona como uma espécie de calço para as molas helicoidais da suspensão, assim reduzindo o curso da peça para dar a sensação de mais firmeza no amortecimento.

Mas dessa vez um outro proprietário de BYD Dolphin Mini, neste caso Gilvan Barbosa, recorreu a uma solução que à primeira vista parece ser mais viável e “menos gambiarra” do que essa do buffer. A solução, segundo ele, foi trocar a suspensão original por um kit de suspensão traseira de Toyota Fielder, a versão perua do Corolla vendida entre 2004 e 2008 no Brasil.

Suspensão traseira de Toyota Corolla ou Fielder

No vídeo publicado no Youtube, Gilvan detalha o passo a passo para trocar a suspensão original pela do Toyota Fielder, perua que fez sucesso no mercado nacional no começo dos anos 2000. Para começar os trabalhos, Gilvan apoiou o carro em dois macacos para maior segurança e tratou de trocar a suspensão sem tirar as rodas mesmo.

Antes de começar o serviço, desmontou o banco traseiro e depois retirou também os acabamentos plásticos do porta-malas, primeiro aquele que vai na parte central na junção com o para-choque e depois os laterais, segundo ele. A reportagem da Mobiauto entrou em contato com Gilvan e ele respondeu algumas questões.

A primeira questão é o motivo de ter escolhido especificamente a suspensão da perua Toyota Fielder. O autor afirmou que já tinha uma noção por ter trabalhado em centro automotivo e, quando bateu o olho na configuração da station wagon japonesa, já viu que era compatível.

“Tem tanto da Fielder quanto do Corolla normal. A da Fielder, por ser um pouco mais pesada, tem uma suspensão mais firme. Eu acho que a suspensão do Corolla serviria também, só que aí ela ficaria mais macia [no Dolphin Mini]. Claro que ainda ficaria melhor do que a da BYD.”, argumentou Gilvan. O jogo de suspensão adquirido foi da marca KYB, que saiu por R$ 580, mas o preço médio circula por volta de R$ 630 em anúncios.

Embora a suspensão tenha sido praticamente tipo “plug and play”, foi necessário fazer uma pequena adaptação para ser instalada no Dolphin Mini.

“A adaptação teve que fazer sim. Ali em cima na parte do batente tem um calço. É um que vai no meio do eixo da suspensão, então a furação da suspensão do BYD Dolphin Mini, aquele perfil ali da suspensão, ele é de 10”, e o da Corolla Fielder ele é de 12”. Então eu tive que abrir o buraco ali para 12”, mandei no torno, o torneiro foi lá e abriu”. Ele detalha que o processo é feito em duas partes, “tanto no batente quanto nessa pecinha do meio aí que segura o coxim. Só fez um furo, não foi na suspensão, não foi no carro, foi nessa parte aí para encaixar dentro do amortecedor”, finaliza.

Feito esse processo no torno, basta encaixar a suspensão da Toyota Fielder junto aos amortecedores e depois instalar no Dolphin Mini. São basicamente três parafusos de fixação na carroceria na região da caixa de roda, sendo dois por dentro do carro e um encaixado por fora. Há ainda a fixação da torre do amortecedor que vai no eixo do carro. Em seu vídeo fica clara a diferença da carga de suspensão do amortecedor original contra o da Fielder, que usa um amortecedor a gás.

Vale lembrar que na avaliação publicada recentemente pela Mobiauto foi apontada como ponto negativo do compacto elétrico sua suspensão traseira. Nos dias em que esteve em testes passou por lombadas e valetas de forma incômoda, dando final de curso nessas situações. Já em curvas era preciso se atentar ainda mais na direção por conta da rolagem excessiva da carroceria.

Mas a dirigibilidade do carro do Gilvan com a suspensão modificada de Toyota Fielder/Corolla parece ter mudado o comportamento do Dolphin Mini da água para o vinho. O carro manteve o padrão original de rodas de liga-leve de 16 polegadas calçadas com pneus 175/55.

Dirigibilidade de Chevrolet Tracker

“A dirigibilidade ficou praticamente igual ao Tracker. O carro [Dolphin Mini] que flutuava na minha mão antes, hoje está bem firme. É como eu falei, dá impressão que está dirigindo um kart sabe, ele é bem centrado no chão... Você passava antes numa parte [da via] que é ondulada e o carro ficava flutuando a traseira, parecia que ia perder a traseira, agora não, está bem firme, bem assentado no chão”, detalha Barbosa em suas impressões.

Questionado acerca da possível perda de garantia da BYD, Gilvan demonstrou não se preocupar justamente porque fez as modificações no padrão original do carro.

“A suspensão, a própria BYD dá garantia de 1 ano. Essa suspensão que eu comprei eles dão 2 anos de garantia. Então assim, não vejo problema, não tem o por que a BYD fazer uma recusa de estar fazendo uma revisão ou pagar alguma coisa que afetasse o motor ou a bateria do carro por causa da troca de suspensão.

Eu não fiz nenhuma adaptação, não rebaixei o carro, não troquei o perfil das rodas, nada. Só troquei a suspensão, deixei ela um pouco mais rígida. A altura do amortecedor é a mesma, a medida é a mesma, o que muda é só a carga de gás de uma suspensão, de um amortecedor para o outro”, finaliza.

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