Fiat não tem híbrido a etanol no Brasil ainda por culpa dos brasileiros
Desde 2019, a Fiat promete um motor puramente a etanol para o mercado brasileiro. O propulsor chegou a ser revelado e batizado de E4, por ser baseado no motor T4, ou seja, o 1.3 GSE turbo de quatro cilindros que, nos carros Fiat e Jeep, ficou conhecido como T270.
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Agora, Emanuele Cappellano, CEO da Stellantis para a América do Sul, confirmou que a tecnologia está pronta, mas que não será lançada, ao menos por enquanto. E a culpa é estritamente do consumidor brasileiro.
Segundo fala do executivo, “não há demanda” para um motor puramente a etanol, ainda que seja uma opção de descarbonização da frota com logística de abastecimento muito mais simples do que a um de carro elétrico.
O projeto foi engavetado tempos depois, mas ressurgiu em 2023, quando a fabricante divulgou a jornalistas o interesse de apostar mais no biocombustível derivado da cana-de-açúcar, seja por meio de motores híbridos flex – conforme a recém-lançada família Bio-Hybrid – ou de conjuntos motrizes alimentados apenas por etanol.
Como é o motor a etanol da Fiat
Em 2023, durante o lançamento da plataforma Bio-Hybrid, que terá três tipos de motorizações híbridas, os executivos da Stellantis deram mais detalhes dos rumos do motor a etanol do grupo.
Ao contrário do previsto anteriormente, o motor agora não está previsto como motor de tração para as rodas, mas sim para servir como gerador de energia para um motor elétrico, aos moldes do sistema e-Power da Nissan.
Porém, o conjunto ainda conta com um microrreformador, conforme antecipado por nossa reportagem neste outro artigo, a fim de otimizar o funcionamento do motor e a geração de energia. Dessa forma, justificando o motor 1.3 turbo e não o 1.0 turbo, o motor a etanol poderá ser usado por utilitários, que precisam de mais torque e maior autonomia de rodagem.
Já o reformador serviria para a chamada REGR (Reforma e Recirculação de Gases do Escape), uma evolução do sistema EGR de recirculação de gases presente em motores a diesel.
Por meio dele, haveria a chamada catálise desses gases e de pequenas quantidades de etanol, transformando os gases que seriam eliminados pelo escapamento em outros quatro: H2 (hidrogênio), CO (Monóxido de carbono), CO2 (dióxido de carbono) e CH4 (metano).
O hidrogênio e o monóxido de carbono seriam devolvidos à câmara de combustão. Esse H2 permite que se trabalhe uma ignição menos agressiva, gastando menos energia e melhorando o consumo de combustível, além de reduzir ainda mais as emissões.
Essa é uma forma mais barata de ter um carro com nenhuma – ou quase nenhuma – emissão de carbono sem ter de apelar para células de combustível alimentadas por etanol reformado e transformado em hidrogênio.
Editor de conteúdo
Prefere os hatches com vocação esportiva, ainda que com um Renegade na garagem. Formado em jornalismo na Fiam-Faam, há 10 anos trabalha no setor automotivo com passagens pelo pioneiro Carsale, além de Webmotors e KBB.