Avaliação: Porsche Taycan, elétrico que faz esportivos raiz comerem poeira
O que se esperar de um carro esportivo? Ir de 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos? Ter mais de 500 cv? O Porsche Taycan Turbo S leva o velocímetro de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos, entrega 761 cv de potência, 107,7 kgfm de torque e uma incrível relação peso-potência de 3,02 kg/cv.
Tão impressionante que os 10 segundos que você levou para ler até aqui seriam o suficiente para o Taycan já estar a mais de 200 km/h.
Quantos números para começar um texto.... Pois é, mas é exatamente isso que o Porsche Taycan é, um fascinante conjunto de números que proporcionam sensações transcendentais, encarnados em uma beleza excêntrica.
Trazendo para a literatura, o Porsche Taycan se assemelha a obra-prima Dom Casmurro de Machado de Assis: “Capitu era Capitu, isto é, uma criatura muito particular, mais mulher do que eu era homem. Se ainda não o disse, aí fica. Se disse, fica também. Há conceitos que se devem incutir na alma do leitor, à força de repetição”.
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Há quem conteste seu título de esportivo devido à ausência de um motor traseiro de seis cilindros que equipa seu icônico irmão 911. Ou reclame a falta da sinfonia do ronco do motor. É claro que isso tudo mexe com os sentidos de quaisquer aficionados pelo mundo automotivo.
Mas se dizem que o Porsche Taycan não tem um coração pulsante, em compensação não lhe falta um par de pulmões com fôlego suficiente para devorar a estrada sem sequer demonstrar esforço.
Talvez seja o que explique o fato de ele ser o carro elétrico mais vendido no Brasil de maneira disparada em 2021, vendendo mais do que esportivos tidos como “raiz”, como Jaguar F-Type e Chevrolet Camaro.
Do design ao desempenho, passamos alguns dias com a nova “menina-dos-olhos” da Porsche para esmiuçar tudo que você precisa saber sobre esse carro antes de estacioná-lo na garagem ou de colocá-lo em pauta em uma mesa de amigos. E comecemos pelas curiosidades.
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Curiosidades Porsche Taycan
1. Campeão elétrico de vendas: o Porsche Taycan é o carro elétrico mais vendido no Brasil até o momento. Já foram vendidas 215 unidades no primeiro semestre de 2021. Umas das versões mais emplacadas é justamente a topo de linha, que custa R$ 1.079.000, e que foi a que nossa reportagem avaliou.
Isso significa que o modelo acumula sozinho quase 30% de todos os emplacamentos de carros elétricos no Brasil (739 unidades) no período.
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2. 4 km de autonomia em uma frenagem: a bordo do Porsche Taycan Turbo S não são apenas os números relacionados à aceleração que impressionam, mas os de frenagem também. De acordo com a fabricante, em uma frenagem de 200 km/h a 0 km/h gera até 4 quilômetros extras de autonomia. Lembra de algum sistema de freio regenerativo mais eficiente?
3. Baterias: em forma de bolsa, os 33 módulos de bateria com 12 células cada ficam meticulosamente acomodados no assoalho do carro, contribuindo para diminuir o centro de gravidade. Essa disposição também facilita a manutenção: em caso de defeito, não é necessário trocar um grande bloco da bateria, mas apenas o módulo danificado.
4. Audi e-Tron GT: o modelo da Audi e o Porsche Taycan têm mais do que a motorização e a esportividade em comum. Ambos dividem a plataforma J1. O e-Tron chegou ao Brasil neste ano custando mais do que as versões “básicas” do Taycan. Por R$ 950.000, ele quer roubar consumidores do próprio irmão.
5. Relógio: o característico relógio analógico presente em todos os modelos Porsche também pode equipar o Taycan Turbo, na opção “Sport Chrono Subsecond Titanium & Black”, por singelos R$ 4.625. Nessa configuração, o relógio ganha mostrador radialmente polido em metal verdadeiro, marcadores de horas com elementos Super-Luminova brancos e logotipo 'Porsche Design'.
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6. Pintura de R$ 10.000: no configurador de opcionais do Porsche Taycan é possível personalizar cada detalhe do modelo. São 17 opções só de pintura da carroceria, sendo quatro especiais que custam mais de R$ 10.000, isso sem contar as personalizadas.
É possível configurar absolutamente tudo, das costuras dos bancos a apliques decorativos no console, passando pelo acabamento da chave, de forma que fica difícil encontrar um Taycan exatamente igual ao seu. Tudo é muito exclusivo.
7. Turbo elétrico: há quem questione por que as versões do Taycan têm o sobrenome turbo, já que são 100% elétricas e, logo, não têm motor a combustão, muito menos turbinados. Mas a Porsche já esclareceu que o sobrenome “Turbo” serve apenas para sinalizar as configurações mais potentes do modelo.
8. Baterias de 800 volts: normalmente são usadas baterias de até 400 Volts nos carros elétricos, mas o Taycan tem baterias de 800 Volts, as mais potentes já utilizadas em um carro. A Porsche foi a primeira a alcançar tamanha capacidade em um automóvel feito em série.
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Design: curvas e um belo vestido
Curvas acentuadas formam a carroceria do Porsche Taycan. Sobre o capô, os vincos bem marcados, as laterais sobressalentes e os faróis ousados em LED Matrix trazem uma estética realmente invocada para o modelo, já revelando o que ele é capaz de entregar.
Na lateral, o que mais chama atenção é o belo caimento do teto, digno de um cupê. Sem escapamento, já que o motor é elétrico, todos os olhares se concentram nas lanternas, ligadas uma à outra formando uma única peça. Logo abaixo está carimbado, com letras tridimensionais, o nome da fabricante de luxo.
Nas ruas, alguns carros dão passagem apenas para ver o Porsche Taycan desfilar. Nas calçadas, pessoas viram o pescoço para dar mais uma olhada no cupê de quatro portas. Nos estacionamentos, a alegria dos manobristas só em estacionar o modelo é explícita desde o momento que trocamos o tíquete pela chave.
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Ver é um Porsche Taycan é quase um refrigério, mas entrar em um é um privilégio. Se externamente o modelo já revela o quão caro é, no habitáculo não restam dúvidas de que se trata de um carro com muitos zeros à direita da cifra.
Na versão que testamos, os bancos esportivos tinham acabamento em couro no tom vermelho bordeaux. O motorista conta com 18 vias de ajuste no banco para encontrar a posição milimetricamente ideal.
No painel bicolor, o quadro de instrumento de 16,2 polegadas e a central multimídia de 10,9, com tela auxiliar de 8,4 polegadas, reforçam o design futurístico do Taycan. Como opcional, está disponível uma quarta tela auxiliar para o passageiro dianteiro, o que deixa o carro com estilo de nave.
O ar-condicionado automático tem quatro zonas, uma para cada passageiro. E conta com sistema de fluxo inteligente, no qual é possível selecionar os pontos para onde você quer direcionar o ar, o que é muito funcional, já que uns gostam de direcionar o ar para o tórax, enquanto outros gostam de sentir as rajadas de vento no rosto.
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Os dois passageiros traseiros desfrutam de tanto requinte quanto os ocupantes da fileira dianteira. Controle do ar-condicionado, apoio de braço, porta-copos e muito espaço.
Afinal, estamos falando de 4.963 mm de comprimento, 2.900 mm de entre-eixos, 1.966 mm de largura, 1.378 mm de altura e 366 litros de porta-malas. Por baixo do capô, há ainda um compartimento de 84 litros, onde são guardados os carregadores do modelo. Na ausência deles, dá para levar umas mochilas.
Se você puder pagar, será possível deixar a experiência ainda mais interessante no configurador. Uma boa escolha é o teto solar panorâmico. Na verdade, esse é só o começo do que se pode fazer com o seu Taycan.
Desempenho: é preciso tato para domar seus 761 cv
O acelerador é sensível o suficiente para, ao ser pressionado com um pouco mais de veemência, fazer com que todos a bordo grudem suas colunas no encosto do banco instantaneamente. A sensação é das melhores, tudo isso no quase absoluto silêncio, graças aos motores elétricos e ótimo isolamento acústico.
O som de rolagem das rodas no asfalto é um dos fatores que ajudam a perceber o quanto você está ganhando velocidade. O acelerador responde tão rápido que é preciso tato para domar tamanha cavalaria. Para se ter ideia, 1,7 segundo é o tempo necessário para retomar de 80 a 120 km/h.
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Um dos maiores prazeres de dirigir é sentir o carro na mão. Com esse esportivo elétrico, emoção e segurança se unem como em um casamento perfeito. Já entendemos o quão rápido ele pode ser, mas a estabilidade que ele apresenta a velocidades mais altas é fantástica. Até nas curvas mais acentuadas o Taycan se mostra grudado no chão.
São cinco modos de direção: individual, Eco, Range, Sport e Sport Plus. Nos dois últimos o carro fica mais arisco, com a direção firme e pesada, além de suspensões mais rígidas. É aconselhável para uso em rodovias, mas não em vias urbanas ou estradas com irregularidades no asfalto, pois se sente mais os impactos.
Na cidade, onde as lombadas são constantes, é possível ajustar a suspensão para não precisar passar a 3 km/h ou sentir a péssima sensação de raspar o assoalho de um carro de R$ 1 milhão. Se com um modelo popular já é possível sentir a dor da raspada, com um Porsche a vontade é quase de gritar.
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No geral, o Taycan Turbo S faz jus à categoria de esportivos com louvor. É obediente como um cavalo manso, mas veloz e obstinado como um puro sangue de corrida. E o melhor: faz um verdadeiro estardalhaço sem emitir um único sonido.
Motorização: motor elétrico dianteiro com 380 cv e 53,5 kgdm / motor elétrico traseiro com 380 cv e 53,5 kgfm / Potência combinada: 625 cv / Torque combinado: 107,7 kgfm / Potência Overboost 761 cv
0 a 100 km/h: 2,8 segundos
0 - 100 km/h com controle de largada: 2,8 segundos
0 - 160 km/h com controle de largada: 6,1 segundos
0 - 200 km/h com controle de largada: 9,6 segundos
80-120 km/h: 1,7 segundos
Velocidade máxima: 260 km/h
Peso/potência: 3,02 kg/cv
Peso/torque: 21,43 cv/kgfm
Câmbio: automático de duas marchas
Tração: integral
Dados técnicos: direção elétrica / suspensão dianteira independente, braços sobrepostos e mola pneumática incluindo Porsche Active Suspension Management (PASM), e suspensão traseira independente, multibraço e mola pneumática / freios dianteiros e freios traseiros a disco de cerâmica Porsche / rodas: aro 21 / pneus dianteiros 265/35 e traseiros 305/30
Autonomia, forma e tempo de carregamento
Um cupê de quatro portas esportivo zero emissões e com 388 km de autonomia. Dá para ir de São Paulo a Paraty sem parar para recarregar. Essa é uma das maiores preocupações de quem pensa em comprar um carro elétrico: o carregamento.
Para viajar em um carro elétrico, é preciso mapear e calcular bem onde e como recarregá-lo. Hoje, os pontos de recarga em grandes cidades como São Paulo (SP) já não são mais tanto um problema. Shoppings e mercados contam com carregadores rápidos de corrente contínua. É só saber onde eles estão para se livrar de uma enrascada.
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No cotidiano, o ideal é colocar o carro para carregar em casa mesmo, como se faz quando vamos dormir e deixamos o celular carregando. Alguns prédios comerciais também contam com carregadores, assim você pode colocar seu carro para carregar também enquanto trabalha.
Fazemos isso aqui na Mobiauto com os elétricos que pegamos para teste, e foi o que fizemos com o Taycan. Que, por sinal, vem de série com três modelos de carregador: AC, de 22 kW, on-board DC, de 150 kW e 400V, e o carregador doméstico de 11 kW, incluindo plug doméstico ou industrial (saída vermelha, 400V, 5 pinos, 32A).
Confira abaixo os tempos de carregament:
Corrente alternada (AC) com 9.6kW (De 0% até 100%): 10h50
Corrente alternada (AC) com 11kW (De 0% até 100%): 9h
Corrente contínua (DC) com 50kW (WLTP) (até 100km): 31 minutos
Corrente contínua (DC) com 50kW (De 5% até 80%): 1h33
Corrente contínua (DC) com 270kW (De 5% até 80%): 22,5 min
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Principais itens de série Porsche Taycan Turbo S
Dos itens de série, fora os de aparência, os que mais se destacam são os semiautônomos, como assistente de manutenção em faixa, assistente de frenagem de emergência, controle de cruzeiro adaptativo e assistente de estacionamento. Veja a lista:
- Comfort Access (Keyless)
- Espelhos rebatíveis e antiofuscantes
- Maçanetas retráteis
- Porsche Active Aerodynamics com flaps retráteis
- Tampa do porta-malas com acionamento elétrico
- Faróis em LED Matrix com Porsche Dynamic Light System (PDLS)
- Luzes diurnas de 4 pontos
- Pacote interno de luzes
- Ar-condicionado de quatro zonas
- 8 airbags
- Sistema ISOFIX
- Assistente de manutenção de faixa
- Assistência de Frenagem
- Controle de cruzeiro adaptativo
- Park assist com câmera de ré
- Bancos esportivos adaptáveis com 18 vias de ajustes elétricos
- Vidros com laminação para isolamento térmico e acústico
- Volante multifuncional GT com aro em race tex
- Pacote interior em carbono
- Sistema de áudio Burmester 3D
- Interface de acesso ao sistema Apple Car Play
- 2 saídas USB-C no console central e 2 saídas adicionais na traseira
- Porsche Electric Sport Sound
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Porsche Taycan Turbo S vale a pena?
Qual Porsche não vale a pena? Respondendo friamente, estamos falando de um carro de R$ 1 milhão. Quanto esse valor pode te render em um investimento e quanto prazer e gastos um Taycan vai te proporcionar? Somente a sua resposta pode dizer se ele vale a pena ou não.
Agora, se você quer saber o que eu faria com esse dinheiro na mesa... Bem, como eu não tenho uma pista particular para desfrutar tudo que a versão Turbo S pode oferecer, acho que me divertiria com a versão entrada ou, no máximo, com a intermediária 4S, de R$ 699.000, e acharia um destino mais interessante para o restante do valor.
Mas se estamos falando hipoteticamente de uma pessoa para quem dinheiro não é problema, que se preocupa em gastá-lo com um carro que realmente merece e tem onde explorar toda essa cavalaria, considerando ainda os outros esportivos do mercado, minha dúvida é se prefiro um Porsche Taycan Turbo S branco ou cinza gelo metálico.
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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.