Carro automático: vantagens e desvantagens do câmbio automatizado

Veja prós e contras da transmissão automatizada que utiliza uma ou mais embreagens para trocar as marchas

23.09.2021 às 13:47 • Atualizado em 12.11.2024

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Por Fernando Vasconcellos

Atualmente, os carros automáticos já representam mais da metade dos emplacamentos de automóveis e comerciais leves zero quilômetro no Brasil. E, apesar da crescente demanda por esse tipo de transmissão, muita gente ainda acha que câmbio automático é tudo igual.

Já mostramos na Mobiauto como funcionam as transmissões automáticas epicíclicas e continuamente variáveis (CVT). No entanto, existe outro tipo de câmbio que dispensa a intervenção do motorista na hora de trocar as marchas: o automatizado.

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Embora o câmbio automatizado tenha a mesma finalidade das demais caixas automáticas, ele possui uma concepção diferente. No lugar das engrenagens planetárias das caixas com conversor de torque ou das polias ligadas por correia do CVT, o automatizado é construído com componentes semelhantes aos do câmbio manual.

Isso significa que temos eixos e engrenagens que fazem a transição entre as marchas, seguindo a relação de giro entre elas, o virabrequim do motor e as rodas do veículo. A diferença é que, no lugar do pedal de embreagem, é um sistema eletrônico ou eletro-hidráulico que desacopla a transmissão do motor para realizar as trocas.

Como funciona o câmbio automatizado?

Veja prós e contras da transmissão automatizada que utiliza uma ou mais embreagens para trocar as marchas

A transmissão automatizada mais comum no Brasil é a eletro-hidráulica de embreagem única, presente em modelos da Fiat (com as nomenclaturas Dualogic ou GSR) e da Volkswagen (i-Motion).

Esse câmbio era produzido pela Magneti Marelli e dotado de uma central eletrônica que determinava a marcha ideal a ser utilizada de acordo com a pressão no pedal do acelerador, da rotação do motor e da velocidade do veículo.

Já a transmissão automatizada eletrônica trabalha com motores elétricos de corrente contínua, que realizam todo o processo de troca de marchas. O sistema é gerenciado por módulos eletrônicos, que determinam qual marcha deve ser engrenada de acordo com os parâmetros do motor, velocidade e pressão no acelerador.

Câmbio automatizado de dupla embreagem

Há também as transmissões automatizadas de dupla embreagem. Como o nome já diz, esses câmbios utilizam dois eixos primários acoplados a duas embreagens, uma para marchas pares e outra para as ímpares. A principal vantagem desse tipo de sistema é o tempo de troca de marchas, executado em milissegundos.

Mais sofisticados que os automatizados de embreagem única, os câmbios de dupla embreagem são controlados por um sistema mecatrônico eletro-hidráulico composto por atuadores, bomba de óleo e sensores. Audi A3 (S Tronic), Volkswagen Tiguan (DSG) e Caoa Chery Tiggo 8 (Magna) são alguns exemplos de carros equipados com esse tipo de transmissão.

Há ainda os câmbios de dupla embreagem com sistema mecatrônico eletroeletrônico, que utilizam motores elétricos e dispensam lubrificação. O famigerado PowerShift usado nos Ford EcoSport, Fiesta e Focus e Caoa Chery Tiggo 5X (seu câmbio da Magna é uma evolução do próprio Powershift) são exemplos de carros com transmissão de caixa seca.

É diferente dirigir um carro com câmbio automatizado?

Guiar um carro com esse tipo de transmissão é praticamente igual a um modelo automático de conversor de torque ou CVT.

A operação dispensa o pedal de embreagem e os comandos possuem as mesmas funções que a de um automático convencional: P (estacionar), D (dirigir), N (neutro), R (marcha à ré) e, por vezes, S (modo esportivo). Em alguns casos, há ainda o modo de trocas manuais ascendentes e descendentes.

Durante a condução, o motorista percebe alguns trancos durante as trocas de marchas dos câmbios automatizados, devido ao acionamento eletrônico da embreagem. Acelerar o carro de maneira progressiva e suave ajuda a atenuar esses “soluços”.

Já as caixas de dupla embreagem têm funcionamento mais ágil e suave, justamente pelo fato de a marcha seguinte ficar pré-engatada durante a condução do veículo. Por exemplo: quando o câmbio passa da segunda para a terceira marcha, a quarta e quinta já estarão prontas para serem engrenadas e assim sucessivamente com as demais marchas.

Vantagens do câmbio automatizado

1) Menor valor de compra: embora não tenha mais nenhum modelo automatizado de embreagem única zero quilômetro à venda no Brasil atualmente (o último foi o Fiat Cronos GSR, descontinuado em 2020), os carros com esse tipo de transmissão custavam menos do que os automáticos convencionais. Essa diferença se reflete no mercado de usados.

2) Menor consumo de combustível: por serem menores e mais leves que as caixas automáticas, os câmbio automatizados exigem menos esforço do motor para funcionar, roubando menos energia do propulsor e contribuindo para a economia de combustível.

3) Trocas mais rápidas: essa vantagem vale para as caixas de dupla embreagem, uma vez que funcionam com as marchas seguintes pré-engrenadas.

Desvantagens do câmbio automatizado

1) Menor conforto: como explicado anteriormente, os câmbios automatizados de embreagem única provocam trancos durante as trocas de marcha. Nas caixas automáticas isso não ocorre, pois o conversor de torque ou as polias têm funcionamento mais suave.

2) Menor durabilidade: diferentemente dos câmbios automáticos, que são mais robustos e raramente exigem manutenção, os automatizados sofrem maior desgaste dos componentes, principalmente das embreagens.

3) Custo de manutenção: no caso das caixas de dupla embreagem, os reparos costumam ser onerosos devido à complexidade do sistema. Já os de embreagem única podem apresentar custos menores por terem componentes idênticos aos do câmbio manual.