Chevrolet Omega GL foi básico que antecipou as exigências atuais do mercado
Após o encerramento da produção da linha Opala em 16/04/1992, a GM lançou o Chevrolet Omega, modelo considerado pelo próprio marketing da marca como “Absoluto”. Pudera, trazia conceitos não vistos em nosso mercado, mesmo com um projeto já antigo datado de 1986 na Alemanha. O novo sedanzão vinha, claro, para ocupar o lugar do Opala.
Com a abertura das importações na mesma época e modelos mais modernos da América do Norte, Europa e Ásia transitando em nossas ruas, como Ford Taurus, Alfa Romeo 164, Honda Accord e Toyota Camry, por exemplo, o GM Omega tinha concorrência de peso, mas a GM contava com um produto digno de ser chamado de carro de luxo no Brasil.
A station Suprema demorou um pouco mais para ser lançada, e apesar de ser apresentada no Salão do Automóvel de 1992, chegou ao mercado em abril de 1993, deixando a concorrência nacional automaticamente ultrapassada. VW Quantum e Ford Royale eram suas principais concorrentes também feitas no Brasil.
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Omega e Suprema introduziram tecnologias inexistentes nos demais modelos nacionais daquela época. Dentre suas qualidades, destacavam-se o bom perfil aerodinâmico, a excelente performance de seus motores de 4 e 6 cilindros em linha, a segurança, o conforto e a qualidade empregada no acabamento. Era tanto esmero que os Chevrolet podiam trazer uma tecnologia Anti Odores, com a qual era possível fumar um charuto dentro do carro sem deixar cheiro. Acreditem meus amigos, eram outros tempos. E a tecnologia funcionava.
A tração também era traseira, como no antigo Opala, e a suspensão traseira da perua contava com um sistema de nivelamento pneumático constante, que deixava sua traseira sempre nivelada, na altura correta, independentemente da quantidade de carga no seu porta-malas, que tinha 540 litros de capacidade.
A versão GLS trazia como itens de série bancos dianteiros reclináveis e banco traseiro rebatível com apoio de cabeça, cintos de segurança de três pontos dianteiros e traseiros com regulagem de altura, temporizador do limpador/lavador do para-brisa, temporizador do limpador/lavador e desembaçador do vidro traseiro, vidros verdes, retrovisores externos com controle remoto manual, advertência sonora de faróis ligados, luz de neblina traseira e freios ABS.
Como opcionais, rodas de liga-leve, trio elétrico, controle antiesmagamento nos vidros, regulagem elétrica dos faróis, regulagem da coluna de direção, sistema de verificação das funções mecânicas, computador de bordo, rede de proteção separando o bagageiro do habitáculo, ar-condicionado, teto solar elétrico, alarme e regulagem automática de altura da suspensão traseira. Sim, os primeiros Omega e Suprema GLS tinham de série rodas de ferro com calotas.
Em 1993, com Omega e Suprema ainda começando sua carreira de sucesso, foram apresentados os modelos 2.0 a etanol, tanto na versão sedan quanto na versão station. Era o primeiro veículo movido a etanol com injeção eletrônica no mundo. A nova potência divulgada era de 130 cv a 5.400 rpm, com 18,6 kgfm de torque a 4.000 rpm. À época este era o motor de 4 cilindros com 8 válvulas mais potente fabricado em série no mundo. Por falta de uma, ele tinha duas primazias.
Para a linha 1994 chegava a versão GL (Grand Luxe), mais simples da linha, que pretendia combater o sucesso de VW Santana, Ford Versailles e Fiat Tempra de entrada, e também atender os anseios de frotistas (taxistas, órgãos públicos e afins). Com motor 2.0 MPFI, quando movido a etanol podia acelerar de 0 a 100 km/h em 11,8 s, chegando aos 186,5 km/h de velocidade máxima, números respeitáveis para a época. Não era muito econômico na cidade, com média de 5,72 km/l, mas consumia quase a metade disso na estrada (10,06 km/l). Graças aos generosos 75 litros de capacidade no tanque, tinha boa autonomia, e conseguia viajar para longe sem reabastecer.
Se comparada a versão seguinte GLS, a GL era bem mais despojada: não trazia cromados em seu acabamento, tão menos pintura nos para-choques, grade, retrovisores e maçanetas. Identificado pela logotipia nos paralamas, era mais sóbrio, mas suas linhas, modernas para aquele tempo, o mantinham imponente. Para baratear a produção, a linha GL trazia sempre rodas de ferro cobertas com calotas, as mesmas usadas na linha GLS de 1992 e 1993, calçadas com pneus 195/65R15.
Foto: Reprodução/Leonardo França
Mesmo considerado básico, os GL tinham bancos dianteiros reclináveis com regulagem de altura para o motorista, cintos de segurança de três pontos dianteiros com regulagem de altura, temporizador do limpador/lavador do para-brisa, retrovisores externos com comando manual, rádio toca-fitas com 4 alto-falantes, porta-fitas, direção hidráulica, luz de neblina traseira e iluminação dedicada ao porta-malas e motor. De série, a versão trazia manivelas ao invés dos levantadores elétricos para as quatro portas, vidro traseiro liso (sem desembaçador elétrico), enquanto o banco traseiro era inteiriço, sem nenhum apoio de cabeça nem apoio central para os braços, com os três cintos de segurança traseiros abdominais.
Por outro lado, o Omega GL podia ficar mais recheado com ar-condicionado, travas elétricas, vidros elétricos, vidros verdes com para-brisas degradê, desembaçador do vidro traseiro, repartição do banco traseiro, além da pintura metálica ou perolizada, que eram itens oferecidos opcionalmente.
Seu acabamento era simples, mas de ótima qualidade de construção, com os mesmos bancos confortáveis de versões superiores, forrados com um veludo elegante. Os forros de porta tinham acabamento simples, e não acompanhavam o padrão dos bancos. Já no porta-malas estava o carpete apenas no assoalho, sem cobertura no estepe, com forração lateral em uma espécie de papelão.
Foto: Reprodução/Leonardo França
No painel de instrumentos faltava o conta-giros, ainda que velocímetro com hodômetro parcial e marcação de até 220 km/h, marcador de combustível, termômetro do motor e luzes-espia estivessem lá. No lugar do computador de bordo estava um relógio analógico, próximo aos comandos de ar-condicionado e toca-fitas. O GL não dispunha, nem opcionalmente, de itens como regulagem de altura da coluna de direção, freios ABS, rodas de liga-leve ou mesmo teto-solar, itens encontrados nas versões superiores.
A partir do segundo semestre de 1994, a GM lançava a linha 1995. A grande novidade era a substituição dos motores 2.0 e 3.0 pelos novos 2.2 de quatro cilindros, com 116 cv de potência a 5.200 rpm e 20,1 kgfm de torque a 2800 rpm, e 4.1L de seis cilindros em linha, com 168 cv a 4.500 rpm e 29,1 kgfm de torque a 3500 rpm, respectivamente.
Com o motor 2.2, a versão GL era destinada praticamente a frotistas, e hoje é ainda mais rara que a GL 2.0. Quando movida a gasolina, tem a mesma potência da 2.0 (116 cv), mas com 20,1 kgfm de torque, ante os 17,3 kgfm da anterior. Ou seja, era um carro mais ágil, correndo até os 191,4 km/h e acelerando de 0 a 100 km/h em 11,5 s, consumindo 6,5 km/l na cidade e 11,8 km/l na estrada. Com o novo motor 2.2, o Omega GL tinha suas vendas focadas quase que unicamente a taxistas, órgãos públicos, diretorias de empresas etc., frotistas no geral, conforme disse o ex-engenheiro da General Motors do Brasil Gerson Borini, que colaborou com algumas informações para esta matéria.
Em meados de 1995, a versão GL foi descontinuada. Hoje continuam registradas 1.369 unidades fabricadas em 1994, e apenas 367 unidades fabricadas em 1995, ainda em circulação. Muitos desses carros tiveram vida curta, ou foram “aposentados” cedo, por conta do uso mais severo nas mãos de motoristas de taxi, funcionários públicos, oficiais de polícia, funcionários de empresas diversas e por aí vai. Achar, por exemplo, um Omega GL 2.2 atualmente é praticamente impossível, dada sua produção em menor escala.
Hoje, um carro destes não faria sentido (sedan grande e de categoria de luxo, mas básico de equipamentos), porém o Omega GL foi o modelo básico que antecipou tendências, já que qualquer veículo atual, por mais simples que seja, oferece no mínimo os itens de conforto que o GM trazia na sua época.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.
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