Renault Clio “O Boticário”: como era a versão limitada com perfumaria de sobra do sedan
O Renault Clio já era comercializado no Brasil, vindo da Argentina,
desde 1996, mas três anos depois ganhou nova geração no mercado nacional. O
hatch passou a ser produzido em São José dos Pinhais (PR) nas versões RL (“Rank
Low”, ou “Nível Baixo”), RN (“Rank Normal”, ou “Nível Normal”) e RT (“Rank
Top”, “Nível Máximo”), com o motor 1.0 8v de não mais que 59 cv de potência a 5.500
rpm e 8,3 kgfm de torque a 4.250 rpm ou 1.6 8v de 90 cv a 5.250 rpm e 13,5 kgfm
a 2.500 rpm, permitindo melhores índices de aceleração e desempenho para as
versões RN e RT, únicas que tinham a opção do 1.6.
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O modelo encantava seu público com sua segurança, onde todas as versões ofereciam barras de proteção lateral, travas de segurança para crianças nas portas traseiras, airbag frontal duplo, apoios de cabeça traseiro, cintos de segurança com limitador de esforço integrado, além de cintos laterais traseiros de 3 pontos e retráteis, ar quente e reostato para as luzes do painel, tudo isso de série.
Hoje pode parecer utópico, mas, àquele tempo, os airbags eram opcionais caros e geralmente restritos a versões mais luxuosas, por exemplo. O Clio foi o primeiro do segmento a oferecê-los de série, desde a versão básica RL, e um dos pioneiros na venda de carros 0 km pela internet com a série Yahoo!.
A família cresceu em setembro de 2000, quando chegou ao mercado o Clio Sedan, com as mesmas virtudes do hatch, porém acomodando muito mais bagagens no porta-malas: eram 510 litros de capacidade do espaço, no total. Pouco mais de um ano e meio depois, aproveitando ainda a fase de sucesso da carroceria de três volumes, a Renault lançava no dia 09 de maio de 2002 o Clio Sedan O Boticário, em parceria com a fabricante de cosméticos.
Com o sedan de série limitada, a Renault pretendia aumentar sua participação de mercado no segmento dos 1.0 nacionais, e previa bastante propaganda indireta através da rede de lojas O Boticário, que também divulgava o lançamento. Três unidades do carro, inclusive, foram sorteadas para clientes da empresa de cosméticos em uma promoção especial de lançamento, em conjunto com um novo perfume.
Baseada na versão RN, intermediária, a série vinha com motor 1.0 16v de 70 cv de potência a 5.500 rpm e 9,5 kgfm de torque a 4.200 rpm, e era bastante completa. Além do conteúdo padrão da RN em sua configuração mais completa (airbag duplo dianteiro, barras de proteção laterais e cintos de segurança dianteiros com pré-tensionadores, ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros elétricos, volante com regulagem de altura, travas elétricas das portas, conta-giros, temporizador da iluminação, “brake-light”, para-choques na cor da carroceria, desembaçador do vidro traseiro, bloqueio de ignição e rodas aro 14 com calotas), o Clio Sedan O Boticário adicionava itens exclusivos: para-sol do lado do motorista com espelho, ideais para quem quisesse se maquiar antes de algum compromisso, uma "necessaire" no porta luvas, além do revestimento dos bancos com veludo especial, que não desfiava roupas.
O cuidado estava em todos os detalhes, incluindo no posicionamento dos emblemas que identificavam a edição limitada (um em sua lateral direita e outro na tampa do porta-malas), e na paleta de cores (Branco Glacier, Prata Boreal, Cinza Eclipse, Vermelho Cereja e Verde Epicéa), a modo de atender a seu exigente público, que pagava R$ 23.990 pelo carro, equivalentes hoje a cerca de R$ 84.500.
A primeira edição da série especial deu tão certo que, em maio de 2004, há duas décadas, ela era reeditada na primeira reestilização do Clio Sedan, com 2.100 unidades divididas em duas motorizações: 1.150 delas eram 1.0, como na primeira edição, e as demais 950 traziam o moderno 1.6 debaixo do capô. Com a nova nomenclatura da Renault, agora a edição se baseava na versão Expression da carroceria de três volumes, equivalente a antiga RN, e a marca planejava esvaziar seus estoques da série em um prazo de cinco meses (as vendas começaram dia 30 de maIo).
Uma opção trazia o 1.0 16v D4D que rendia 70 cv de potência a 5.800 rpm com 9,5 kgfm de torque a 4.200 rpm (a Renault dizia que 90% da força já vinha aos 2.700 rpm), permitindo que o modelo acelerasse de 0 a 100 km/h em 15 s e atingisse os 162 km/h de máxima, conseguindo médias de até 13,4 km/l na cidade e 19,7 km/l na estrada, segundo dados oficiais da época.
A outra opção era a do motor 1.6 16v, K4M, mesmo dos Scénic e Mégane, com até 110 cv de potência a 5.750 rpm e 15,2 kgfm de torque a 3.750 rpm, levando o compacto sedan especial de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos, com máxima de 192 km/h. O consumo, pelos dados de fábrica, era de 11,3 km/l urbano e 16,5 km/l rodoviário, sempre com gasolina no tanque. Ambos, 1.0 ou 1.6, tinham transmissão manual de cinco marchas, variando apenas suas relações.
Sua lista de equipamentos não era muito diferente daquela encontrada no Clio Sedan o Boticário de 2002: incluía ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros elétricos, coluna de direção ajustável em altura, travas elétricas, desembaçador traseiro, conta-giros, brake-light, para-choques pintados, rodas aro 14 com calotas, airbag duplo e o novo visual da linha. Também estavam nessa segunda edição o para-sol com espelho no lado do motorista, os bancos forrados no veludo especial que não desfiava roupas, e o emblema característico da série na tampa traseira e na lateral direita, porém, como novidade, maçanetas internas feitas em plástico prateado que imitava alumínio.
Completa assim, ainda era cerca de R$ 1.000 da época mais barata que sua “base” Expression, apostando na boa relação custo X benefício. De quebra, trazia sempre cores metálicas para sua carroceria sedan, quer fosse movida pelo motor 1.0 16v ou pelo 1.6 16v. Eram quatro tons disponíveis: Preto Nacré, Prata Boreal, Bege Steppe e Verde Abysse.
Ao som de “Zazoeira”, de Jorge Ben Jor, o comercial de lançamento dessa segunda edição mostrava algumas fases da mulher brasileira. Também surgiram encartes especiais para as revistas Época e IstoÉ, um minisite exclusivo da série na internet, anúncios de página dupla nas principais publicações do país, além de ações de merchandising nos programas de televisão apresentados por Adriane Galisteu, Sabrina Parlatore, Marília Gabriela e Astrid Fontenelli.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.