VW 1600 foi sedan de quatro portas e base de Fusca
Lançado na versão sedan no final de 1968, o VW 1600L, foi o primeiro modelo da nova família de veículos a ser lançado. Usando a base do VW Sedan, conhecido popularmente como Fusca (nome que só seria oficial em 1984), o modelo trazia linhas modernas e muita comodidade. Era um sedan legítimo, e tinha 4 portas, com porta-malas na dianteira e o motor, refrigerado a ar, na traseira.
Conhecido popularmente como “Zé do Caixão”, seu apelido era uma alusão aos caixões, por conta de suas maçanetas que lembravam alças dos caixões, e sua forma mais quadrada, em compasso com os lançamentos mais recentes do mercado nacional dos anos 60.
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Seu chassi era o mesmo do modelo 1300, com algumas diferenças em seus pontos de fixação da carroceria e formato. Hoje, é muito comum o aproveitamento de plataformas, uma concepção que reduz custos e propicia uma variedade de modelos aos clientes.
Usando predicados conquistados pelo Sedan 1300, o modelo trazia argumentos de sua eficiência mecânica, longa durabilidade, conforto graças ao melhor aproveitamento de espaço, confiabilidade de seu robusto sistema de suspensão e baixo custo de manutenção, este, argumento de peso por muitos anos de quem escolhia um Volkswagen.
Seus bancos dianteiros traziam regulagens de distância do acento e do encosto (sim, isso era um argumento de venda), permitindo maior controle do veículo. Seu volante, o mesmo do Sedan 1300, tinha bom raio de curvatura, apesar de grande, mas agradava. Já os pedais, eram deslocados à direita, como a maioria da linha VW até hoje, proporcionando viagens incômodas dependendo do biotipo do motorista. Há quem goste.
Sua visibilidade era bastante elogiada, com uma área envidraçada digna de dar inveja a qualquer modelo moderno. Melhor que ele, somente o DKW Fissori, modelo praticamente sem pontos cegos, descontinuado um ano antes após a incorporação da marca pela VW.
Seu banco traseiro acomodava três pessoas com relativo aperto, afinal, não havia milagres, já que seu entre eixos era quase o mesmo do “Fusquinha”, sendo 2,45m de comprimento para o 1600 e 2,40m para o 1300, porém, suas quatro portas garantiam acesso fácil, e tinham bom ângulo de abertura.
Seus faróis eram grandes, e garantiam uma boa iluminação nas escuras estradas do Brasil daquele tempo. Seus instrumentos eram o mínimo necessário, com velocímetro, hodômetro total até 99.999km, luzes espia e marcador de combustível. Como opcional, podia vir com um relógio. O modelo não tinha local para instalação de rádio, obrigando seus proprietários a improvisar, instalando o modelo pendurado, abaixo do painel, ou em consoles de madeira confeccionados pelas lojas de acessórios. O modelo era considerado silencioso, mesmo em alta velocidade, com um acabamento fono acústico de qualidade.
O motor era o mesmo do modelo 1300, com troca dos Kits de cilindros. Seu 1600 de 50,4 cv ABNT (60 cv SAE) a 4600 rpm e 11,5 kgfm de torque a 2.400 rpm e carburação simples era capaz de levar o modelo de 0 a 100 km/h em 22,8 s e 130,9 km/h de velocidade máxima, números bastante aceitáveis para àquele tempo. Famoso por seu alto torque e rendimento, o modelo não era muito econômico, fazendo médias entre 6,5km/l na cidade e 9,5km/l na estrada, com gasolina comum.
Àquele tempo, as trocas de óleo eram mais frequentes, recomendadas pelo fabricante a cada 2.500 km, sendo recomendada a verificação do nível a cada 1.250 km. Isso se devia ao fato de, naquele tempo, o modelo ainda não possuir filtro de óleo. Era recomendada a troca do filtro de ar a cada troca de óleo, ou seja, também a cada 2.500 km.
A troca do óleo de transmissão, que não era do tipo Long-life (que não requer trocas), ocorria a cada 12.500 km, e era recomendada a lubrificação do sistema de suspensão a cada 10.000 km. Acredite caro leitor, a maioria dos carros seguiam esses prazos. E olha que hoje em dia, há pessoas que se esquecem de trocar o óleo do motor, que em média, ocorre a cada 10.000 km. Sim, as coisas mudaram muito.
No decorrer de 1969 foi lançada a versão station wagon Variant, com o famoso “motor plano” e 2 porta-malas. Seus comerciais ressaltavam esta vantagem, com capacidade de armazenamento de 701 litros de capacidade, sendo 434 litros do porta-malas traseiro e 267 litros do porta-malas dianteiro. Nesse meio tempo, a versão sedan sofria com números de venda muito abaixo do esperado, e a Volkswagen precisava substituí-lo.
A família estaria completa no ano seguinte, com o lançamento do VW TL (Turismo Luxo) em 1970. Com linhas elegantes e fluídas, o modelo logo caiu nas graças dos consumidores, que se encantaram com seu estilo esportivo
Apesar de eficiente, o modelo não caiu nas graças do público, que àquela época valorizava os modelos com 2 portas, que tinham um aspecto visto como esportivo. Nem mesmo a maioria dos taxistas se renderam ao modelo, já que a concorrência tinha produtos mais modernos como GM Opala e Ford Corcel, lançados na mesma época.
Em 1971, o modelo VW 1600L finalmente saia de linha após apenas 38.028 unidades fabricadas, e na sequência, a Volkswagen lançava seu substituto, o VW TL 4 portas, apresentado em junho do mesmo como linha 1972. Os demais modelos da linha recebiam seu primeiro e único facelift, com uma frente em cunha que seria amplamente explorada por demais modelos lançados depois como os VW SP1/SP2, VW Brasília e VW Variant II.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."