Fiat Oggi Pierre Balmain foi série especial de grife limitada a 50 unidades
O primeiro sedan da Fiat no Brasil foi lançado em 1983 e se chamava Fiat Oggi (hoje em italiano). Derivado do Fiat 147, era o 4º lançamento da marca de uma mesma família de carros, e disputava um segmento de sedans compactos, que hoje perde força. Concorria com VW Voyage, GM Chevette e Ford Escort, este um dois volumes e meio.
O modelo era construído a partir da plataforma do Fiat Panorama, e trazia inicialmente uma versão de acabamento intitulada CS. Com melhor espaço interno para os ocupantes do banco traseiro se comparado ao hatch, trazia câmbio de 5 marchas de série, 440 litros de capacidade no porta-malas e muito carisma.
Trouxe inovações técnicas, como o sistema cut off (comum atualmente em injeção eletrônica), um dispositivo acoplado ao carburador comandado por uma pequena central eletrônica que corta o fornecimento de combustível de marcha lenta em desacelerações (freio motor).
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Para a época, seu motor de 1.300 cm³ de cilindrada (1.297,4 cm³) não decepcionava. Trazia maior taxa de compressão (8:1 ante 7,5:1 do Fiat 147) no modelo à gasolina, rendia 61 cv SAE (57 cv ABNT) a 5.200 rpm e 11,53 kgfm de torque a 3.000 rpm, fazia de 0 a 100km/h em 16s82 e chegava a 147 km/h de velocidade máxima. Seu consumo, melhor que os primeiros 1.0 dos anos 90: 11,14 km/l na cidade e 15,46 km/l na estrada.
Com etanol, o modelo apresentava bons números. Seu motor rendia 62 cv SAE (58 cv ABNT) a 5.200 rpm e 11,53 kgfm de torque a 3.000 rpm, fazia de 0 a 100 km/h em 15s83 e chegava a 149 km/h de velocidade máxima. Seu consumo era de 8,46 km/l na cidade e 12,75 km/l na estrada. A versão a etanol trazia a válvula "Thermac", encarregada de levar ar aquecido pelo coletor de escapamento para o motor durante a fase de aquecimento.
A suspensão também era diferente. Bastante macia se comparado ao 147, as molas dianteiras da Panorama foram substituídas pelas da Fiorino, e os amortecedores dianteiros e traseiros foram recalibrados, privilegiando o conforto. O comportamento em curvas era o mesmo do 147, referência em estabilidade àquele tempo. Suas rodas eram de 4,5 polegadas de tala, ante 4,0 do hatch.
Com 22,4 cm a mais que o Fiat Spazio e 147, o modelo não era difícil de estacionar, mesmo dotado de sistema de direção mecânica. Em curva fechadas, o modelo tendia a sair de frente no começo e de traseira quando se acelerava com força, porém com fácil correção.
Seus freios eram bastante eficientes, parando o sedan sem desvios de trajetória e em espaços normais até para os dias de hoje (49,5 m a 100 km/h), principalmente se considerarmos que o modelo usava discos sólidos e não tinha ABS.
Como opcionais, o modelo oferecia vidro traseiro com resistência térmica, vidros laterais com abertura basculante, relógio, cinto de 3 pontos e bancos com encosto reclinável de regulagem contínua, além de ignição eletrônica para os modelos movidos a etanol.
Em 1984 foi lançada a versão especial "Pierre Balmain", homenagem ao estilista francês Pierre Alexandre Claudis Balmain, limitada a apenas 50 unidades. Fabricado de janeiro a março daquele ano, o Oggi série especial era disponível apenas na cor dourado "bege áureo" e tinha como diferenciais seu acabamento interno monocromático, onde painel, volante espumado de 4 raios, carpete e cintos de segurança vinham na cor marrom. Unindo equilíbrio e sobriedade, eram da mesma tonalidade os para-choques, grade, calotas centrais, frisos e plásticos externos.
Com interior bem-acabado, seus bancos eram de veludo monocromático. Seguiam a mesma padronagem os forros traseiros laterais e forros de porta, que tinham também porta-trecos. Sem opcionais, o modelo derivado da versão CS oferecia também itens como servofreio, retrovisores externos com comando manual, vidros verdes, desembaçador traseiro, porta-malas acarpetado, pré-instalação para rádio e câmbio de 5 velocidades.
Identificando a versão, o modelo trazia também o símbolo PB da grife no painel, para-sol e carpete, além da logotipia com a assinatura do estilista nos frisos laterais e 2 malas da grife do estilista em couro no porta-malas, de muito bom gosto.
Apesar das vantagens irrefutáveis e de ser bom nas pistas graças à versão CSS, primeiro esportivo homologado pela marca ao qual falarei mais para frente, o Fiat Oggi não fez muito sucesso, provavelmente pelas críticas à sua traseira alta e retilínea destoar bastante do conjunto. Saiu de linha em 1985 com 20.083 unidades vendidas, substituído pelo Fiat Prêmio.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.