Fiat Spazio TR foi o último (e raro) 147 esportivo

Apesar de ser considerado esportivo, o 0 a 100 km/h era feito no mesmo tempo de um carro 1.0
LA
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04.06.2024 às 22:10
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Apesar de ser considerado esportivo, o 0 a 100 km/h era feito no mesmo tempo de um carro 1.0

O Fiat 147 foi o primeiro carro produzido pela Fiat do Brasil entre 1976 e 1986, baseado no 127 italiano. O excelente aproveitamento de espaço interno, a economia e a excelente estabilidade, fez dele um carro que redefiniu conceitos e entrou para história.

Em 1978 ganhou o título de Carro do Ano pela Revista Auto esporte, e em 1979, inaugurou o carro movido a Etanol no Brasil, inaugurando na linha a versão com 1.300 cilindradas. Este motor tinha 62 cv SAE* (55 cv ABNT) a 5.200 rpm, 11,53 kgfm de torque a 3.000 rpm, fazia de 0 a 100 km/h em 18s12 e atingia 139 km/h de velocidade máxima. Seu consumo era muito bom para o primeiro motor a etanol fabricado no Brasil: 6,95 km/l na cidade e 10,15 km/l na estrada. Com um tanque de 38 litros de capacidade, sua autonomia era de 385 km em estrada. O motor a etanol era disponível para qualquer versão da linha.

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Ainda em 1979, eram lançadas as versões GLS e Rallye, o primeiro esportivo da linha. Dotado do mesmo conjunto motriz a etanol, e a gasolina, o Rallye tinha 61 cv SAE* (54 cv ABNT) a 5.400 rpm, 9,9 kgfm de torque a 3.000 rpm, fazendo de 0 a 100 km/h em 17 s e atingindo 140 km/h de velocidade máxima. Seu consumo era de 9,85 km/l na cidade e 14,84 km/l na estrada. Com um tanque de 38 litros de capacidade, sua autonomia era de 563 km em estrada.

Com a evolução da linha em meados de 1980, o modelo passava por evoluções, recebendo novas cores, novos revestimentos ainda em veludo monocromático, para-choques de plástico e grande também monocromáticos, retrovisor do lado direito, spoiler dianteiro do modelo Rallye, além do design mais moderno com uma frente mais baixa, dotada de faróis e grade inclinados, no estilo que a marca chamou "Europa" em 1980. O modelo básico continuou com a aparência antiga até o final de 1981.

Em 1981, houve um realinhamento da linha e o modelo GLS era descontinuado para dar lugar a algumas edições especiais, como o Fiat 147 500.000, modelo que comemorava as 500 mil unidades fabricadas no Brasil, e em 1982, o Fiat 147 Top, este dotado de evoluções no interior que já eram conhecidas no Fiat Panorama. Ainda em 1982, o modelo básico, rebatizado de 147C ganhava a frente Europa, como o restante da linha, mas mantinha o antigo anterior.

No final do mesmo ano, era apresentada a segunda reestilização como linha 1983, que foi chamada de "Spazio", incorporando um estilo alusivo a modelos contemporâneos da marca. Ganhava nova frente com novos faróis, setas, nova grade, além de para-choques envolventes. Na traseira, novas lanternas com luz de placa embutida no conjunto, novo painel traseiro e para-choques envolventes.

Internamente, o modelo ganhava novo quadro de instrumentos, e novo painel, com novas entradas de ar, novo posicionamento do rádio e porta-luvas aberto, um conceito duvidoso. Apesar de muito bonito, pecava em não oferecer iluminação noturna para as teclas de acionamento do pisca-alertas e do desembaçador do vidro traseiro. As saídas de ar viciado migravam das colunas traseiras para as portas.

A coluna de direção era rebaixada em 3 cm, melhorando e muito a posição de dirigir graças à nova posição do novo volante, desenhado por Bertone e já utilizado pelo Fiat Panorama desde 1980. Eram novos também os retrovisores externos, bancos dianteiros com 6 posições de regulagens (ante 4 do modelo anterior), além de receber um vidro traseiro maior no porta-malas. Vale destacar que a suspensão era mais macia ante a suspensão da linha anterior, e a experiência ao rodar era outra.

Mecanicamente, trazia a opção de 5 marchas, tornando-se, na versão 1050 a gasolina, o carro mais econômico do Brasil. O confiável motor Fiasa de 1048,8 cm³ de cilindrada (1050 para os íntimos) a gasolina tinha 52 cv ABNT a 5.600 rpm e 7,8 kgfm de torque a 3.200 rpm, alimentado por um carburador de corpo simples e fluxo descendente. Com desempenho modesto, acelerava de 0 a 100 km/h em 19,56 s e chegava a 135 km/h de velocidade máxima. Em contrapartida, era bastante econômico, com médias de 12,27 km/l na cidade e 16,64 km/l na estrada, médias encontradas hoje em modernos motores de aspiração natural com 3 cilindros.  Sua autonomia era maior, já que o tanque passava de 43 para 53 litros de capacidade.

A versão CL era a básica e a luxuosa passava a ser identificada pela CLS, oferecendo como itens de série servo-freio, interior monocromático, vidros verdes, desembaçador traseiro, além de apliques plásticos nos para-lamas e molduras laterais maiores, deixando o modelo com uma aparência mais robusta. A versão esportiva agora era denominada TR, abreviação de Turismo Racing.

O Spazio TR trazia itens exclusivos como ponteira dupla de escapamento, faróis de neblina embutidos dos para-choques, os além de apliques plásticos nos para-lamas e molduras laterais maiores e os 2 aerofólios traseiros, sendo um na tampa do porta-malas, apenas decorativo, e outro no teto, este sim funcional.

Mecanicamente, o modelo trazia a receita já consagrada dos demais esportivos da marca: o motor Fiasa 1300 a gasolina, dotado de carburador de corpo duplo e 72 cv SAE (61 cv ABNT) a 5.800 rpm e 10,8 kgfm de torque a 4.000 rpm, capaz de levar o bólido de 0 a 100km/h em 15,9 segundos e a 149 km/h de velocidade máxima. Seu câmbio de relações curtas o tornava muito divertido de dirigir, e mesmo com respostas imediatas a partir de 2.500 rpm, não aumentava seu consumo, fazendo 10,4 km/l na cidade e 16,3 km/l na estrada.

Seu interior tinha volante esportivo de 4 raios vindo do modelo Racing, conta giros, marcador de nível de combustível, termômetro do motor, voltímetro e manômetro de pressão do óleo. Os bancos dianteiros, diferentemente das demais versões, tinham apoios de cabeça integrados e melhor suporte lateral, afinal, mesmo dotado de pneus 145SR13, sua excelente distribuição de peso (60% no eixo dianteiro e 40% no eixo traseiro) o tornava bastante arisco nas curvas. Os cintos de segurança dianteiros eram de 3 pontos e retráteis e seu baixo nível de ruído agradava bastante na estrada. Caro, o modelo custava em fevereiro de 1983 exatos Cr$ 2.493.930,00, ou R$ 91.908,17 de acordo com o índice IPCA (IBGE) de setembro de 2023.

Disponível nas cores Vermelho Nearco e Preto Etna (sólidas), Cinza Argento, Verde Araruama e Cinza Basalto (metálicas), o Spazio TR foi oferecido até meados de 1984, quando as últimas unidades foram entregues com motor movido a etanol e carburação de corpo simples.

 Substituído pelo Uno SX (link), o Spazio TR é sem dúvidas o 147 esportivo mais raro já fabricado, afinal, de acordo com o DENATRAN, existem hoje apenas 166 unidades emplacadas, sendo 154 ano 1983 e 22 unidades ano 1984.

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Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência.  Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.

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